Natal: Grande Alegria

Prezados leitores é com alegria que colocamos em vossas mãos o terceiro exemplar da série de estudos Caminhando com Lutero.

O ano está findando, e no comércio já despontam os primeiros brilhos e enfeites que remetem para o Advento e para o Natal. Contudo, a lógica que hoje movimenta este período não é mais a do louvor diante da graciosa oferta de Deus na manjedoura. Mas sim a do consumo, do prazer e do egoísmo, pois vivemos num mundo pautado pela produção, pelo modelo de compra e venda. Esta realidade aos poucos tragou e esvaziou o conteúdo, até mesmo, das festividades cristãs.

Qual o significado desta realidade para nós cristãos? Temos suficiente consciência deste fato?

Para Lutero Advento e Natal falam do amor de Deus revelado como salvação e consolo ao ser humano pecador, escravo do medo e da angústia: “Se te importas com tua salvação, então larga de todas as idéias de lei, de todas as doutrinas filosóficas e corre à manjedoura e ao colo da mãe e olha-o, o recém nascido, o adolescente o moribundo. Então poderás fugir de todos os horrores e equívocos. Esta visão te manterá no caminho certo”¹.

O reformador nos lembra, portanto, que no cocho dos animais, deitado em palhas não repousava apenas um menino, mas um cordeirinho cujo destino era ser sacrificado futuramente na cruz. O próprio Filho de Deus.

Da manjedoura à cruz, temos de fato um testamento de que Deus não se esqueceu da humanidade. Esta é a grande boa nova de amor que enche o coração de alegria. Diante desta manifestação divina somos chamados a uma decisão de fé, de profunda confiança no Senhor.

Este é o sentido profundo do Natal de Jesus Cristo de Nazaré! Diante da manjedoura estamos diante da cruz redentora, pois sem ela o cocho seria apenas um berço dentre tantos outros na história, improvisados em meio à pobreza deste mundo!

Dela emana uma luz perene, bem diferente daquela que brilha no comércio nesta época e que nos ofusca pela ganância e pelo consumo. Bem distante da luz artificial “made in China” que se dissipa tão rapidamente quanto brilha, pois o seu prazo de validade é curto.

Neste último estudo encerraremos nossa reflexão com uma belíssima devocional sobre o Natal, escrita por Lutero, e um breve roteiro para o culto familiar visando celebrar o Advento.

Não tenham medo

Leia em sua Bíblia: Lucas 2.8-12 - “Não temais”. (v. 10)

Essas palavras indicam que esse Rei nasceu para aqueles que vivem em temor e tremor, e que somente esses fazem parte do seu reino.

A esses devemos anunciar uma mensagem semelhante àquela que o anjo anunciou aos pobres atemorizados pastores: “Eis aqui lhes trago boa nova de grande alegria”. Essa alegria, na verdade, é oferecida a todo o povo; mas apenas aqueles que têm consciências atribuladas e corações atemorizados podem sentir essa alegria. Esses me pertencem e são alvo de minha mensagem; a esses quero anunciar boas novas. Não é maravilhoso que essa alegria esteja mais ao alcance justamente daqueles que sentem maior intranqüilidade de consciência?

O mundo está contente e se sente bem quando tem bens, dinheiro, glória e poder. Agora, um coração atribulado e miserável não deseja outra coisa senão paz e consolo, certeza de que Deus lhe é gracioso. E essa alegria, que traz descanso e paz ao coração atribulado, é tão grande que ofusca completamente a alegria do mundo.

Por isso é necessário que as pobres consciências ouçam uma mensagem semelhante à do anjo: Prestem bem atenção, vocês que estão tristes e sentem-se miseráveis, pois eu lhes trago uma boa notícia. Pois ele não se fez homem e veio ao mundo para lançá-los ao inferno, muito menos ele foi crucificado e morto por razão; ao contrário, veio para que vocês tivessem nele muita alegria. Se você deseja uma definição correta e uma descrição precisa de Cristo, ou seja, dizer quem e o que ele é, deve dar ouvidos à definição e descrição do anjo: ele é e se chama “Grande Alegria”. Quisera podermos aprender e assimilar bem essa definição, porque nela reside poder.

Liturgia para celebrar o Advento em família nos lares

1° Domingo de Advento:

1) Acender a primeira vela da Coroa;

2) Hino: 11 do HPD 1

3) Leitura do texto previsto para o Domingo: Isaías 64.1-9

4) Oração: Oramos por todas as pessoas cristãs para que estejam alertas à presença de Cristo em seu meio e que, em seus atos e palavras, a luz de Cristo brilhe através delas. Pai Nosso.

2° Domingo de Advento:

1) Acender a segunda vela da Coroa;

2) Hino: 5 do HPD 1

3) Leitura do texto previsto para o Domingo: Marcos 1.1-8

4) Oração: Oramos por todas as pessoas enlutadas, deprimidas, entristecidas e sós neste tempo de Advento. Que possam experimentar em meio às dores, raios de luz e de esperança. Pai Nosso.

3° Domingo de Advento:

1) Acender a terceira vela da Coroa;

2) Hino: 235 do HPD 1

3) Leitura do texto previsto para o Domingo: 1ª. Tessalonicense 5.16-24

4) Oração: Oramos pela Igreja, por suas lideranças e membros para que se mantenham firmes no compromisso profético de anunciar e celebrar o Advento de Cristo. Pai Nosso.

4° Domingo de Advento:

1) Acender a quarta vela da Coroa;

2) Hino: 15 do HPD 1

3) Leitura do texto previsto para o Domingo: Lucas 1.26-38

4) Oração: Oramos por todas as pessoas doentes e aquelas em recuperação, para que experimentem o amor confortador de Cristo. Pai Nosso.

Venturoso tempo de Advento e Natal!

P. Edwin J. P. Fickel

Veja: RUMO aos 500 ANOS da REFORMA - 1517-2017 - SÉRIE de ESTUDOS – Caminhando com Lutero