Nesta época de Advento se fala muito de preparar o caminho para a vinda do Salvador. No entanto, muitas pessoas pensam que a preparação do caminho é condição para que ele venha. Pensam: se eu não me preparar bem, ele não virá. Engano!
Não se trata de preparar o caminho para que ele venha, mas de preparar o caminho porque ele vem. Se eu preparei bem o caminho ou não, ele vem.
A pergunta importante, então, é como estou me preparando para esta vinda que acontecerá de qualquer forma? Que lugar sua mensagem ocupa nas minhas preocupações, como influencia nas minhas decisões?
Em Isaías 35, o profeta fala de água que penetra no deserto. Como está o deserto da minha própria vida? Onde estão as flores neste deserto? Onde os cantos de alegria? Estarei enxergando em minhas cegueiras? Estarei ouvindo em minha surdes? Qual é o caminho pelo qual estou andando?
A vinda do Salvador provoca estas perguntas. E, para dar uma resposta satisfatória não é necessário ficar sentado num lugar afastado orando ou fazendo um exercício “zen”. Ele vem para o meio do burburinho, do corre-corre, dos afazeres. Aí no meio de tudo isso ele vem ao nosso encontro. Que espaço encontrará no meu coração? Boa pergunta!!!
Isaías compara a vinda do Salvador com a chegada de água no deserto: onde ela penetra, traz vida, saúde, frutificação. Nosso desafio é abrir as comportas do coração para que a água penetre, a fim de que seja dividida e levada para lugares áridos e secos. Quando e onde ela chega, ela modifica a paisagem, embeleza, revigora.
Estamos com disposição de fazer isso com a água, ou vamos continuar os afazeres e reclamando a falta de tempo, a falta de condições de fazer algo melhor? Se o evangelho da salvação não faz sentido, não dá um sentido para a vida como a temos, então tem alguma coisa errada em nossa percepção do próprio evangelho e da salvação.
Advento é tempo de preparação, canta-se no hino nr. 308 do hinário da IECLB. Ele vem. Que a preparação signifique transformação, mudança de hábitos e prioridades, abertura de espaços na vida diária para a água da vida que jorra desde a manjedoura de Belém até nossos dias. Amém.
P. Carlos Musskopf - Pastor da IECLB na
Paróquia do ABCD – Santo André, SP