Oração Escrita e Oração Espontânea
Podemos louvar o Senhor e conversar com Ele através da música e das artes plásticas, porém na maioria das vezes o fazemos através da palavra, ou seja, através da oração espontânea. Este pequeno trecho, de uma carta do Pastor Sinodal Rolf Schünemann, nos lembra que além da oração espontânea também há outras formas:
“A espiritualidade cristã evangélica contemporânea abandonou a tradição de escrever orações. Diz-se que não correspondem à espontaneidade e/ou inspiração da hora e do lugar que são proferidas. Suspeito, no entanto, que o abandono de orações escritas, ou a verbalização de orações comuns, tem sua origem na tradição anti-catolizante que caracteriza o protestantismo brasileiro, e, por extensão, todo o “mundo evangélico”.
A afirmação da oração espontânea, por sua vez, tem a ver também com a rejeição da “reza”, enquanto repetição mecânica de um texto ou um conteúdo que se dirige a Deus. A “improvisação” e o “espontaneísmo” no entanto, nos fazem reféns de determinados termos e expressões que se repetem e acabam empobrecendo o conteúdo das orações.
É claro que não podemos enaltecer uma forma e desprezar a outra. Na espiritualidade comunitária experimentamos situações muito diversas. Temos momentos formais e informais, solenes e espontâneos. A oração espontânea é datada no tempo e circunscrita a certo espaço. A oração escrita pode ter também estas características, mas ela ultrapassa as dimensões do tempo e do espaço.
Na oração, coração e mente se encontram e se elevam a Deus. Na espontaneidade abrimos nosso coração e pensamos alto. Oração escrita é palavra meditada duplamente. Os modos e as formas não são excludentes. Ao fazermos uso de orações escritas ou pré-elaboradas não desconfiamos da ação do Espírito, mas confiamos que Ele atua também por meio delas.”
Rolf Schünemann
Pastor Sinodal