Uma história de amor incomum

11/05/2016

Um homem, sua esposa e seus dois filhos emigram. Em sua pátria reina alta inflação e assim eles procuram num outro país conseguir melhorar de vida. Em princípio tudo vai muito bem. Mas, o homem adoece e morre. Os filhos tornam-se adultos e casam com mulheres do novo país. Por algum tempo tudo corre a contento, mas então adoecem também os filhos e morrem. Durante dez anos elas moravam e trabalhavam nas terras de Moabe e agora Noemi e suas noras ficaram sozinhas.

O que fazer? Noemi decide regressar para Belém, à “Casa do Pão”, pois as notícias vindas de lá são muito boas. A fartura faz parte da realidade e assim a vida vale à pena ser vivida.

As noras concordam com a decisão tomada e colocam-se a caminho com Noemi a Belém. Mas, ao longo do caminho surgem dúvidas para Noemi. Ela olha para as jovens mulheres e começa a se preocupar sobre o futuro das duas. Elas poderiam regressar para a casa de suas mães, casar novamente e assim assegurar o futuro. Em fim, o que ela poderia garantir para as duas? Miséria, nenhuma família, nenhuma criança, insegurança...

Tudo isso Noemi discute com as noras. Agradece pela solidariedade demonstrada e abençoa ambas. Mas, elas não desistem. Noemi aborda um último argumento; sua impossibilidade de gerar mais uma vez um filho e assim lhes proporcionar a possibilidade como viúvas casarem mais uma vez. Ela aponta para esta impossibilidade e implora às mulheres regressarem.

O desespero das três mulheres é claramente perceptível; de um lado Noemi, aponta os fatos de forma clara e realista, do outro, Rute e Orpa, que estão em dúvida e não sabem como decidir.

Orpa acaba cedendo ao apelo de Noemi e despede-se em prantos retornando à casa de sua mãe. E Rute? Rute não regressa com Orpa. Ela toma sua decisão e a partilha com Noemi:
“Onde quer queira que tu vás, lá também irei eu; e onde quer que tu pernoites, lá pernoitarei também eu; teu povo é meu povo, teu Deus é meu Deus, onde tu morreres lá morrerei também eu, lá eu quero ser sepultada. Que Deus me castigue de todo modo, mas apenas a morte me separará de ti.”

Com estas palavras Rute comprometeu sua vida com o futuro, com Deus, até mesmo na morte com Noemi. Com esta decisão Rute traz esperança na vida de Noemi. Rute coloca-se ao lado de uma mulher, uma pessoa, que não tem mais nada a oferecer, que está no fim com suas possibilidades. Em suas palavras ela demonstra solidariedade incondicional. Ela não exige retribuição, ela não negocia, ela não espera nada. Talvez seja por isso, que ela foi incluída na genealogia de Jesus; por ter tomada a decisão incondicional da solidariedade com os pobres, que nada podem oferecer, além de sua mísera vida.

Podemos reconhecer aqui o face de Deus, que já no Primeiro Testamento se identifica com os pobres, repudiados e excluídos como seus eleitos? Uma estrangeira coloca um espelho diante de nós e dos habitantes de Belém. Talvez Jesus fez menção à atitude de Rute, quando ele afirma: “quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, das minhas irmãs, foi a mim que o fizeram.”
 


Autor(a): Margit Elfriede Lemke
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Área: Missão / Nível: Missão - Mulheres
Título da publicação: Jornal O Caminho / Ano: 2016 / Volume: jun/2016
Natureza do Texto: Artigo
ID: 37892
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