Pacifista lembra que igrejas também pecaram apoiando conflitos

17/05/2011

O pacifista Paul Canon Oestreicher fez um chamado às igrejas de todas as tradições espirituais, ontem, na abertura da Convocatória Ecumência Internacional pela Paz, para que fortaleçam seus posicionamentos sobre a paz e reconheçam, em sua própria história, episódios em que declarararam guerras em nome de Deus.

Sob o signo da cruz, nações cristãs conquistaram outras nações, lembrou. Nas Cruzadas, massacramos os filhos do Islã. Isso não foi esquecido. Nós, assim como nossos irmãos e irmãs do Islã, achamos que há um lugar assegurado no céu para aqueles que morrem no campo de batalha”, disse.

Oestreicher reconheceu que o caminho para a paz é obstruído por diversos aspectos políticos complexos. Quando a guerra começa ela é considerada, pela maioria dos nossos vizinhos, como algo a ser honrado e até, provavelmente, necessário e nobre. Isso camufla uma realidade sangrenta e cruel”, concluiu.

A Convocatória foi aberta, nesta quarta-feira, em Kingston, Jamaica, com a participação de 1 mil teólogos, líderes religiosos, pacifistas e militantes dos direitos humanos. O secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor Olav Fykse Tveit, moderou a sessão de abertura do evento, saudou as igrejas-membro e suas histórias de busca pela paz e reconciliação.

Acredito que Deus nos chamou aqui, vindos de muitas partes do mundo, para que levemos a nossos países as experiências que viveremos, disse. Muitos de vocês carregam a realidade da injustiça da violência, agregou.

Os representantes caribenhos e da Jamaica deram as boas-vindas aos participantes da Convocatória. O primeiro-ministro jamaicano, Bruce Golding, reconheceu o histórico de violência em seu país e, ao mesmo tempo, a engenhosidade e capacidade para enfrentar a violência ao longo das décadas.

Realmente acredito que todos nós fomos criados pelo mesmo Deus, afirmou. O desafio é: como podemos transformar a nossa discussão num conjunto partilhado de valores que sejam universalmente aceitos e apoiados.

Os teólogos resposnáveis pelas palestras de abertura iniciaram os trabalhos com perguntas que os participantes irão debater ao longo da Convocatória. O arcebispo metropolita Hilarion de Volokolamsk, presidente do Departamento de Relações Exteriores da Igreja Ortodoxa Russa, falou sobre cristãos e outros grupos ao redor do mundo que são expostos diariamente a humilhações e ameaças.

A questão principal que temos de responder é o que nós, como cristãos, podemos fazer juntos diante da crescente violência, agressão, exploração e terror, frisou.

A Convocatória marca o final da Década para Superação da Violência, um programa do CMI que procurou fortalecer as iniciativas já existentes e as redes de prevenção e superação da violência, bem como inspirar a criação de novas frentes.

A teóloga e pastora da Igreja Evangélica da Alemanha, Margot Kaessmann, disse que os participantes da Convocatória são parte de uma viagem longa e complexa que está apenas começando nesta semana.

Nossas economias lucram com a guerra e a violência que lamentamos”, destacou. A religião desempenha um papel fundamental no que diz respeito à construção da paz e superação da violência. Chegou a hora de a religião se recusar a ser usurpada pelo derramamento de óleo no fogo da guerra e do ódio.

A abertura da CEIP foi transmitida para todo o mundo através do website www.overcomingviolence.org. As principais plenárias também serão transmitido ao vivo.

Marcelo Schneider
ALC/CMI

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