Centro de Integração Martinho
Relatório de Atividades 2005
Localização: Aglomerado da Serra, Belo Horizonte, MG
Beneficiados: ca. 300 educandos, a partir de 6 anos
Parceiros em 2005:
- Amencar
- Comitê pela Democratização da Informática
- Corpo Cidadão
- Prefeitura de Belo Horizonte
- Projeto Criança Esperança
Mais detalhes: Site do Centro de Integração Martinho
Desde 1996, a Instituição Beneficente Martim Lutero, IBML, busca, no Centro de Integração Martinho, CIM, possibilitar a mobilidade social dos jovens da Vila Fátima, localizada numa das regiões mais pobres de Belo Horizonte, o Aglomerado da Serra. Para cerca de 300 crianças, adolescentes e seus familiares foi oferecida, durante 2005, uma complementação educacional, através de diversas oficinas.
Em 2005, aconteceram diariamente, durante a semana, de 8h30 às 18h, oficinas de dança contemporânea, capoeira, percussão, dança de rua, jogos e brincadeiras, informática e cidadania, Programa Para Jovem, iniciação musical e cerâmica. Aos sábados, o CIM oferece atendimento sócio-familiar e oficina temática para uma turma de mães jovens sobre gravidez na adolescência (a partir do segundo semestre).
Mensalmente a equipe se reúne para a reunião pedagógica, discutindo temáticas levantadas pela própria equipe e/ou que são sugeridas através de observações da coordenação para a melhoria na afinação do e no trabalho.
Espaço Físico
Durante o ano de 2005 ficou explícita a principal dificuldade do Centro de Integração Martinho (CIM): a falta de um espaço adequado para executar suas atividades. Redução de oficinas, atritos entre parceiros e diversos problemas cotidianos dificultaram o trabalho diaconal no Aglomerado da Serra.
Entretanto esse foi o ano em que muito se avançou na tentativa de se melhorar o espaço físico. Já em janeiro, a Instituição Beneficente Martim Lutero, IBML, adquiriu o atual prédio do CIM, permitindo assim a busca por parcerias para reformá-lo.
Assim, foi elaborado o anteprojeto Um Sonho em Construção, prevendo a construção de um novo prédio no terreno do CIM. Em etapas, o planejamento permite a continuidade do atendimento durante a obra. Diversos parceiros foram contactados, tanto no Brasil como na Alemanha e o anteprojeto já está em fase de avaliação.
Articulação com a comunidade local
O ano de 2005 também foi marcado por uma melhor articulação política entre o Centro de Integração Martinho e as demais instituições sociais atuantes no Aglomerado da Serra.
Em junho um grupo de entidades da rede de atendimento da Vila Fátima, onde se localiza o CIM, começou a se encontrar quinzenalmente para apresentações de cada organização social e troca de experiências das mesmas. Esse grupo passou a se chamar Rede Vila Fátima e participam dele:
Centro de Saúde São Miguel Arcanjo, Projeto Criança Esperança, Associação dos Moradores da Vila Fátima, Escola Municipal Edson Pisani, Fraternidade Irmãos Lázaro e Centro de Integração Martinho.
O CIM foi convidado, em agosto, para fazer parte do colegiado da Escola Municipal Professor Edson Pisani. Foram indicadas pela Instituição Beneficente Martim Lutero como representantes a coordenadora do Programa de Socialização Infanto-Juvenil, Valdineia Bull, e a conselheira Silvana Knup. O Colegiado é um espaço aberto para discussão, onde os representantes ajudam com sugestões, votando e deliberando ações e necessidades da escola e da Unidade Municipal de Educação Infantil (creche) assumida em 2005 pela escola.
Valdineia Bull foi escolhida em agosto a representante do Fórum do Programa de Socialização Infanto-Juvenil, rede de entidades atendidas pela Prefeitura de Belo Horizonte nesse programa, no Grupo Interinstitucional de Combate ao Trabalho Infantil. Além do Fórum participam desse Grupo: o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA-BH), a Delegacia Regional do Trabalho (DRT-MG), Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente (FECTIPA-MG), Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Ministério Público-MG (MP-MG). Por enquanto esse tem sido um espaço mais informativo onde as ações e resultados da campanha de combate do trabalho infantil são acompanhados mais de perto.
Capacitações
Além das atividades cotidianas, os colaboradores do Centro de Integração Martinho participaram de diversas capacitações, oferecidas pela Instituição Beneficente Martim Lutero e pelas entidades parceiras.
Em fevereiro e agosto educandos, educadores e coordenadores do CIM participaram do Programa de Alternativas à Violência, PAV, oferecida voluntariamente por Kirenia Criado Pérez. O objetivo do encontro foi trabalhar as alternativas à violência e resolução de conflitos sem violência, trabalhando na tomada de decisões e ações para mudanças sociais positivas.
O Corpo Cidadão, parceiro do CIM, ofereceu um curso de formação de educadores sociais a educadores e coordenadores. Durante o mês de julho colaboradores das entidades parceiras do Corpo Cidadão participaram da oficina ministrada por Tião Rocha, presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, em Curvelo (MG). Dessa capacitação resultou a discussão coletiva do Plano de Trabalho e Avaliação e a introdução de encontros diários, chamados de rodas, entre educandos, educadores e demais colaboradores no início de cada turno.
Em junho, a coordenadora do Programa de Apoio Sócio-Familiar, Cláudia Silva, participou do III Encontro do Terceiro Setor. Organizado pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, as palestras reuniram profissionais dos três setores e foi discutida, principalmente, a necessidade de melhorar a relação entre o Poder Público, a Iniciativa Privada e as Instituições da Sociedade Civil.
A ASSPROM, Associação Profissionalizante do Menor de Belo Horizonte, ofereceu dois encontros anuais para coordenadores. Os temas foram Os desafios na formação do adolescente, Homossexualidade e Gravidez na Adolescência, Os reflexos da família no ambiente de trabalho, Inclusão Social, A promoção e a valorização da diversidade.
Em novembro a Coordenadora de Administração da Casa, Cláudia de Jesus, freqüentou o curso de habilidades gerenciais, oferecido pelo SENAC — Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. Durante dez dias foram ensinados, através de filmes, dinâmicas, debates e aulas expositivas, as principais características de uma liderança administrativa.
De maio a novembro, Valdineia Bull, coordenadora do Programa de Socialização Infanto-Juvenil, e Edicarlos Prezotti, auxiliar social do Programa Para Jovens, participaram do curso Educação em Afetivo Sexual, oferecido pelo programa de extensão da PUC São Gabriel.
Festas
Muitas crianças, inclusive irmãos e parentes dos beneficiados, participaram da festa natalina do Centro de Integração Martinho, no dia 10 de dezembro. Houve sorteios dos brinquedos doados pela ASSPROM e de lembranças para os adultos. A apresentação de dança de rua de um grupo do Aglomerado da Serra foi muito aplaudida. Ainda nessa festa teve a entrega dos certificados de conclusão do curso de informática e cidadania.
Atividades Regulares
As ações sociais-diaconais no Centro de Integração Martinho são divididas em cinco coordenações: Programa de Socialização Infanto-Juvenil, Programa para Jovens, Escola de Informática e Cidadania, Programa de Apoio Sócio-Familiar e Coordenação da Casa. Abaixo segue os relatórios específicos de cada área:
Programa de Socialização Infanto-Juvenil
Refletir sobre os acontecimentos comuns do dia a dia pode parecer o melhor dos caminhos, e continuamente fazer descobertas sobre os educandos e sobre si mesmo, incluindo erros e acertos, limites e potencialidades. Essa tarefa deve ser constante no processo de ensino-aprendizagem diaconal.
Em 2005 o Programa de Socialização Infanto-Juvenil teve 186 educandos, sendo 147 entre 6 e 14 anos e 39 na faixa etária de 15 a 18. A esse público foram oferecidas as seguintes atividades:
Oficinas Dia da semana Parceiros
Iniciação em
flauta-doce Manhã: de Segunda a sexta-feira Annette Maurer (voluntária)
Tarde: Segunda, Quarta e Sexta-feira
Oficina temática Quinta e sexta-feira
Capoeira Angola Quarta e sexta-feira Corpo Cidadão
Dança Contemporânea Segunda e quarta-feira Corpo Cidadão
Dança de Rua Terça e quinta-feira Corpo Cidadão
Percussão Quinta-feira Corpo Cidadão
Artes Plásticas Segunda e sexta-feira Corpo Cidadão
Esporte Terça e sexta-feira Juizado da Infância e Juventude — PBH
Cerâmica Terça-feira Criança Esperança
Quarta-feira Criança Esperança
Jogos e Brincadeiras Todos os dias – Manhã e tarde ASSPROM
Além dessas atividades, alguns educandos do CIM participaram de outros cursos que o Corpo Cidadão dispôs a suas entidades parceiras. Uma oficina de dança ocorreu, duas vezes por semana, no teatro do Grupo Corpo, formando o grupo experimental. O curso de Figurino e Moda aconteceu uma vez por semana na Associação Querubins, onde também houve aos sábados as atividades de música instrumental.
Durante 2005 houve diversos momentos de descontração e várias apresentações dos educandos do CIM inscritos no Programa de Socialização Infanto-Juvenil.
No dia 17 de setembro, alguns educandos de percussão do CIM participaram do Encontro de Tambores que aconteceu na Praça da Savassi. Nesse mesmo dia, outros participaram de uma aula aberta de dança contemporânea no projeto Lote de Idéias, realizado no bairro Belvedere pela Escola de Arquitetura da UFMG.
No dia 29 de setembro, os educandos das oficinas de flauta doce do turno da manhã apresentaram algumas músicas folclóricas na inauguração do Centro de Saúde São Miguel Arcanjo. No mesmo dia, educandos das oficinas de percussão se apresentaram na II Semana Cultural do Surdo na Escola Estadual Especial Francisco Sales, onde estuda um educando do CIM.
Em outubro, 89 crianças de seis a 12 anos foram levadas para o clube SESC – Venda Nova, onde participaram do evento Criança em Evidência e usufruíram bem do espaço de lazer e de recreação: cama elástica, pula-pula, piscina, tubo-água, confecção de bonecos, artes, etc.
Além das capacitações indicadas no relatório geral do Centro de Integração Martinho, houve ainda alguns cursos voltados para colaboradores do Programa de Socialização Infanto-Juvenil.
A Prefeitura de Belo Horizonte ofereceu, em julho, a I Semana de Formação 2005 TUDOHAVER, com as ênfases em identidade, metodologia e gestão do atendimento comunitário – 6 a 14 anos. Foram então repassados alguns subsídios e as dinâmicas vivenciadas foram multiplicadas.
Do período de 29/11 a 2/12, Valdineia Bull, coordenadora do Programa de Socialização Infanto-Juvenil, e Roseli do Carmo, educadora da oficina de Jogos e Brincadeiras, participaram da formação de Gestores de Aprendizagem Sócio-Educativa (6 a 14 anos), uma iniciativa da Fundação Itaú Social e UNICEF, coordenado pelo CENPEC, Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, e em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte. O objetivo foi investir na formação conjunta de coordenadores e educadores de ONGs e representantes das escolas municipais e estaduais, técnicos das secretarias de educação e assistência social e membros dos Conselhos Municipais da Educação (CME), Assistência Social (CMAS) e dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). O projeto prevê 12 meses de formação — 104 horas de encontros presenciais — e é composto pelas seguintes etapas: três módulos presenciais, visita técnica, acompanhamento à distância via Internet e encontro de avaliação.
Programa Para Jovens
As atividades do Programa Para Jovens são voltadas para adolescentes do Aglomerado da Serra com idade de 15 a 18 anos. Acompanhado pela Prefeitura de Belo Horizonte e com recursos do governo federal, essa parceria atua no Centro de Integração Martinho desde 2001.
Em 2005 foram oferecidas 50 vagas em dois núcleos, um pela manhã e outro pela tarde. Ao longo do ano houve 18 desligamentos, rapidamente repostos por adolescentes que estavam na lista de espera. A maioria dos educandos se retirou do Programa por atingir a maioridade, por desinteresse nas atividades ou por terem dificuldades em freqüentar as atividades.
Ao longo de 2005, os jovens participaram de oficinas temáticas, onde foram debatidos temas como identidade, auto-estima, relações de grupo, sexualidade, DST/AIDS, políticas públicas para juventude, projeto de vida, protagonismo juvenil, Estatuto da Criança e do Adolescente, racismo/preconceito, diagnóstico comunitário, drogas e violência, gravidez precoce e responsabilidade paterna.
Também foram realizadas palestras, envolvendo os jovens e seus familiares, para falar de diversos problemas comuns aos educandos, como a mobilização social, alcoolismo e brigas, além de atividades do Observatório da Juventude, programa de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, para discutir novas diretrizes de políticas para a juventude.
As oficinas de esporte contaram com o apoio do Projeto Criança Esperança, que forneceu os educadores e importante suporte pedagógico. Os educandos praticaram futebol, vôlei, peteca, além de aprender sobre o respeito aos colegas e às regras. Em dezembro, oito jovens participaram de um torneio realizado pelo parceiro no Rio de Janeiro.
Além disso, os educandos do Programa Para Jovens participaram de diversas atividades de intercâmbio comunitário com jovens de outros suportes sociais atuantes no Aglomerado da Serra.
As atividades culturais com a supervisão da Fundação Municipal de Cultura começaram em agosto. Além de participar das oficinas de dança, movimento e expressão corporal, os jovens assistiram a exposições e espetáculos teatrais e de dança. Devido à escassez de espaço no Centro de Integração Martinho, as oficinas de dança tiveram algumas dificuldades e atritos com outros parceiros, como o Corpo Cidadão.
Em novembro foi realizada, ainda com o apoio da Fundação Municipal de Cultura, uma atividade de fotografia, parte da oficina sobre sexualidade, quando os jovens fotografaram, entrevistaram seus colegas e futuras mães e discutiram o problema do grande volume de jovens grávidas, cada vez mais presente no Aglomerado da Serra.
Então foi montado um documento para servir de base ao trabalho de prevenção à gravidez não planejada entre adolescentes da comunidade. Esse trabalho ocorreu por meio de palestras e distribuição de panfletos e o aprendizado do uso de preservativo.
Dezesseis jovens foram encaminhados a cursos profissionalizantes e receberam certificados oferecidos dentro do Projeto Qualificarte, da Prefeitura de Belo Horizonte. Entre os cursos mais procurados estão: informática, pinturas especiais, garçom, atendente de comércio e telemarketing. É importante ressaltar que, alguns dos jovens encaminhados em anos anteriores já trabalham hoje na área que cursaram.
Em 2006, o Programa Para Jovens será ampliado no Centro de Integração Martinho, e passará a receber 50 jovens da Vila Cafezal, totalizando 100 educandos beneficiados. Esse crescimento comprova a qualidade do trabalho realizado e a confiança da Prefeitura de Belo Horizonte, parceira nesse projeto.
Escola de Informática e Cidadania
O ano de 2005 da Escola de Informática e Cidadania foi marcado pela diversidade no atendimento à comunidade. Aproveitando a compreensão dos parceiros em incluir em seu atendimento faixas etárias acima do seu público alvo, o Centro de Integração Martinho se adequou à procura, conseguindo atender a todos os interessados. Apóiam a Escola de Informática e Cidadania o Comitê pela Democratização da Informática, CDI, e o Projeto Criança Esperança.
Ao longo de 2005, 33 pessoas participaram das oficinas de informática e cidadania, contando com as pessoas que saíram durante o curso. Em dezembro, formaram 21 educandos, sendo 11 adolescentes e 10 adultos, com a particularidade de serem mães, na sua maioria solteira e dona-de-casa, em busca de uma melhor qualificação profissional.