“Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” Atos 4.20
Quando nós falamos da nossa vida de comunidade, do exercício prático da nossa vivência de fé, nos mais diferentes grupos de trabalho, qual é o testemunho que nós damos para as pessoas que não participam destas atividades? Para ajudar nesta reflexão, deixe-me apresentar uma simbologia:
Sou pastor numa pequena comunidade no centro do Rio Grande do Sul e nesta época de inverno costumamos saborear o pinhão, fruto da araucária, que amadurece no inverno.
O pinhão fica escondido dentro da pinha, que, além do pinhão, tem uma porção de sementes chochas, que não servem para nada.
No meu tempo de infância, muitas vezes saía para procurar pinhões nos pinheirais e aí, no meio das sementes chochas, catava os frutos de pinhão e enchia os bolsos para poder levá-los para casa para depois assá-los e dividir com a família em volta do fogão à lenha. Os pinhões chochos, o bagaço, este eu deixava no campo, pois não tinha serventia nenhuma.
A vida de comunidade e os trabalhos nos diferentes setores da comunidade podem ser comparados a uma pinha, dentro da qual encontramos sementes - alimento precioso para a nossa vida. Com certeza, também acontecem fatos que não frutificaram e que não deram certo.
O que levamos para casa para nos alimentar e testemunhar para as pessoas com as quais convivemos? Levamos e espalhamos o “pinhão” bom ou enchemos os nossos bolsos e a nossa boca com aquilo que nada constrói, que somente ocupa espaço e tempo, mas não ajuda a edificar nada? Ainda temos olhos para enxergar os frutos bons que estão no meio de nós ou somente conseguimos enxergar as coisas negativas?
Certo dia uma diaconisa, recém formada foi trabalhar num ancionato. Cada dia ela visitava os idosos e procurava trazer um pouco de alegria para eles. Perguntava a eles como tinham passado o dia e, para a sua surpresa, todos somente reclamavam da vida. Isto foi assim por duas semanas e aí a jovem diaconisa foi falar com a sua superiora e pediu que ela a transferisse de setor, pois na agüentava mais todas estas lamentações. A superiora pediu à jovem que ela fizesse uma nova experiência com os idosos: quando ela fosse perguntar aos idosos de como tinha sido o dia e quando eles começassem a reclamar, que ela entregasse a cada um deles uma folha e uma caneta e desafiasse a cada um deles a lembrar das coisas boas que tinham acontecido neste dia e também em sua vida e que no dia seguinte ela iria recolher esta folha. Aos poucos esta nova iniciativa começou a surtir efeito e os idosos começaram a dirigir os seus olhos para as coisas boas que eles tinham experimentado, e que não eram poucas, e assim o mar de lamentações começou a se transformar num canto de louvor.
“Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”. Que testemunho nós damos em nossa vida? O nosso testemunho anima as pessoas a entregarem a sua vida a Deus e a se integrarem na vida da comunidade, ou...
Que Deus te conceda olhos claros para poderes enxergar as maravilhas que ele opera entre nós a cada dia e que Ele liberte a tua língua, para que saibas louvar e enaltecer o seu santo nome. Amém.
Pastor Bruno Ari Bublitz
Restinga Seca/RS
Representante Sinodal no Conselho de Igreja
Sínodo Centro-Campanha-Sul