Advento - Natal - Epifania



ID: 2655

Como Era o Natal

19/11/2012

Cheiros, sabores, sons, costumes, práticas e os sinais da natureza anunciavam um novo tempo, o tempo de Natal. Era um clima de expectativa e até de ansiedade. O primeiro fim de semana de advento era de fato o começo do tempo dos preparativos do Natal que enceravam somente no dia 06 de janeiro, no dias dos Magos, com a retirada do pinheirinho de Natal da sala e os enfeites natalinos eram guardados cuidadosamente para serem usados no próximo ano.
O primeiro sinal de que o Natal estava se aproximando era observado na natureza. A florada do milho, o canto e o ninho dos sabiás, as noites iluminadas pelo pisca-pisca dos vaga-lumes e o grito das cigarras, as vezes ensurdecedores eram relembrados e serviam de indicativos para as crianças que o Natal estava perto.

A limpeza da casa, do pátio e das ruas também era uma prática de preparo para a vinda do nascimento de Jesus. Dizia-se “Precisamos estar com o coração limpinho para receber o menino Jesus” esta tarefa de faxina e limpeza envolvia toda a família e muitas vezes acontecia em mutirão com os vizinhos, gerando compromisso e comunhão e laços de amizade entre a vizinhança.

A coroa de advento era confeccionada com galhos de ciprestes ou de pinheiro (araucária) com uma fita vermelha e com quatro velas. A cada domingo de advento alguém da família, cada um tinha a sua vez, acendia uma vela e cantava-se hinos de Natal. Em muitos lares a coroa de advento era pendurada sob a mesa da cozinha que reunia a família para as refeições diárias.

O cheiro de Natal estava no ar quando a família se reunia para fazer os doces, as bolachas de melado e condimentos. Cada qual tinha em mãos uma forma com os símbolos natalinos que davam formato as bolachas; eram pinheirinhos, sinos, botas, bolas, papai Noel, bengalas, coração... Mas o mais difícil era resistir a recomendação e até a proibição de não comer aquela delícia antes do dia de Natal. Só aquelas queimadas ou que quebrassem podiam ser comidas.

A compra de um traje de roupas novas para cada membro da família e a compra de roupas de cama. Isto acontecia pela escolha do tecido, pela tirada das medidas no alfaiate, ou na costureira, era uma prática que anunciava o tempo de Natal está próximo.

Os brinquedos eram fabricados pelos próprios pais em absoluto segredo e eram grande surpresa na noite da véspera de Natal. Carinhos de madeira e bonecas de pano acompanhados com algumas balas, bombons e chocolate faziam a alegria das crianças e a satisfação dos adultos, pois os adultos não recebiam presentes do Papai – Noel. Nesta noite, tomar um banho, jantar e esperar a vinda do Papai – Noel, que era único, estava envolto de medo e fantasia.

O pinheirinho de Natal era cortado somente no dia vinte e quatro de manhã, colocado num balde com areia,pedra e muita água e colocado na sala. Os enfeites eram de bolas de vidro com o formato dos símbolos de Natal. As velas eram colocados em pequenos castiçais com garras que eram fixadas nos galhos. Era colocado muito algodão nos galhos do pinheiro que lembrava a neve do Natal dos imigrantes alemães. O cheiro do pinheiro de araucária na sala era um dos aromas natalinos.

O Natal era festejado com três dias de feriado, onde eram feitas visitas para familiares e nas vizinhanças.

Na noite da véspera de Natal, no dia vinte e quatro, como não tinha culto, a família se reunia em torno do pinheiro enfeitado e com as luzes das velas, pois não havia energia elétrica em todos os lugares, eram cantados hinos de Natal e a história do nascimento de Jesus era lido. No dia de Natal, então toda a família, vestia a roupa nova e participava do culto de Natal com apresentações de teatro das crianças do Culto Infantil.

O objetivo deste resgate de “Como Era o Natal” não é voltar ao passado ou de afirmar que só aquele tempo era bom. Mas refletir e até resistir ao consumismo, materialismo e ao grande vazio e cansaço de nossos dias. Hoje o Natal começa logo após o dia das crianças, 12 de outubro. As cidades, as vitrines do comércio e a propaganda nos meios de comunicação já lançam o grande personagem do Natal, “o Papai-Noel” com anúncios das promoções e descontos.

Hoje em nossos dias, como podemos vivenciar através de gestos, cheiros, sabores, costumes e praticas em família e comunidade o verdadeiro sentido da vinda do nosso salvador, Jesus Cristo?

Observação. Este artigo foi elaborado a partir de entrevistas realizadas com antigos moradores do Rio da Luz Vitória e Garibaldi, Bairros agrícolas de Jaraguá do Sul/SC.
 


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