Advento - Natal - Epifania



ID: 2655

Isaías 11.1-10

Auxílio Homilético

08/12/2013

Prédica: Isaías 11.1-10
Leituras Mateus 3.1-12 e Romanos 15.4-13
Autoria: Claiton e Marivete Kunz
Data Litúrgica: 2º Domingo de Advento
Data da Pregação: 01812/2013
Proclamar Libertação - Volume: XXXVIII

1. Introdução

Já estamos na segunda semana do Advento, o período das quatro semanas que precedem o Natal. Este é um momento de celebração, de caminhar, de preparar a comunidade para que ande em direção ao nascimento de Cristo. É hora de refletir sobre o que Cristo tem oferecido e sobre a necessidade de arrependimento de cada cristão. Os textos para esta mensagem mostram que este é o momento em que o nome de Cristo deve ser glorificado e também de olhar para o próximo com a finalidade da mútua edificação. Cristo é o exemplo de esperança que cada cristão pode e deve ter, pois por meio dele somos recebidos e aceitos. Da mesma forma, é necessário que o nosso próximo seja olhado com bondade e que assim a compaixão venha a ser estimulada por nossas ações. Cristo foi o maior exemplo de compaixão, e por meio das Escrituras todo cristão é incentivado a seguir, tendo como alvo a realidade das coisas espirituais. O texto de Romanos 15.4-13 deixa evidente a importância do cristão mostrar a seu próximo o lugar de Cristo na sociedade. Num mundo assolado por erros, não somente se faz necessário, como também deve o cristão sentir-se responsável, através de sua experiência, por apresentar a esperança que se pode ter em Cristo, pois, mesmo sendo justo, Ele sofreu em benefício do próximo. Ter unidade com o semelhante é um alvo a ser seguido, bem como a aceitação do outro, como Cristo aceitou cada um de nós. Essa ênfase também pode ser observada no texto de Isaías 11.1-10. Em Isaías, vemos que em Cristo é possível haver paz e harmonia.

2. Exegese

V. 1 – O remanescente diz respeito a um rebento proveniente de um toco aparentemente morto, bem diferente daqueles que anteriormente haviam sido cortados pelo Senhor, por meio do cativeiro, devido ao orgulho e pecados (10.33-34). Apesar da dinastia de Davi ter findado, de sua descendência é que viria o Messias. O termo utilizado, no original, para toco ou rebento é neser, que tem como ênfase a ideia de um título messiânico. Esse termo também faz alusão a Mateus 2.23: “Ele será chamado Nazareno”. Vemos claramente a ligação com o termo hebraico neser.

O autor não fala de Davi, mas de Jessé, mostrando um momento da história em que a grandeza e o governo não estão ligados ao nome Davi. Ou seja, a casa real voltará ao momento ou à posição sem o prestígio do início, como na época de Jessé. Assim, o profeta mostra que Deus começará novamente. Como diz Kamp: “... ele suscitará um novo Davi, assim como fez um novo começo com o ‘primeiro’ Davi. Do humilde Jessé mais uma vez sairá um grande rei” (p. 50).

V. 2 – O seu reinado será justo e reto, pois o Espírito do Senhor o estará conduzindo. Esse reinado será grandioso porque o rei apresentará vários aspectos provenientes desse Espírito: sabedoria e inteligência; conselho e fortaleza; conhecimento e temor do Senhor. Essas características indicam plenitude da obra do Espírito, algo que não faz parte das capacidades humanas, mas indica a vinda de Cristo, o rei da casa de Davi.

V. 3 e 4 – O fato dele ter o Espírito Santo de Deus faz com que ele governe com justiça e não seja enganado. O seu reinado será justo e piedoso, e Ele defenderá os pobres. É também devido à plenitude, acima citada, que Ele governará de maneira justa.

V. 5 – O cinto, no contexto daquela época, era algo importante para os trabalhadores e viajantes.

V. 6-9 – Nesse reinado haverá restauração, inclusive da criação. Tal restauração é proveniente da harmonia, quando não mais existirá o pecado. Esse reinado será algo como a volta ao paraíso, tendo em vista que não haverá mais inimizade e perigo de animais entre si e entre os seres humanos. O segredo de tal reinado pacífico está no conhecimento do Senhor. Os versículos em destaque mostram os animais vivendo em harmonia entre si e com o ser humano, que também já é visto como reconciliado com Deus. Quando a harmonia vier a existir, é porque o mal terá sido extirpado, tudo será como um novo paraíso. A harmonia tem por fundamento o conhecimento pleno de Deus, que todos os seres humanos possuirão.

V. 10 – A diferença de tal reinado fará com que todas as nações busquem o conselho desse rei. Nesse momento, o sucessor proveniente de Davi será procurado.

3. Meditação

O nome Isaías significa “Iavé salvará” ou “Iavé é a salvação”. Os capítulos 1 a 39 mostram o interesse de Isaías em mostrar essa salvação. Nesses capítulos, o profeta mostra a salvação fazendo referência especial à Assíria. A salvação aponta para os aspectos pessoal e social (da cidade). Entretanto, é importante lembrar que essa salvação vem associada à estabilidade que haverá, bem como à sabedoria, ao conhecimento e ao temor do Senhor, que o Messias possuirá ao governar. Tal contexto aponta para um período futuro, pelo qual o povo tem esperado. O autor mostra que as promessas feitas dirigem-se ao tempo em que o Messias reinará. Por meio da mensagem do profeta tiramos algumas lições para nós, como cristãos. Aprendemos que precisamos lutar por um mundo diferente, independente dessa atividade ou ação a ser esperada para o futuro, quando o Messias cumprirá sua função. Por meio da mensagem do profeta vemos que o Messias é esperado no futuro, mas nós fomos chamados para trabalhar em prol de um mundo diferente no tempo presente. Esse mundo diferente só pode existir a partir de alguns aspectos que elencamos a seguir.

3.1 – Um mundo diferente a partir da santidade

Isaías 11.1 remete ao “remanescente”. Quando falamos em história bíblica, os remanescentes são aqueles que sobreviveram a algum julgamento. No texto de Isaías, o remanescente herdou as promessas. Entretanto, o recebimento dessa promessa ocorreu a partir do remanescente que foi purificado. Assim, a ênfase no remanescente tem ligação com a santidade. Embora o Senhor seja um Deus misericordioso, a falta de santidade de seu povo pode resultar em destruição, para que a mesma seja restaurada. Nesse sentido, a santidade é algo que traz benefícios a todos e pode contribuir para a chegada de um momento harmonioso entre seres humanos e criação.

Quando lemos Isaías 11.1-10, percebemos que Deus espera integridade de seu povo. Para que isso ocorra, é necessário que a humanidade compreenda e assimile os atos de Deus por meio de sua santidade. O próprio Iavé pede que seu povo venha a ser um povo ou nação santa (Êx 19.6). A santidade do povo cristão somente pode existir e ser perceptível no mundo se os cristãos cumprirem os mandamentos de seu Deus na prática. Um mundo de pessoas santas é um mundo capaz de relacionar-se com um Deus igualmente santo. O autor de Hebreus exorta-nos enfaticamente: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

3.2 – Um mundo diferente a partir da ética e da moral

É necessário que haja um reconhecimento de pecados e erros para o mundo ser melhor no que diz respeito a questões éticas e morais. Sabemos que problemas éticos e morais conduzem ao caos. Entretanto, Isaías e outros textos do Antigo Testamento mostram que o Espírito do Senhor pode trazer a ordem nos versos âmbitos existentes. Assim, aqueles que possuem o Espírito do Senhor têm condições de auxiliar, mostrando os desígnios de Deus no que se refere a questões morais e éticas.

O impacto que uma vida moral e ética, conforme os padrões bíblicos, pode trazer à sociedade não pode ser mensurado. Viver moral e eticamente de maneira que agrade ao Senhor é uma forma de anunciar o nome de Cristo, tanto no meio cristão como em meio às nações gentias, a exemplo do que fez João Batista, conforme o texto de Mateus 3. O Sermão do Monte (Mt 5-7) é um exemplo muito claro do que Deus espera para a vida ética daqueles que fazem parte do reino de Deus.

3.3 – Um mundo diferente a partir da justiça

Quando o texto-base fala em salvação, há ligação com a ideia de justiça e juízo. Quando nos referimos à justiça, fazemos menção a estar em concordância com o que Iavé pede, sabendo que, em algumas situações, é muito difícil, humanamente, exercer tal justiça ou atos de misericórdia para com o próximo. Entretanto, com esforço e auxílio do Senhor, isso é possível. Isaías 11.3-5 mostra que essa justiça é um atributo da figura messiânica. Por isso o ser humano precisa de auxílio para pô-la em prática. Quando a justiça vier a existir de forma mais intensa, ainda antes do reino esperado, toda a terra sentirá seus benefícios, não somente os cristãos. A justiça diz respeito, especialmente, a defender o fraco e não está ligada somente a questões de administração.

É preciso lembrar que a justiça é algo que o Senhor espera de todos, mas especialmente de seu povo. É praticando a justiça que o povo santo pode ser luz num mundo cheio de trevas. Quando lemos alguns textos do Antigo Testamento, especialmente os profetas, compreendemos que é o Espírito do Senhor quem capacita para a realização de determinadas atividades. Por isso aqueles que conseguem praticar a justiça são aqueles que verdadeiramente possuem o Espírito do Senhor repousando sobre suas vidas (v. 2). Esses são os que possuem sabedoria e entendimento de Iavé. Apesar de ser o remanescente santo que certamente praticará a justiça em sua plenitude, todo cristão deve buscar orientação bíblica e o Espírito do Senhor para praticar a mesma, embora de forma limitada.

Um mundo diferente, um mundo salvo, é um mundo no qual as pessoas seguem as orientações do Senhor, vivendo em santidade, vivendo de maneira ética e moral e praticando a justiça. Essa é uma sociedade ideal, em que é possível haver paz e reinar harmonia, inclusive entre o mundo humano e a natureza.

4. Imagens para a prédica

Pode-se contar a estória de um homem que caiu em um buraco para mostrar que a salvação e um mundo melhor dependem de ações. Algumas coisas o Senhor fez por nós, outras nós precisamos fazer pelo próximo. O que cada cristão tem feito é a pergunta que precisamos fazer.

Um homem caiu em um buraco, de onde não conseguia sair. Um viajante passou por perto e disse ao homem que meditasse a fim de purificar sua mente. Assim, quando ele atingisse o Nirvana, todo o seu sofrimento acabaria. O homem fez o que o viajante lhe disse, mas permaneceu no buraco. Outro homem apareceu. Esse segundo homem explicou que o buraco não existia e que o homem também não era real. Tudo era uma ilusão. Mas o homem que não existia ainda estava preso no buraco que não era real. Um terceiro visitante chegou. Esse instruiu o homem a fazer boas obras para elevar seu carma, e mesmo que ele morresse no buraco, ele poderia reencarnar em algo melhor em sua próxima vida. Veio então outro homem. Esse olhou do alto do buraco e ensinou aquele que estava no buraco a orar cinco vezes por dia, voltado para o leste, e a seguir cinco importantes mandamentos. Se ele fosse fiel, talvez algum dia o divino o libertasse. O homem orou o melhor que podia, mas estava perdendo suas forças e permaneceu no buraco. Foi então que outro homem apareceu. Havia algo diferente nele. Ele chamou o homem no buraco e perguntou se ele queria ser liberto. Aquele homem então desceu à terra, dentro do abismo. Ele pegou o homem e levou-o até a luz. E o homem que não conseguiria salvar-se sozinho foi salvo.

Observação: essa estória pode ser encontrada em forma de vídeo na internet. Se desejar apresentar a ilustração em forma de vídeo, você pode procurar no YouTube o vídeo com o título “O homem que caiu no buraco”.

O sapateiro trabalhando para Deus

Horton cita um episódio de Lutero. Um sapateiro convertido perguntou-lhe o que deveria fazer para servir bem a Deus. Talvez esperasse o conselho de fechar seu negócio e tornar-se pregador do evangelho. Lutero respondeu: “Faça um bom sapato e venda por um preço justo”. Ele serviria a Deus sendo um profissional competente e honesto (disponível em www.hermeneutica.com).

A enfermeira trabalhando para Jesus

Uma enfermeira fazia curativos em muitas feridas de um paciente. Alguém, impressionado, disse-lhe: “Nem por um milhão eu faria um trabalho desses”. Ela lhe respondeu: “Eu também não, mas faço tudo por amor a Jesus, como se estivesse cuidando dele. Ele me amou, cuidou da minha dor, das minhas feridas. Estou retribuindo esse amor” (disponível em www.hermeneutica.com).

5. Subsídios litúrgicos

Algumas frases de impacto para auxiliar na liturgia do culto:

• Há duas coisas para as quais não há esperança: salvação sem Cristo e salvação sem santidade (C. T. Studd).
• Uma vida santa não é uma vida ascética, melancólica ou solitária, mas uma vida regida pela verdade divina e fi el ao dever cristão. É viver acima do mundo, embora ainda estejamos nele (Tryon Edwards).
• O que a saúde é para o coração, a santidade é para a alma (John Flavel).
• A santidade é o lado visível da salvação (C. H. Spurgeon).
• A santificação é gradual; se ela não aumentar, é porque não está viva (Thomas Watson).
• A santidade é necessária para a paz atual e para a glória futura (William Jay).
• Qualquer pessoa que pense ser cristã e que tenha aceitado Cristo para obter justificação, quando, ao mesmo tempo, não o aceitou para santificação, está miseravelmente enganada nessa experiência (A. A. Hodge).
• Deus salvou-nos para nos tornar santos, não felizes. Algumas experiências podem não contribuir para a nossa felicidade, mas tudo pode contribuir para a nossa santidade (Vance Havner).
• O maior milagre que Deus pode fazer atualmente é tomar um homem impuro de um mundo sem santidade, torná-lo santo e colocá-lo de volta naquele mundo impuro, conservando-o santo (Leornad Ravenhill).
• A santidade não é o caminho para Cristo; Cristo é o caminho para a santidade (Adrian Rogers).
• Semeie santidade e colha felicidade (George Swinnock).
• Nenhum homem pode ser um verdadeiro membro da igreja de Deus se for um estranho à justiça moral (Anônimo).
• Fomos redimidos não somente para ser legalmente salvos, mas também para ser moralmente sadios (J. Blanchard).
• Nossa grande necessidade atual não é de mísseis teleguiados, mas de uma moral bem dirigida (George L. Ford).
• Todas as obrigações morais resumem-se à obrigação de conformar-se à vontade de Deus (Charles Hodge).
• Assim como o marinheiro estabelece sua posição no mar baseando-se pelo sol, também podemos fixar nosso ponto de apoio moral focalizando Deus (A. W. Tozer).

Bibliografia

DILLARD, R. B.; LONGMAN III, T. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2006.
KAMP, Peter W. van de. O profeta Isaías. Sinodal: São Leopoldo, 1987.
LASOR, W.; HUBBARD, D.; BUSH, F. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999.
SCHÖKEL, L. Alonso; DIAZ, J. L. Sicre. Profetas I: grande comentário bíblico. São Paulo: Paulinas, 1988.


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Autor(a): Claiton e Marivete Kunz
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Natureza do Domingo: Advento
Perfil do Domingo: 2º Domingo de Advento
Testamento: Antigo / Livro: Isaías / Capitulo: 11 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 10
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2013 / Volume: 38
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 28678

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