Missão e Crescimento
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) tem trabalhado no sentido de imprimir ao conjunto da Igreja uma orientação missionária. Para nós, luteranos, o tema missão para fora nunca teve um papel central; central sempre foi o atendimento aos irmãos/ãs de origem, com a administração dos sacramentos, o trabalho com Senhoras, Jovens e Crianças e o trabalho de visitação.
Assim também tem sido com nossa Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Petrópolis. Para nós, pastores, foi motivo de grande alegria poder servir em uma Comunidade acolhedora, que procura viver o amor de Deus das mais diversas formas. Igualmente, nos alegramos com o grande número de pessoas preparadas e engajadas no serviço da Comunidade.
O fato de sermos uma Igreja para dentro, no entanto, nos coloca desafios de toda ordem. Para exemplificar, nós temos cerca de 700 famílias que pertencem à Comunidade e que atualmente estão sendo visitadas pelos pastores. Destas, segundo estimativas preliminares, cerca de 25% (175 famílias) ou já faleceram ou trocaram de endereço. O grande número de famílias que trocaram de endereço mostra um pouco a dinâmica das cidades e a situação de nossos irmãos luteranos, pois quem troca de moradia geralmente está indo em busca de melhores condições de vida e de lugares onde a oferta de trabalho é mais abundante.
Outra dificuldade é a questão do dinheiro. Muitos não participam da vida comunitária porque não conseguiu-se trabalhar, de forma evangélica, a questão da contribuição. Há ainda aquelas famílias que, por razões econômicas ou de doença, não conseguem contribuir, o que geralmente traz muito sofrimento a esta família junto a sua Igreja.
Há ainda outro dado importante e que merece nossa reflexão. A Comunidade Luterana recebe o ingresso de membros novos oriundos da igreja católica e de igrejas protestantes históricas. Por outro lado, perdemos irmãos para as igrejas pentecostais e neopentecostais. Nos causa profundo pesar que famílias historicamente vinculadas à Comunidade Luterana estejam optando por outras denominações e, mais do que isso, estejam optando por propostas religiosas cuja visão maniqueísta não apenas demoniza a sociedade, mas igualmente a Igreja à qual antes faziam parte!
Vivemos atualmente uma disputa acirrada entre igrejas, um legítimo mercado religioso com propostas de auto-salvação. O individualismo e o hedonismo (a busca pelo prazer imediato), presentes na sociedade, invadiram as mais diferentes propostas religiosas. A Igreja Luterana, desde sempre, recusou este método. O lema da IECLB este ano, baseado em 1 Jo 4.19, nos convida a testemunhar o amor de Deus a partir da doação ao outro, não por nossa capacidade, mas porque é Deus quem nos serve primeiro, de graça. O amor infinito de Deus nos envolve e cativa de tal forma, que somos libertos de nós mesmos em favor do outro.
Quando falamos de missão, devemos sempre lembrar que a missão é de Deus e a Igreja um dos instrumentos, não o único. Somos convidados, em resposta ao amor de Deus, a servir. Isso exige de cada um de nós dedicação e o estabelecimento de prioridades. Servir é Ter tempo para ouvir, oferecer um ombro para a pessoa desesperançada por motivos econômicos, emocionais ou espirituais.
Em nossa comunidade trabalhos missionários estão sendo implementados; outros, deixam a desejar. Reunidos no final de 2001 para estabelecer diretrizes para o trabalho missionário, ficou decidido iniciar a realização de cultos em Araras e iniciar-se o projeto Rocio. Ambos estão em fase de discussão e implementação, o que muito nos alegra. Também falou-se da necessidade de iniciar estudos bíblicos em diferentes bairros, sendo que apenas um foi efetivado. Não por falta de vontade dos pastores ou das lideranças, mas justamente por falta de pernas.
Carecemos, igualmente, de grupos de visitação. Cerca de 25% de nossos membros são pessoas idosas, muitas delas doentes e sozinhas. Os pastores não têm condições de visitar regularmente estas pessoas.
Em recente avaliação do trabalho pastoral, levantou-se a necessidade de refletir melhor nossa prática litúrgica. A IECLB sugere que cada comunidade tenha uma equipe de liturgia, que assessore os pastores nos cultos e proponha sugestões que ajudem a tornar o culto luterano mais alegre e vibrante. Da mesma forma, sentiu-se a necessidade de um grupo que não apenas toque instrumentos, mas ajude a puxar os cânticos.
A partir do plano missionário da IECLB nos próximos sete anos, consta a formação de lideranças. Para todos os trabalhos propostos, precisamos que pessoas assumam funções de liderança e dediquem uma parte de seu tempo para o trabalho da Igreja. Coloca como desafio, também, que cada comunidade busque atingir um crescimento quantitativo da ordem de 5% anualmente. Como temos, de fato, 500 famílias, nosso crescimento deveria girar em torno de 25 famílias anualmente. Quem se dispõe a desafiar uma família, que não participa de nenhuma igreja, a viver sua fé na Igreja Luterana?
Por fim, lembramos mais uma vez que CRISTO É O PONTO DE PARTIDA E DE CHEGADA DA COMUNIDADE MISSIONÁRIA. Da mesma forma, a comunidade é simultaneamente ALVO e INSTRUMENTO da missão de Deus. Vamos refletir sobre isso!
Pa. Bärbel Vogel / P. João C. Müller
Plano Missionário da IECLB
Desafios específicos para a vida comunitária
Criar condições para abrir as igrejas de todas as comunidades em todos os domingos.
Criar grupos de visitação a pessoas doentes, deficientes, enlutadas, afastadas, encarceradas e equipes de liturgia, em todas as comunidades.
Trabalhar a relação entre fé e dinheiro, em sua correlação com tempo e dons, em todas as comunidades, anualmente.
Desafios específicos para a IECLB nos próximos sete anos
Que a percentagem média de participantes de membros em algum setor de atuação comunitária cresça de 5-10% para 15-20%.
Que num prazo de sete anos nenhum/a pastor/a tenha uma área de responsabilidade superior a 1000 pessoas batizadas;
Que se estabeleçam metas de presença nos cultos e crescimento do número de membros da ordem de 5% ao ano ao longo dos próximos sete anos