Os primeiros imigrantes alemães em Santa Catarina se fixaram na Região da atual Grande Florianópolis

01/08/1987

 

Os primeiros imigrantes alemães em Santa Catarina se fixaram na Região da atual Grande Florianópolis

Os-alemães que em 1828 aportavam em Desterro (Florianópolis) procuravam a terra prometida no interior do município de São José, principalmente na localidade de São Pedro de Alcântara. Ali se estabeleceram com agricultura de pequeno e médio porte, já que a região montanhosa não permitia maiores extensões agrícolas. Entre estes imigrantes, muitos professavam a fé evangélica. Decepcionados com as intempéries do clima e a nem sempre boa terra naquele local, muitos saíram dali, espalhando-se nas regiões vizinhas ou retornando à cidade, estabeleceram-se então como agricultores, comerciantes e artífices. Além da falta de assistência espiritual, a maior necessidade que os pioneiros evangélicos de Santa Catarina sentiram foi na área da educação. A grande maioria das crianças e dos adolescentes não teve oportunidade de freqüentar uma escola.

Para superar esta dificuldade e lacuna, o Pastor Wagner, de Santa Isabel, construiu em 1863, junto à casa pastoral, que fora edificada no ano anterior, uma escola. Esta, conhecida por Anstaltshaus, tinha por objetivo educar e ensinar a todos os filhos de agricultores evangélicos residentes num raio de 8 a 10 horas de caminhada. A conclusão desta construção ocorreu em 1864. Mas, por motivos financeiros o referido educandário ainda não pôde ser ativado. Neste interim, o Pastor Wagner foi transferido ao Rio de Janeiro, encontrando no Pastor Tischhauser o seu sucessor. Este adquiriu um imóvel de 2, 4 hectares ao preço de 800 Milreis, para através do seu cultivo tornar a escola autosuficiente quanto à sua manutenção. Amigos do projeto, residentes na Alemanha e na Suíça enviavam regularmente as suas ofertas para auxiliar na concrtização e na manutenção do empreendimento.

Finalmente no dia 1. de fevereiro de 1864 a escola pode iniciar as suas atividades com um total de 20 alunos. Em pouco tempo este número dobrou. O desenvolvimento foi tamanho, que dois anos após, a escola teve que ser aumentada. Foi edificado então o alojamento masculino, uma estrebaria para o gado e adquirido mais uma área de 4,8 hectares de terra ao preço de 1400 Milreis. Digno de nota é o fato dos primeiros pastores de Santa Isabel terem sido nomeados e remunerados pelo governo brasileiro. Até 1870 a escola foi atendida exclusivamente pela familia pastoral. Devido ao seu crescimento, a escola missionária da Basiléia — Suíça, enviou à escola de Santa Isabel e professor Christian Zluhan para dedicar-se inicialmente por completo às atividades do ensino. No início deste século, ou seja, em 1910 a maioria das localidades vizinhas possuíam a sua escola, por isso o educandário de Santa Isabel encerrou as suas atividades específicas de ensino. Pelo fato das suas instalações estarem em condições precárias, foram demolidas e substituídas por outra edificação que até a presente data serve como casa de retiros à nível local, distrital e regional.

Também em Florianópolis os alemães evangélicos engajaram-se no campo da educação e do ensino. Depois de várias tentativas mal sucedidas pelos mais diferentes grupos, foi criada no dia 6 de maio de 1856 um educandário de nível secundário com um total de 7 matérias, que levava o nome de Lyceum. A maioria dos seus professores eram alemães protestantes, que devido a este fato eram vistos com desconfiança, mas não demoraram em conquistar o seu espaço devido ao gabarito do seu conhecimento e das suas aulas. Devido à troca de presidente da Província de Santa Catarina voltou a reinar hostilidade em relação aos professores alemães e protestantes.

Em 1864 o património do Lyceum foi entregue pela autoridade acima citada à ordem católica dos jesuítas. Na mesma época os imigrantes alemães haviam-se organizado à nível social através de uma entidade denominada Harmonie. Não demorou muito e a Sociedade Harmonie fundou a sua escola. Na ata de fundação desta escola, que ocorreu antes de julho de 1868 consta o seguinte: A fundação de uma escola alemã nesta localidade foi reconhecida como necessidade premente por muitas famílias alemãs; como porém as famílias mais interessadas não se acham em condições de por si só sustentar uma escola, os membros do Clube Harmonie, reconhecendo o valor da cultura alemã, e auxiliados por muitos não associados, possibilitaram a fundação e conservação.' de uma escola popular alemã.

Na mesma época veio à Florianópolis o seu primeiro Pastor, o Dr. Phil. Carl Max Greuel, natural de Berlim e formada em teologia e filosofia, fundando em 1969 a Comunidade Evangélica Alemã de Santa Catarina, com o trimônio: Igreja, Escola, Cemitério. O Pastor Greuel, que tomou a si também o cargo de professor, fez questão que a Escola fosse parte integrante da Comunidade Evangélica local.

O referido educandário estava com as suas portas abertas também aos filhos dos agricultores alemães dos arredores. Já em 1868 a escola da Comunidade Evangélica Alemã de Florianópolis contava com um total de 25 alunos. Quanto à importância dada à educação cabe citar parte de uma ata daquele tempo, onde consta: o mais importante e necessário é a escola. O projeto da construção da igreja assim ou assim tornara-se irrealizável, devido à partida do pastor.

Com a transferência do Pastor Greuel em 1870 para o Rio de Janeiro, Florianópolis passou a ser atendido até 1902 pelos Pastores de Santa Isabel. A escola, porém, continuou funcionando regularmente, tendo as suas atividades encerradas somente durante a 2ª. Guerra Mundial perdendo inclusive as suas instalações. Na década de 1970 o governo do 'Estado de Santa Catarina devolveu à Comunidade de Florianópolis o patrimônio da antiga escola, a qual atualmente abriga uma livraria cristã, a secretaria da Comunidade, o gabinete do pastor, a sede da Munil, a Escola Dominical, e o Jardim de Infância mantido pela Comunidade.


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