Sarah Poulton Kalley (1825-1907)

Obra e Biografia

29/06/2012

Kalley, Sarah Poulton (1825-1907)

HPD nº 084, 085, 117, 120, 127, 132

Sarah Poulton Wilson nasceu em Nottingham a 25 de Maio de 1825. . Faleceu a 8 de Agosto de 1907 na sua casa em Edimburgo (Escócia). . Foi sepultada no Dean Cemitery, junto de seu marido.

A família de Sarah era descendente dos huguenotes – cristãos calvinistas que viviam na França nos séculos XVI e XVII. Estes cristãos eram perseguidos ferozmente e são ainda hoje lembrados pela terrível carnificina conhecida como “a noite de S. Bartolomeu”. Aproximadamente 200.000 huguenotes fugiram para os países mais perto da França: Suiça, Holanda e Alemanha e a família de Sarah fugiu para Inglaterra.

Sarah nasceu em Nottingham, Inglaterra, como filha de William Wilson e Sara Morley (irmã de Samuel Morley, proeminente membro do Parlamento Britânico). A sua mãe morreu quatro dias depois do seu nascimento. Com um pai jovem a pequenina Sarah necessitava de uma mãe por isso o seu pai voltou a casar, e outros filhos nasceram. A esposa Eliza era doente e por isso tiveram que se mudar para outro lugar, Torquay. Apesar do pai constituído outra família, Sarah viveu algum tempo em casa da sua avó paterna, não muito longe do resto da família para estudar e entrar no internato, em Camberwell, ao sul de Londres. Passou seis anos nesse colégio e era vista como uma menina alegre. Foi uma aluna brilhante e tornou-se uma boa pianista, pintora, poetisa e poliglota (domínio de diversos idiomas). O tempo que passou no colégio preparou-a para a vida como mais tarde vem a demonstrar.

Sarah tinha muita habilidade para ensinar, e seu pai, que era superintendente de Escola Dominical, deu-lhe uma classe de rapazes, na capela que ele tinha construído em Torquay (naquele tempo havia classes separadas de rapazes e de moças). Isso não lhe era suficiente, e por isso iniciou um curso noturno para os rapazes que trabalhavam de dia, dando a esses jovens conhecimentos gerais, nunca os perdendo de vista. Um desses alunos, Will Deatron Pitt, foi mais tarde para o Brasil para ajudar o casal Kalley e tornou-se Pastor Presbiteriano.

A vida de Sarah ao lado de Robert Reid Kally começou no Oriente Médio. No ano de 1851, o irmão de Sarah, Cecil Wilson, que estava tuberculoso, foi enviado para o Egito para se recuperar. Tal não aconteceu, e o pai juntamente com o outro filho Henry e Sarah foram encontrar-se com ele em Beirute. Outra finalidade da viagem era a de encontrarem o Dr. Robert Reid Kalley que em 1851 perdera a sua esposa com a mesma doença. A esperança do pai de Sarah estava depositada neste médico, que depois de examinar o doente, dado o seu estado avançado de tuberculose, declarou a sua impotência para reverter a situação. Deste encontro resultou mais do que o diagnóstico do Dr. Kalley. O irmão de Sarah faleceu, mas o médico, que não lhe era totalmente desconhecido – pois ouvira falar dele e sobre o seu trabalho que tinha feito na ilha da Madeira, inclusive as perseguições por causa do Evangelho – impressionou muito a jovem Sarah. Deste encontro nasceu o amor que os uniu até ao fim das suas vidas. Casaram-se no dia 14 de Dezembro de 1852.

Estiveram ambos nos Estados Unidos, em 1853, em visita aos crentes portugueses refugiados em Lacksonville e Springfield por motivo de terrível perseguição religiosa sofrida na Ilha de Madeira.

Em 1855 Sarah acompanhou seu esposo ao Brasil, onde os dois se dedicaram a atividades missionárias, inaugurando no Rio de Janeiro a Igreja Evangélica Fluminense, da qual se originaram outras, que mais tarde constituíram a denominação Congregacional. Sarah foi uma colaboradora corajosa. Para aquela época era-lhe impensável um determinado número de coisas, dada a sua condição de mulher, mas ela não desistiu dos seus ideais. Fundou a primeira Sociedade de Senhoras a 11 de Julho de 1871, com onze senhoras.

Como o casal Kalley não tivesse filhos, adotou duas crianças brasileiras: João Gomes da Rocha, que veio a estudar medicina em Londres, onde exerceu a profissão até morrer e escreveu numerosos hinos, dos quais muitos se encontram na coleção “Salmos e Hinos”; e a menina Silvana Azara, adotada aos dois anos de idade com o nome de Sia Kalley, que se casou em 1908 na Inglaterra com o Dr. Ian Struthers Stewart.

No que diz respeito à música dona Sarah organizou a coleção “Salmos e Hinos”, para a qual produziu cento e sessenta e nove (169) cânticos, dos quais seis (6) se encontram em nosso hinário Hinos do Povo de Deus (HPD nº 84, 85, 117, 120, 127, 132). - Na Corte, após iniciado o trabalho evangélico, dona Sara Kalley dava aulas de música aos crentes com o intuito de aperfeiçoar o canto congregacional. Ensaiava hinos e dirigia o coro.

Ao regressar definitivamente à Inglaterra, e já falecido o Dr. Kalley (+25-12-1873), Sarah fundou, juntamente com algumas pessoas interessadas na evangelização, a missão “Help for Brazil”, que mais tarde se reuniu a outras entidades congêneres para constituir a “União Evangélica Sul Americana” (U.E.S.A.).

Embora idosa, franqueou sua confortável residência, em Edimburgo na Escócia, aos jovens estudantes universitários que por motivo das aulas se achavam longe das respectivas famílias, e, com a alegria que a caracterizava e o calor do seu coração, inspirou a muitos, exercendo sobre todos benéfica influência e atraindo-os a Cristo, o que lhe granjeou o carinhoso cognome de “Mãe de Edimburgo”.

Dona Sarah faleceu em sua residência, chamada de “Campo Verde” em lembrança do Brasil, naquela cidade, em 08 de agosto de 1907, aos oitenta e dois anos de idade.

Fonte: Henriqueta Rosa Fernandes Braga “Música Sacra Evangélica no Brasil”, Rio de Janeiro, 1961, pág. 322-323
e http://www.portalevangelico.pt/noticia.asp?id=3082

Hinos de Sarah Poulton Kalley em Hinos do Povo de Deus:

HPD nº 84: Espírito de Deus, fiel Consolador, melodia de ?.
HPD nº 85: Vem, Espírito divino, grande ensinador, melodia de William Howard Doane, 1870.
HPD nº 117: Jesus, pastor amado! Reunidos hoje aqui, melodia de Crétien Urhan, 1834.
HPD nº 120: Ó Cristo bendito, divino Pastor, melodia de Thomas Selle, 1655.
HPD nº 127: Teu santo livro, excelso Deus, melodia de Karl Gotthelf Gläser, 1821.
HPD nº 132: Fonte da celeste vida, vem, descobre o teu poder, melodia de John Hughes .
 


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Autor Letra
ID: 15588
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