Um olhar sobre o trabalho da JE na IECLB

04/12/2008

Impressões

Convidado a dar um relatório sobre o trabalho do Conselho Nacional da JE ao Conselho da Igreja, resolvi fazê-lo, não de uma maneira distante e fria, mas de tal maneira que refletisse as inquietações e desafios que o trabalho com jovens merece produzir em seus interlocutores. Falo como quem vive e se compromete com o trabalho da JE. Por isso, como bom luterano, vejo o assunto por dois lados: um preocupante e outro animador.

Preocupante é ver a angústia de algumas comunidades pela ausência de jovens. Há quem diga que esta é a última geração que é luterana porque seus pais o foram. Sinto nelas, ao mesmo tempo, uma certa resistência em relação aos jovens. Quem sabe pelo incômodo que é lidar com pessoas tão instáveis, inquietas e superficiais. Por outro lado fica a pergunta: Quanto poderíamos aprender com eles no sentido de reinventarmos a nossa linguagem para nos comunicar com o mundo. Em vez disso, deixamos os jovens fora dos cultos, da pauta das reuniões e dos orçamentos, porque preferimos o sossego de nossa organização minuciosa, a limpeza de nossas instalações e o silêncio no pátio da igreja.

Não recrimino os obreiros que se cansam de lidar com os jovens e passam a tarefa para terceiros. O que lamento é corrermos o risco de não mais sabermos um dia entender o jovem por pura falta dessa convivência, mesmo que cheia de fracassos e altos e baixos. Podemos terceirizar o trabalho com jovens, mas não terceirizar o relacionamento com eles, o olho no olho.

CONGREJAJE

Me alegra, por outro lado, ver um trabalho frutífero com jovens através dos inúmeros grupos de Juventude pela IECLB. O último CONGRENAJE em Santa Maria de Jetibá/ES reuniu mais de 650 deles de todo país. Não foram só pra se divertir e paquerar. Foram participantes nas palestras, atuantes nos debates e interessados nas oficinas. Me alegrou ver oferta farta de obreiros para assessorar o CONAJE; pessoas que realmente amam o que fazem, que entendem o jovem e gostam de conviver com eles. Me alegra ver nas reuniões do CONAJE a afluência de líderes jovens de todos os cantos do país dando do seu tempo, suas idéias, sua paixão pela causa do Evangelho na IECLB mesmo que nem sempre valorizados pelos seus Sínodos.

Me alegra ver o clima alegre e de respeito entre os jovens. Uma espiritualidade feita de cantos de louvor aprendidos do Encontrão e de passeatas públicas da PPL. Mesmo que a ação entre jovens específica do Encontrão e PPL não resulte necessariamente num engajamento de seus representantes no trabalho da Juventude Evangélica em âmbito Sinodal e Nacional, cresce entre nós um jeito novo de encontro. Não se tem mais tanto medo de falar da sua maneira de crer e seu jeito de celebrar. Cresce a consciência que não é possível mais ficar isolado criticando o outros. A verdade está entre nós, a meio caminho entre a minha contribuição e a tua.

DEC

Me alegra ver o trabalho do DEC, uma equipe muito criativa e dedicada ao trabalho de educação cristã. Há ainda muito que mudar em relação ao modelo de trabalho praticado pelo antigo DNAJ. O novo modelo de trabalho entre o DEC e o CONAJE ainda deve sofrer adaptações no sentido de definir melhor tarefas e competências.

Em todo caso, a organização do 19º Congrenaje foi uma das primeiras grandes ações deste novo modelo com bastante sucesso. Destaca-se a organização e planejamento da infra-estrutura local e doação de trabalho de assessores para oficinas, gerou uma economia significativa para o orçamento da juventude. Foram eleitos os 5 novos orientadores teológicos: Valdir Gromann, Olmiro Junior, Mirian Ratz, Rodrigo Seidel e Leomar Lauvers

CONAJE

Foi eleita a nova coordenação do CONAJE para os anos de 2008-2010, durante a reunião do CONAJE, no dia 13 de setembro, em São Leopoldo/RS, encabeçada pela presidente Sheila Murgia Eggert Potin – do Sínodo Espírito Santo a Belém e a vice-presidente - Patrícia Hoffmann do Sínodo Planalto Riograndense

O CONGRENAJE apontou indicativos para um planejamento do trabalho com jovens. O CONAJE, na referida reunião de setembro fez seu planejamento para os próximos dois anos, pautado nestes indicativos.
●    Capacitar lideranças regionais: As oficinas de lideranças que o DNAJ oferecia continuam sendo realizadas pelos sínodos. O CONAJE propõe divulgá-las melhor e promover o intercâmbio entre sínodos.
●    Formação e integração de novas lideranças em sínodos ou paróquias.
●    Divulgar as deliberações do CONAJE, a fim de manter os sínodos melhor informados.
●    Representatividade efetiva do membro do COSIJE no CONAJE: elaborar cartilha sobre atribuições dos membros do CONAJE e COSIJE.
●    Preparar jovens para o CONAJE: convidar mais uma pessoa do sínodo para participar das reuniões.
●    Regulamentação e conhecimento das diretrizes da JE: revisão das diretrizes para o CONGRENAJE de 2010. Estas diretrizes serão oportunamente encaminhadas ao Conselho da Igreja para aprovação.
●    Elaborar e divulgar material para Dia Nacional da Juventude – 21 de abril
●    Elaborar e divulgar material para Mês de Missão da juventude – setembro

Intercâmbios e representações:

Jovens são desafiados e selecionados para intercâmbios no exterior com igrejas irmãs. Ao voltar apresentam relatórios empolgados. Temos intercâmbios com a ELCA (Igreja Luterana dos EUA), com a Baviera (Igreja Luterana Territorial do Sul da Alemanha) e com a Suécia. Este último implica na hospedagem anual de 4 jovens suecos no Brasil.

Cabe ressaltar também as tarefas de representações que nossos jovens exercem em nome da IECLB mundo afora: na 9ª Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas, na Consulta Mover Las Águas, em El Salvador, na “Summer School on Water, promovida pela Rede Ecumênica de Água – CMI, no Conselho Latino-Americano de Igrejas e na Assembléia Geral da Federação Luterana Mundial – 2010

Desafios

Enquanto muitos tratam os jovens como problema, as igrejas luteranas no mundo todo estão desafiando suas comunidades a serem afirmativas em relação a eles. Para isto, importantes perguntas devem nos inquietar:
●    Estaria no jovem a chave para a Igreja superar sua crise diante dos novos tempos?
●    Estaria na convivência e diálogo com o jovem o segredo de uma ação missionária mais contextualizada e dinâmica?
●    Estaria nesta faixa etária, tão mal compreendida e discriminada, o aprendizado de um importante traço de nossa postura cristã no mundo?

Em todo caso, só teremos respostas a estas perguntas se tentarmos; se levarmos os jovens à sério investindo energia e recursos para tê-los entre nós como irmãos e co-gestores de nossa IECLB. Que Deus nos abençoe!

São Leopoldo, 21 de novembro de 2008

Cláudio Kupka
Pastor da IECLB na Paróquia Matriz de Porto Alegre - nascido em São Leopoldo, 45 anos, está no ministério pastoral da IECLB há 22 anos atuando com ênfase na área dos jovens e em centros urbanos. A música fez parte intensa de sua vivência na Igreja. Além do canto, do violão, atuou como compositor, regente, produtor, participou da organização do HPD2, e outros materiais. Participou do Conselho de Música, do Conselho de Liturgia da Igreja.
 


Autor(a): Cláudio Kupka
Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Jovens / Organismo: Juventude Evangélica - JE
Natureza do Texto: Artigo
ID: 6793
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