Solidariedade e Paz

Artigo

01/01/2005

A Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil estão se mobilizando no tempo da Quaresma do ano em curso, para a segunda Campanha Ecumênica da Fraternidade. O tema da Campanha já é conhecido e destaca o binômio: Solidariedade e Paz.

A realidade mundial oferece inúmeras razões que justificam a abordagem da temática. O espírito da individualidade e do particularismo, uma tendência presente na vida humana desde o início da sua criação, produz atitudes egoístas e desumanas. Posturas egocêntricas não toleram a solidariedade e desprezam a cultura da paz. O escalonamento dos conflitos e a prática crescente da violência corroem a convivência harmônica na sociedade. Esta realidade dificulta inclusive o relacionamento respeitoso e a prática fraterna entre as pessoas nas diferentes Igrejas e desconsidera o convívio tolerante entre as religiões.

Solidariedade e Paz, um tema fundamental para a Campanha Ecumênica da Fraternidade está a serviço da construção de uma nova ordem social em favor de um mundo diferente, assim como é da vontade do Criador. Os propósitos da Campanha são suficientemente claros e nos desafiam em conjunto para:

- fortalecer a capacidade de diálogo;
- implodir a cultura da violência;
- promover o reconhecimento de que a semente da bondade se encontra e pode brotar também na vida da outra pessoa;
- desenvolver o espírito de reconciliação e a confiança mútua.

O mandato do Evangelho é indiscutível; ele coloca às pessoas a vivência prioritária do mandamento do amor. Esta é a lei áurea na comunidade cristã. A ação bondosa de Deus, que se manifestou de forma mais completa na pessoa de Jesus Cristo, inspira as pessoas cristãs para o exercício de um novo estilo de vida.

A teologia da Reforma luterana e a sua espiritualidade tem como vertente a Palavra da Cruz , conforme 1 Coríntios 1,18. Na pessoa de Jesus Cristo, Deus se torna vulnerável e traça a partir da sua fraqueza o caminho da reconciliação. O sacrifício de Deus na cruz sustenta a crítica que o Evangelho e a fé fazem em relação às políticas humanas que apostam na força e no monopólio dos fortes sobre os fracos. No mundo moderno é grande a tentação de assegurar o monopólio do poder mediante o uso da força e da opressão e, quando se achar conveniente, se justifica até a intervenção militar além da tática do estrangulamento econômico.

Graças ao amor de Deus faz sentido, apesar das diferenças, cooperarmos juntos na Igreja, o Corpo de Cristo. O empenho por uma ordem social mais humana e igualitária amparada por uma nova atitude ética precisa do esforço conjunto.

Desejo que a Campanha Ecumênica da Fraternidade seja um estímulo motivador importante na busca comum de um mundo alternativo onde a Solidariedade e a Paz sejam os princípios orientadores.

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diocese Informa - 01/2005

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