Advento - Natal - Epifania



ID: 2655

Jesus começa sua atividade pública: Venham comigo e eu ensinarei vocês!

Marcos 1.14-20

18/01/2018

 

PRÉDICA PARA O 3º DOMINGO APÓS EPIFANIA – 21.01.2018

Texto da prédica: Marcos 1.14-20

No tempo de Advento nós ouvimos que João Batista deu início ao cumprimento das esperanças messiânicas. Mas ele já vai alertando: Aquele que virá já está presente – mas está oculto. Ele não é visto pelas pessoas, que só procuram a Deus em benefício próprio. As pessoas querem um salvador que se possa medir por valores humanos: O mais forte, o mais poderoso, o mais famoso, etc... João Batista alerta: Deus já está presente nesse mundo – não mora nos templos – mas está presente na vida das pessoas, se manifesta na humildade dos pequenos gestos e nos gestos dos pequenos. João Batista fala de um Deus que está convivendo com as pessoas.
No primeiro século da era cristã, o exército romano dominava a Palestina. A situação política era perigosa para qualquer pessoa ou grupo que contestasse as pessoas no poder. As lideranças judaicas haviam feito alianças com os romanos e muitas vezes denunciavam opositores aos romanos. A classe governante de Israel vivia uma vida escandalosa, como foi denunciado pelo próprio João Batista. Os sacerdotes do templo estavam mais preocupados com seus próprios interesses do que em animar a fé do povo. Por isso, a espiritualidade das pessoas foi esfriando aos poucos e muitos deixaram de praticar sua fé.
O que se sabe de João Batista é que ele é filho de um ex sacerdote que renunciou aos privilégios do templo. João Batista viveu muitos anos no deserto. Sua vida era muito austera. Dormia em cavernas, se vestia com peles de camelo, - ao estilo dos velhos profetas - e se alimentava de insetos e de mel. João Batista não fazia milagres, não realizava curas, não fazia promessas e nem dava conselhos para resolver os problemas pessoais. No entanto, sua voz chamou a atenção das pessoas. A mensagem era clara:
a) Deus virá para castigar as pessoas e o fim da história está próximo;
b) o povo de Israel e as lideranças corruptas se desviaram de Deus e agora o castigo de Deus é iminente;
c) para escapar do castigo de Deus era preciso arrepender-se – isso é mudar de atitudes, deixar-se batizar e começar uma nova vida que tenha como prioridade fazer o bem a todas as pessoas.
Era uma proposta de religiosidade muito concreta, prática, sem intermediações dos religiosos do templo. Se você quer agradar a Deus, faça o bem as pessoas que estão perto de você. Se você está de acordo com isso, então venha se lavar (se batizar) no rio Jordão e depois volte para o lugar de onde veio. Seja o primeiro a se desculpar, seja o primeiro a perdoar, seja o primeiro a esquecer.
Esse João Batista chamou a atenção de muitas pessoas. Muitos jovens que já haviam perdido a fé voltaram a encontrar-se com Deus. Ele também chamou a atenção do jovem galileu chamado Jesus de Nazaré, que desde sua casa viajou mais de 100km até o vale do Rio Jordão para ouvir o profeta do deserto. Nós sabemos que o próprio Jesus aceitou esse desafio de João Batista e deixou-se batizar. Depois Jesus foi para o deserto. Alguns dizem que ele ficou sozinho lá no deserto e foi tentado pelo diabo, outros dizem que ele foi para o deserto para morar com João Batista e aprender mais com ele.
Mas, esse João Batista chamou também a atenção das autoridades. Os líderes dos judeus mandaram alguns sacerdotes e levitas para que investigassem esse João Batista (Jo 1.19). Quem ele era, de onde vinha, a que grupo pertencia? É sempre assim: Para atacar alguém, os poderosos precisam identificar essa pessoa com um grupo, com um partido, com uma religião, com um movimento. Mas João Batista rechaça qualquer identificação. Ele não é de nenhum grupo, de nenhum partido. Ele diz que ele é apenas um João Ninguém, alguém que veio somente para preparar o caminho, e dar testemunho daquele que virá.
Mas a perseguição ao pregador do deserto não para e a notícia do Evangelho de hoje é que João Batista foi preso. E com a sua prisão, acontece algo extraordinário. Ao invés de a prisão provocar medo nos seus seguidores, acontece justamente o contrário: os seus seguidores saem a público. Entre eles está Jesus. Antes João Batista dizia: O reino de Deus está próximo. Agora a mensagem de Jesus é: Chegou a hora! (v.15) Com a prisão de João Batista começa a atuação pública de Jesus. Mas Jesus não quer ser um profeta solitário morando no deserto. Ele já vai formando a sua comunidade, os seus colaboradores. Começa convidando trabalhadores. Simão, André, Tiago e João se levantaram, deixaram seus afazeres e seguiram a Jesus. Se é para mudar de vida, só se for agora!
Mas Jesus não foi apenas um imitador de João Batista. Sua mensagem e sua maneira de falar também são diferentes. A pregação de Jesus não enfatizava o castigo de Deus, mas a misericórdia e o amor de Deus. Jesus não vivia nas cavernas do deserto, mas percorria os povoados e aldeias do seu país. Ao invés de jejum e abstinência, Jesus comia e bebia com pecadores. Jesus não foi um pregador solitário, mas tinha um grupo de seguidores, porque para mudar as coisas é preciso criar estruturas que organizem as boas ideias. É assim que surgiu a igreja – um grupo de pessoas que aprendeu com Jesus novos valore sde vida comunitária e por isso a igreja era a nova organização social que priorizava uma forma concreta de aplicar a mensagem de Jesus. É isso que nos conta o livro de Atos dos Apóstolos:
Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que tinham. Vendiam as suas propriedades e outras coisas e dividiam o dinheiro com todos, de acordo com a necessidade de cada um. Todos os dias, unidos, se reuniam no pátio do templo e nas suas casas partiam o pão e participavam das refeições com alegria e humildade. Louvavam a Deus por tudo e eram estimados por todos. E cada dia o Senhor juntava ao grupo as pessoas que iam sendo salvas. (Atos 2.44-47)
Portanto, o evangelho de hoje nos traz uma noticia assustadora: João Batista foi preso. Mas essa noticia assustadora encorajou a Jesus para iniciar sua atividade: Chegou a hora!
Aqui no Brasil as notícias assustadoras já são parte do nosso dia a dia. A cada semana o governo Temer se envolve em novo escândalo. As imagens corriqueiras mostram compra de votos dos deputados com dinheiro público, vídeos de assessores e ministros carregando malas de dinheiro, imagens de malas e caixas de papelão cheias de dinheiro dentro de um apartamento, o próprio presidente e vários ministros mencionados em casos de corrupção, um juiz federal que absolve os políticos denunciados e solta os amigos que foram presos. Enquanto isso, o governo corta os recursos federais para saúde e educação de base. Muitas pessoas que acharam que esse país melhoraria se batêssemos panelas para ajudar a colocar os atuais governantes no poder, agora estão vendo seus filhos recém-formados tentar a vida fora do Brasil. E quanto melhor a formação, maior o desejo de sair do Brasil. Segundo dados da Receita Federal, o número de saídas definitivas passou de 8.170 em 2011 para 21.236 em 2017, um aumento de 160%. Isso dá uma média de 58 pessoas por dia.
Mas a maioria dos jovens brasileiros não tem essa possibilidade de escapar. São obrigados a ficar aqui e enfrentar o aumento do desemprego, a corrupção, a violência, o tráfico de drogas, os recortes dos recursos públicos nos programas sociais. Quem saiu, posta fotos nas redes sociais para mostrar como é bonito lá fora.
Portanto, hoje ouvimos que Jesus também viveu num tempo de crise. A notícia do dia foi que seu amigo foi preso. Jesus no entanto, não se deixa iludir com promessas ou ilusões de mudanças a partir das estruturais de seu tempo. A situação não vai melhorar através grupos de seu tempo que eram os fariseus, os saduceus ou os zelotes. Por isso, ele propõe algo totalmente novo. Ter a disposição para uma forma de vida que tome em conta as necessidades de cada um e a afirmação de relações sociais baseadas na dignidade de cada pessoa, como consequência de uma religião que anuncia a misericórdia e o amor de Deus.
Se você não consegue escapar da realidade que vivemos no Brasil, então a alternativa é lutar por um país novo. Mas tomemos cuidado: Entregar a nossa vida e o nosso futuro nas mãos de políticos, é pecado. É desse pecado que devemos nos arrepender. O mundo novo não passa pelo fortalecimento dos partidos ou das instituições atuais. O mundo novo começa com a transformação de cada um de nós. Precisamos primeiro definir os valores desse novo mundo. E aí Jesus convida: Venham comigo e eu ensinarei vocês (v. 17).
Amém.
Oração:
Ó Senhor, em todos os gestos e palavras, guia os meus pensamentos e minhas atitudes. Nos acontecimentos imprevisíveis, não deixe que eu me esqueça que eles também são enviados por ti. Ensina-me a agir com sabedoria e convicção, sem machucar ou ofender outras pessoas. Preenche-me com teu amor, porque quando teu amor nos preenche, aflição e sofrimento se desfazem. Tu que tens o poder para transformar todas as pessoas, te peço o mais difícil: transforma-me primeiro a mim. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 1 / Versículo Inicial: 14 / Versículo Final: 20
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 45633
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