Fazer visitas é tarefa essencial do nosso jeito de ser Igreja. Levar solidariedade, aconchego, saber ouvir outras pessoas com empatia, acolhimento, visitá-las em suas dores e alegrias, tarefa esta que Jesus nos ensinou muito bem.
Neste tempo de Advento nos dispomos a realizar visitas a tantas pessoas e grupos a quem Deus nos quer conduzir para levar mensagens de paz, amor, esperança, alegria e perdão. Foi assim que Deus também conduziu Maria para visitar sua prima Isabel para celebrarem juntas a vinda do Salvador; enviou um anjo para visitar e acalmar José em suas dúvidas e incompreensões; conduziu os pastores e reis magos na visita ao menino Jesus e seus familiares que estavam em Belém.
A Bíblia fala de muitas visitas importantes, encontros essenciais entre pessoas para que houvesse paz, compreensão, entendimento e vida plena. Há, no entanto, uma visita que está ao alcance de todas as pessoas e quando a fazemos é revigorante. É a visita a nós mesmos. Sim, visitar o seu próprio ser, o seu interior, ter um momento a sós com ele, conhecê-lo melhor. Este é um dos desafios para este tempo de advento. Preocupamos-nos com tantos eventos e fatos exteriores, realizamos muitas atividades para quem está ao nosso redor, mas nos esquecemos de visitar nosso próprio ser, cuidar e acalentar nossa vida, nossas inquietações, acolher nossas limitações e erros, ouvir o sussurro de nossa alma, adentrar nas profundezas de nosso espírito. Deus deseja nos acompanhar nesta visita. Ela é necessária para que possamos servi-lo e seguir fazendo outras visitas exteriores. Precisamos conhecer o nosso ser interior, saber como somos, porque agimos deste modo e não de outro, saber de nossas aflições, o que as geram, saber de nossos sentimentos mais profundos, que por vezes não verbalizamos e não os colocamos para fora.
Uma visita que fazemos a outrem também pode nos conduzir a esta visita interior ao nosso “eu”. Assim aconteceu com Zaqueu, que ao ser chamado por Jesus para descer da árvore onde havia subido para ver o Mestre, inesperadamente, foi visitado por ele, e neste encontro, mudanças concretas aconteceram. Zaqueu, no encontro festivo em sua casa, no momento da partilha do pão, visitou sua própria vida, pôde rever suas atitudes, caiu em si e analisou o quanto havia se distanciado de Deus e da prática da justiça e retidão. Decidiu, em tempo, voltar atrás, restituiu o que roubava às pessoas e decidiu servir a Deus. Esta transformação aconteceu a partir de duas visitas, de Jesus a ele, e de Zaqueu a si mesmo.
É conhecida a expressão filosófica “Conhece-te a ti mesmo” (Sócrates) e “Torna-te o que tu és” (Píndaro). Nós podemos aproveitar destes imperativos filosóficos para animar as pessoas que querem servir a Deus e tantas outras a olharem para si mesmas a fim de lidarem com suas imperfeições, limites, angústias, dores e ressentimentos.
Tempo de advento é tempo de visitas, de lembrarmos: “visita-te a ti mesmo”, olha para o teu interior, deixa a Ruach, o sopro do espírito de Deus transformar tua vida e mudar as atitudes necessárias, deixa que o menino da manjedoura te visite e te conduza por caminhos de humildade, confiança e retidão! Assim, ao conhecer melhor tua vida você poderá ser sinal de bênção e paz para pessoas que necessitam de teu apoio, compreensão e visitas neste tempo de advento. Desejo-lhe uma abençoada visita, a ti mesmo/a e ao teu semelhante!
