Advento - Natal - Epifania



ID: 2655

Salmo 147.12-20

Auxílio Homilético

04/01/2015

Prédica: Salmo 147.12-20
Leituras:João 1; (1-9) 10-18 e Efésios 1.3-14
Autor: Erní Walter Seibert
Data Litúrgica: 2º Domingo após Natal
Data da Pregação: 04/01/2015
Proclamar Libertação - Volume: XXXIX

Motivos para louvar a Deus

1. Introdução

Para preparar este culto, é bom ter em mente duas coisas. Por um lado, do ponto de vista do calendário civil, este domingo marca o final do período de feriados que sempre marca o Natal e o começo de cada ano. Se a igreja teve horários de culto especiais para Natal e Ano Novo, este domingo é o final desses acontecimentos. Por outro lado, este domingo ainda está ligado ao período festivo de Natal. É o Segundo Domingo após Natal. Na semana que segue este domingo, será celebrada a Festa dos Reis Magos ou Epifania. É o período do calendário da igreja em que será lembrado que Jesus é o Salvador de todos. Muitas igrejas fazem nesse período especial menção às missões. No Brasil e em muitos países do hemisfério sul, as férias e o verão fazem com que as atividades nas igrejas sejam menores do que no restante do ano.

Tendo tudo isso em mente, a prédica deste domingo levará em conta essas duas realidades – o ano civil e o ano eclesiástico. A memória da recém-acontecida festa do Natal e a propagação da mensagem da salvação a todos serão os assuntos que nortearão a pregação. Como o texto-base da pregação é a leitura do Salmo do dia, é bom levar em consideração também as demais leituras. O evangelho (Jo 1.10-18) fala da palavra que assumiu a forma humana e viveu entre nós. O evangelho mostra como o Cristo do Natal cumpriu sua missão e sua mensagem ficou evidente, encarnada, no mundo. A epístola (Ef 1.3-14) mostra a ação das três pessoas da Trindade em favor da salvação. O Pai que criou o mundo, o Filho que salvou e o Espírito Santo que santifica estão unidos nessa obra salvadora. É por isso que, no final da descrição da obra de cada pessoa da Trindade, aparece o estribilho “louvemos a sua glória”. As leituras do evangelho e da epístola do dia nos dão uma bela moldura para a compreensão do Salmo.

2. Exegese

O Salmo 147 é um salmo de louvor. O texto hebraico está formatado em três parágrafos. Os parágrafos são os versículos 1-6, 7-11 e 12-20. O primeiro trecho do Salmo 147 é um convite para louvar a Deus. Aí é dito que o louvor agrada a Deus e que devemos louvar por causa das coisas boas que o Senhor No segundo parágrafo, o convite para louvar a Deus é repetido. Os argumentos para o louvor são os atos de provisão divina na natureza. E, no final desse trecho, o salmista lembra que o que agrada a Deus são pessoas que o temem e põem sua confiança nele.

O terceiro parágrafo, que é a leitura deste domingo, continua com o convite ao louvor. Os argumentos falam do poder de Deus, mas no final é introduzido um tema novo. “O Senhor anuncia a sua mensagem aos descendentes de Jacó e dá as suas ordens e leis ao povo de Israel” (v. 19). Esse é o coroamento de toda a motivação para o louvor. Sem dúvida, aqui está uma referência ao ato gracioso salvador de Deus.

Olhando os versículos do texto do domingo de forma pormenorizada, podemos observar os aspectos que seguem:

V. 12 – Neste versículo, fala-se quem deve louvar o Senhor. Os que devem louvar a Deus são Jerusalém e Sião. Jerusalém é a capital do reino unido e, de- pois da divisão do povo de Israel, é a capital de Judá. Jerusalém é a cidade mais importante de Israel. Ali ficava o templo. Era, de forma simbólica, a referência a todo o povo de Israel.

Sião, por sua vez, é muitas vezes usado como sinônimo de Jerusalém. É uma referência geográfica ao mesmo lugar. Na poesia hebraica, temos aqui, com os dois nomes, a mesma ideia repetida de forma diferente. O sentido é que todo o povo de Deus deve louvar ao Senhor.

V. 13 – Aqui começam os argumentos para louvar a Deus. O primeiro argumento é porque Deus dá proteção. Ele reforçou as trancas das tuas portas. As cidades, nesse período da história, eram cercadas por muros para dar-lhes proteção. As portas eram os lugares mais vulneráveis. Poderiam ser arrombadas. Deus, reforçando as trancas das portas de Jerusalém, dá proteção a seu povo, e isso significa bênção para quem vive na cidade. Proteção e bênção de Deus são os motivos de louvor apontados neste versículo.

V. 14 – Outro motivo de louvor é que Deus estabeleceu a paz. Jerusalém é a cidade da paz. A paz aqui é vista como segurança contra os inimigos externos. Além da paz, o sustento é apontado como motivo de louvor. Deus farta todos com o melhor do trigo. Quando uma cidade era sitiada, faltava alimento. Dessa forma, pode-se ver a ligação clara entre as duas ideias. Defesa contra os inimigos significa paz e tranquilidade, inclusive na questão do sustento.

V. 15-18 – Nestes versículos é mostrado como Deus domina as forças da natureza. É dito que por sua palavra Deus dá ordens para as forças da natureza, e elas lhe obedecem. Como, nesse tempo bíblico, a sociedade era agropastoril, a dependência das forças da natureza era muito sentida. Se faltasse água ou se viesse frio ou calor exagerado, as consequências eram falta de comida e dificuldades no sustento. O Salmo 147 convida as pessoas a louvar a Deus porque ele cuida de tudo isso.

V. 19 – Aqui dois nomes são mencionados: Jacó e Israel. Na verdade, são nomes diferentes que se referem à mesma pessoa. Jacó era o ilho de Isaque e irmão gêmeo de Esaú. Jacó trapaceou Esaú na questão da herança. Seu nome foi modificado depois da luta que teve com o anjo em Peniel. Os descendentes de Jacó/Israel foram chamados de israelitas. O texto deste versículo diz que Deus mostrou sua palavra, suas leis, seus preceitos a Jacó/Israel. A mesma ideia é repetida, em forma de poesia, no versículo 12. Jacó precisava ser lembrado da palavra do Senhor. Ele, que cometeu muitos erros, por causa dessa palavra sempre foi chamado de volta aos caminhos do Senhor. Essa atitude amorosa e compassiva de Deus, chamando Jacó com sua palavra, também é motivo de louvor.

V. 20 – Neste versículo, é lembrado que essa atitude amorosa de Deus é única para com o povo de Israel. Certamente trata-se aqui de uma referência ao plano de salvação que Deus mostrou à humanidade logo depois da queda em pecado. Ele chamou para si um povo, descendente de Abraão, do qual nasceria o Messias. Desse povo ele cuidou de todas as formas, mas sobretudo mostrou pela sua palavra o seu cuidado e amor. Por isso o povo de Deus deve louvar a Deus.

3. Meditação

O tema central do texto apontado para este domingo é o louvor. Dentro do tema do louvor, o Salmo 147 destaca os motivos que o povo de Deus tem para louvá-lo. As palavras-chave que apontam para esses motivos são: proteção e bênção (v. 13); paz e sustento ou paz e tranquilidade (v. 14); proteção contra as forças da natureza (v. 15-18); a sua palavra e a salvação (v. 19-20).

Esses motivos de louvor continuam válidos, de certa maneira, nos dias de hoje. Mas a situação social mudou muito dos tempos bíblicos para os de hoje. Nos tempos bíblicos, a proteção de uma cidade era providenciada pela construção de um muro. Muros não protegem mais nenhuma cidade hoje. Mesmo nas casas, os muros não são mais sinônimos de proteção, embora cada vez mais casas são construídas cercadas por muros altos e, muitas vezes, com arame farpado sobre o muro. Os prédios também são cercados de grades e muros, com guaritas que tentam identificar cada pessoa que quer entrar. Por toda a cidade se veem multiplicadas grades de ferro em portas e janelas. Mas nada disso significa segurança. O ambiente urbano também tem outras ameaças. Furtos e assaltos são praticados nas ruas. O inimigo não vem apenas de fora da cidade, como nos tempos bíblicos. Ele está ao nosso lado, sem que tenhamos condições de reconhecer quem é. Outras formas de insegurança também se multiplicam. Cartões de crédito são clonados. Contas de banco são invadidas. As pessoas sofrem prejuízos dessa maneira.

Muitas pessoas que são entrevistadas depois de passar por alguma dessas situações de violência urbana reconhecem que só Deus pode protegê-las. Deus deve ser louvado porque, mesmo numa situação muito diferente do templo bíblico, ele continua protegendo o seu povo.

Nas cidades, onde mora a absoluta maioria da população brasileira, as forças da natureza não têm ligação tão direta com a vida como numa sociedade agro- pastoril. Chovendo ou não chovendo, o comércio abre, as fábricas funcionam, os meios de comunicação executam suas tarefas. No campo, se não chove, as plantas não se desenvolvem e falta comida. Se não há água e pasto, os animais não sobrevivem. Na cidade, as forças da natureza são notadas se há um temporal forte, se há uma enxurrada que atinge as casas ou se há uma seca prolongada que faz diminuir as reservas de água e ameaça a vida da população. Os perigos e ameaças da vida urbana, de qualquer maneira, são diferentes da vida rural. Mas a proteção que o habitante da cidade precisa da parte de Deus é tão fundamental como para o habitante do campo. Por isso também aí o motivo de louvor é válido.

O último motivo de louvor que é apresentado no Salmo, a ação de Deus com sua palavra, trazendo orientação e salvação, é motivo de louvor em toda a situação, seja ela rural ou urbana.

Lembramos mais uma vez que fazer referência aos textos do evangelho e da epístola deste domingo ajudará o ouvinte a reconhecer que deve louvar a Deus. O evangelho reforça a ideia de que Deus vem com sua palavra a nós em seu Filho Jesus Cristo. A epístola lembra toda a ação graciosa de Deus em favor da nossa salvação. Com isso temos mais do que motivos suficientes para sempre louvar o nosso Deus.

4. Imagens para a prédica

Louvor é o resultado de um coração que reconhece a bondade de Deus de diversas maneiras. Louvor a Deus é uma atitude de humildade que reconhece que sem Deus não se poderia viver. A imagem que vale a pena trazer ao ouvinte desta prédica é a de que mais uma vez celebramos o Natal, terminamos um ano e começamos outro com muitos motivos para louvar e agradecer a Deus.

O Natal, para a maioria das pessoas, traz boas lembranças: o encontro dos familiares, a troca de presentes, a alegria que essa festa proporciona, lembrando o nascimento de Jesus. O ano novo é tempo de avaliação e de planos. Na avaliação, temos muitos motivos para agradecer e louvar a Deus. Nos planos, temos necessidade da proteção e bênção de Deus. Essa imagem pode acompanhar a prédica deste domingo.

5. Subsídios litúrgicos

Em muitas igrejas, há o costume de enfeitar um pinheirinho para o Natal e deixar essa árvore enfeitada até o dia 6 de janeiro, festa de Epifania. Se for esse o caso da igreja em que acontecerá a prédica que está sendo preparada, esse é um símbolo que pode ser utilizado.

Os hinos que serão cantados também farão menção ao Natal e ao Novo Ano. Eles também são elementos litúrgicos importantes para reforçar a mensagem da pregação.

Sugestão de tema para esboço dessa pregação:

Motivos para louvar a Deus no início de mais um ano:

* Ele nos protege e abençoa.

* Ele nos dá paz e sustento.

* Ele nos dá a sua palavra e salvação.


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Autor(a): Erní Walter Seibert
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Natureza do Domingo: Natal
Perfil do Domingo: 2º Domingo após Natal
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2014 / Volume: 39
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 34466

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