Neste tempo de advento e natal as comunidades estão muito mobilizadas com ensaios natalinos para serem apresentados na noite de natal ou em data próxima a este grande dia. Teatros, presépios, enfeites natalinos diversos, cantatas, jograis, versos, ... são um costume e tradição de muitas comunidades, apesar das críticas de ser “todo ano a mesma coisa”. De fato, mudar a história do nascimento de Jesus não nos é possível, embora possamos fazer ensaios de atualização do que significa o nascimento do Filho de Deus para a humanidade.
Para a comunidade e os familiares é sempre encantador ver as crianças e jovens fazendo do altar o palco e da história de natal o enredo para a encenação teatral. Por vezes o momento é até folclórico. Porém, entre as muitas reflexões que podem ser feitas do momento, animo-me a assinalar apenas 3 pontos:
a) é importante a comunidade celebrar a memória do nascimento de Deus em nosso meio. Recontar, rememorar, reviver a história do nascimento de Jesus na companhia de irmãos e familiares. Perceber que cremos no Deus que vem ao nosso encontro no nascimento de uma criança, frágil, humilde, indefesa, dependente. Perceber que Deus faz história com pessoas que tem nome e sobrenome, assim como você e eu. Perceber que Deus se torna companhia amorosa e salvadora para reescrever a vida e a história;
b) é importante a comunidade perceber que a vinda de Deus gerou um movimento: pastores, magos e pessoas colocaram-se a caminho para estar com a família em Belém (Mateus 2.1ss; Lucas 2.8ss). E este movimento se deu motivado por fé e esperança: pessoas creram no cumprimento da promessa que Deus havia feito (Isaías 9.2ss; Zacarias 9.9ss); pessoas se colocaram em movimento na esperança de dias melhores, de alcançar vida nova, de ouvir e viver a boa notícia. Assim como Deus foi percebido pelos pastores e magos do oriente, também o quer ser por nós hoje. Proclamamos, pois, na noite do natal que Deus está entre nós. Ele é fonte de esperança que também nos anima ao movimento por vida digna e justa;
c) o momento é importante também do ponto de vista pedagógico. É tradição, mas é também ensinamento cristão especialmente para os nossos pequeninos. Lembro-me bem das noites de natal: teatros, jograis, enfeites, hinos natalinos, papai noel ... tudo encantador. Lembranças vivas na memória até os dias de hoje e que foram de grande importância para que os mistérios de Deus e sua presença em nosso meio me fossem apresentados com encanto e magia. Hoje posso testemunhar: ali vivenciei a fé pela primeira vez. Por isso considero o momento divino, encantador, base da vida de fé.
Evitemos os abusos, as distorções, as tentações de fazer da noite natalina a nossa noite de natal. Celebremos com a comunidade a memória, a história, a presença e o ensinamento do Deus que se fez carne e morou entre nós (João 1.14).
Que Deus conceda a todos os atores envolvidos um tempo de paz, de percepção da presença de Deus e de ensinamento da vida de fé.
P. Marco J. Ebeling
Pastor da IECLB em Campinas/SP