Parece que não pode ser, mas é: o Natal está chegando. Quer estejamos preparados ou não, o Natal está vindo. É mais um ano de nossas vidas que vivemos, sonhamos, realizamos e - quem sabe - nos frustramos, ficamos insatisfeitos em relação a expectativas que não puderam se realizar. Enfim, é no final de uma etapa que, muitas vezes, apenas nos damos conta de algo que já vinha acontecendo, porém, não percebíamos. É, então, no fim que procuramos avaliar. O que, afinal, se passa no interior de cada pessoa quando chega o Natal? Qual é o sentimento que se faz presente em nosso coração? Percebemos emoções fortes aqui e ali..
Mas o que é, afinal, a razão dessa emoção natalina? No cenário da cidade percebemos mudanças: movimento no comércio, existe pressa no caminhar e andar dos carros. Preocupações com compras... Em meio a esse clima natalino, que desperta emoções, saudades, lembranças, é preciso estarmos inteiros da razão, para que não sejamos movidos meramente pelo emocionalismo do final de ano. Advento quer dizer chegada. Conhecemos o grito da criança: Mãe, a visita está chegando. Este é um grito que nos pode alegrar. Pois já sabíamos que essa visita viria. Ela já foi pré-anunciada. De outro lado, a alegria surge porque sabemos que alguém se lembrou da gente e nos veio visitar. Mas o anúncio da visita pode gerar constrangimento. Sabíamos que ela viria. Mas que visita chata! Tenho de parar, colocar-me à disposição dela. Assim, não raro, a solidão e o isolamento tornam-se preferidos em detrimento de uma oferta da amizade, de comunhão.
IIndependentemente de como estivermos, a visita virá e estará batendo em nossa casa. Na porta de nossas casas, nas ruas de nossa cidade, a visita estará batendo e sendo proclamado: o reino de Deus chegou na terra! O mundo pode celebrar um novo tempo. Deus não se esqueceu da gente. Uma luz entra em nossa vida, a escuridão já começa a ser dissipada. Deus é que vem pessoalmente a nós, na pessoa de Jesus Cristo. O verbo se fez carne - Evangelho de João 1. O Advento, o anúncio da vinda e da presença de Deus na terra, nos faz afirmar com muita clareza e convicção: Faz dois mil anos que Deus está dizendo a nós: tu pertences a mim.
Não temas. Tenho domínio sobre céus e terra. Cristãos não se fixam meramente na questão dos fins dos tempos, fazendo ameaças, inclusive. Mas falam do fim dos tempos por causa do novo tempo que iniciou com a vinda de Jesus Cristo. O novo nos faz saber que o amor de Deus é real e reinará. É através desse amor que cristãos despertarão e capacitarão discípulos para o seguimento de Jesus Cristo. Pois o que transforma e liberta é o amor e jamais o medo e o legalismo. Deus vem, desce e fica morando entre nós. Deus constrói o seu reino em nosso meio através da força do amor.
Logo, o reino de Deus, inaugurado na pessoa de Jesus Cristo, não é uma idéia, mas um novo jeito de viver a vida. Este reino de Deus está hoje ali onde reinam solidariedade, justiça, compreensão, busca por entendimento. De nada adianta a Palavra se não a vivermos em nossas relações. Pois assim Deus tem procedido conosco, viveu o seu amor na pessoa de Jesus Cristo. Que a chegada de Deus represente de fato o renascer da esperança de novos céus e nova terra já visualizada por Ele na pessoa de Jesus Cristo.
Werner Kiefer
pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
na Paróquia dos Apóstoslos
em Joinville - SC
Jornal ANotícia - 06/12/2002