O salmista se orgulha de seu Deus, pois Ele não é um deus distante e que não tem comunhão com àqueles que nele colocam sua fé e sua confiança. Javé desce de seu trono, mesmo sendo nos altos céus, e vem até seu povo. Esta era uma das grandes diferenças entre a fé israelita e dos povos vizinhos. Os povos vizinhos cultuavam deuses distantes, muitas vezes vingativos, coléricos e egoístas. Deuses que permaneciam em seus tronos e queriam ser servidos por seus adoradores. Eram deuses que trocavam favores com o povo e os mais abastados, que podiam dar maiores ofertas, eram privilegiados pelas bênçãos dadas em troca destas ofertas. A fé israelita afirmava que Javé, o Senhor, era Deus presente com os seus. Não fica nas alturas, mas vem para junto de seu povo e habita com ele. Ele se inclina, isto é, desce de seu pedestal e se mistura ao povo e presta atenção diferenciada entre seu povo. Ele olha de forma especial e age mais em favor do pobre e carente. Não troca favores com quem oferta mais que os outros. É um Deus misericordioso e compassivo. Esse era o orgulho que o salmista canta.
E esse Deus que desce para ver seu povo estabelece isso de forma definitiva em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador. Nele, Deus se faz um de nós e acaba morrendo por nós. Uma das grande diferença entre a fé judaico-cristã e outras religiões é esta proximidade de Deus com o ser humano. Paulo expressa isso aos filipenses ao dizer que Cristo, mesmo sendo igual ao Pai, não bate o pé e se nega a descer, nascendo em Jesus e se tornando ser humano como nós. Pelo contrário, Ele vem e ainda se entrega em nosso lugar. Esse é o nosso Deus, cheio de misericórdia e graça para com todos os seres humanos. Que maravilha e que alegria ser assim, pois percebemos o quanto somos importantes para o Senhor e o quanto Ele nos ama. E, assim, podemos amar também. O Senhor não permanece lá em cima, mas desce até nós e nos salva. Confiemos.