Jesus está chamando as pessoas - o privilégio de acolher, servir, ensinar, pacificar e dialogar Lc 10.1-11

Prédica em Lucas 10.1-11,17-29 autoria P. Me. Alexander Busch e Pa. Adriana Kuhn Busch

02/07/2022

 

Estimada comunidade,
Encontrar pessoas que aceitam assumir um trabalho de forma voluntária nem sempre é fácil. Sabemos como isso é, por exemplo, na comunidade, quando temos que compor o presbitério. Em geral, poucas são as pessoas que colocam seu nome e tempo à disposição. E é comum ouvirmos o lamento daquelas pessoas que já estão envolvidas com esse trabalho: “São sempre as mesmas pessoas”. É claro que isso não se aplica somente a esta comunidade em especial, mas à igreja como um todo. E o mesmo acontece em outros espaços, como na associação de moradores, no clube esportivo, na associação de pais da escola, entre outros. Motivar pessoas para uma missão, animar as pessoas para assumir uma responsabilidade não está sendo uma tarefa fácil.

 

Mas, para a nossa surpresa, a história do evangelho de hoje nos conta uma experiência diferente. Jesus está chamando pessoas para servir na missão de anunciar o Reino de Deus. E muitas pessoas se colocam à disposição de Jesus, provavelmente porque perceberam o privilégio de servir na missão com Jesus. Diz o texto que Jesus escolheu e reuniu 72 dos seus seguidores e seguidoras para a tarefa de visitar as cidades e dar testemunho do reino de Deus. Não era uma nem duas pessoas, tampouco doze, mas sim 72 pessoas que reconheceram o privilégio de serem chamadas por Jesus e se colocaram à disposição para realizar a tarefa que Jesus está lhes confiando.
 

Tanta gente assim se faz necessário porque Jesus compara a missão deste grupo com uma grande colheita, “A colheita é grande e os trabalhadores são poucos”. E é tempo de colheita, e como vocês o sabem muito bem, em tempo de colheita mais mãos são necessárias. Diferente do tempo de plantio, na colheita é urgente ter mais pessoas trabalhando para colher os frutos sem atraso, antes que os frutos caiam no chão e se percam. Por isso, as palavras de Jesus, “Peçam ao dono da plantação que mande mais trabalhadores para a sua colheita”. Suas palavras soam como uma oração: peçam a Deus, o dono e senhor da plantação, que envie mais pessoas para realizar a tarefa, para a missão de anunciar o Reino de Deus. Como é importante e bonito quando mais pessoas percebem a urgência da tarefa e reconhecem o privilégio de servir este Deus que nos chama para trabalhar na colheita.
Um trabalho, uma tarefa, uma missão que é realizada em conjunto, de forma coletiva, comunitária. Pois Jesus não envia nenhuma pessoa desacompanhada para realizar a tarefa. Ninguém vai sozinho. Jesus organiza as pessoas em duplas e as envia de dois em dois. Pois embarcar numa jornada missionária na companhia de outras pessoas é garantia de maior segurança e ânimo. Em duplas, as pessoas estão mais seguras e podem enfrentar os perigos com maior coragem do que se estivessem sozinhas. Acompanhadas, as pessoas podem amparar uma à outra e animar uma à outra caso o desânimo abatesse e a vontade de desistir surgisse. Sim, o apoio mútuo é muito importante, pois o caminho que se coloca à frente desses missionários não é nada fácil. As palavras de Jesus falam dessas dificuldades: “Eu envio vocês como ovelhas para o meio de lobos”.

 

Que imagem forte. Jesus aqui certamente está se lembrando do cansaço que muitas vezes desanima quem está à frente de uma tarefa. Jesus também está se referindo aos desafios que as pessoas enfrentam numa missão. Jesus mesmo prevê situações onde as pessoas enviadas por ele não seriam bem recebidas e acolhidas. Por isso, a sabedoria de Jesus em insistir para que as pessoas caminhem em duplas. Sabedoria esta que fazemos bem em reproduzir na nossa comunidade. Quantas vezes as lideranças de uma comunidade, as lideranças do presbitério ou lideranças da OASE ou do Culto Infantil se sentem sozinhas? O caminho ensinado por Jesus é realizar a missão em conjunto. O caminho indicado por Jesus é o caminho em que as pessoas oferecerem apoio e palavras de encorajamento. É o caminho em que o presbitério se sente apoiado pela comunidade; é o caminho em que o trabalho com as crianças ou o ministério dos músicos são valorizados; é o caminho em que a OASE (ou JE) participa e colabora com a vida da comunidade. Isto porque as pessoas reconhecem que elas são chamadas por Deus para servir mutuamente com os dons que receberam de Deus. Isto porque as pessoas reconhecem a importância do animar-se mutuamente para realizar a missão que Deus lhes confiou.
 

E qual é esta missão para a qual Jesus chama as pessoas? Qual é a tarefa das pessoas dispostas a seguir o chamado de Jesus e se colocar no caminho? Qual é a colheita em que muitas mãos são necessárias? A história bíblica de hoje nos dá alguns indicativos importantes. E eu faço uso destes indicativos do texto junto com o cartaz do Tema do Ano que vem somar na nossa reflexão. Jesus envia as pessoas para anunciar a paz, “Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: ‘que a paz esteja nesta casa’” (Lc 10.5). Ou seja, a missão tem a ver com promover a paz, fortalecer a boa convivência entre as pessoas. Num mundo marcado pela competição, pela indiferença, pelo ódio, entre tantas outras características negativas que fazem parte da convivência humana, a comunidade cristã é chamada para pacificar, promover a paz, que anuncia o perdão de Deus que reconcilia e aproxima as pessoas.
Jesus acrescenta, “quando forem bem recebidos, comam a comida que derem a vocês”. Longe de viver às custas de outras pessoas, Jesus aqui está falando sobre hospitalidade e partilha, sobre abrir as portas, acolher e repartir o que se tem. Comunhão cristã é acolher, acolher pessoas diferentes de diferentes culturas e diferentes gerações. Pois a convivência entre pessoas diferentes é oportunidade para ensinar, ensinar sobre o Reino de Deus que transforma pessoas e realidades – um ensino que inclui palavras, mas que inclui também exemplo de vida. O ensino se dá por palavras e por atitudes condizentes. Nesta história bíblica, as pessoas são exemplos de fé. Elas ouvem o chamado de Jesus e confiam na sua ordem de entrar nas casas e anunciar a paz. Atrelada ao anúncio da paz, os seguidores e seguidoras de Jesus são chamados a promover a cura, “quando entrarem numa cidade e forem bem recebidos . . . curem as pessoas doentes daquela cidade e digam ao povo dali: ‘o reino de Deus chegou até vocês’”. Penso aqui que a cura inclui a cura física, mas também inclui outras dimensões. A cura pode se manifestar através da oração, do diálogo com Deus e entre as pessoas, acolhendo dores e esperanças, consolando em meio ao luto e superando a solidão através do dialogar. Certamente a hospitalidade e partilha vivenciada pelas pessoas desta história bíblica inclui o diálogo, a conversa, a oração em conjunto.


Acolher, ensinar, pacificar, dialogar são exemplos de servir, servir no Reino de Deus. Através de sua Palavra Jesus está chamando pessoas para o privilégio de servir no Reino de Deus. Se você é pessoa batizada, membro da comunidade cristã, fique sabendo que tu és uma pessoa privilegiada em servir Jesus neste tempo e neste local onde Deus nos colocou. Servir Jesus entre as pessoas desta comunidade, e servir Jesus em outros espaços e momentos, como na família, no trabalho, na convivência com outras pessoas, dando testemunho do Reino de Deus. 

Por fim, para concluir nossa reflexão, compartilho ainda uma história verdadeira – um testemunho da Paz que Jesus nos chama para anunciar. Na Europa, quando a Segunda Guerra Mundial terminou existia muita destruição nas cidades. O ódio entre as nações e pessoas havia arrasado a terra. Em uma igreja quase totalmente destruída pelas bombas, foram encontrados os restos de um crucifixo de madeira que ficava na parede atrás do altar. Era a imagem do Cristo pregado na cruz. A escultura, entretanto, chamou a atenção das pessoas. O crucifixo estava praticamente intacto, exceto pelo fato de faltarem os braços e as mãos de Jesus. Enquanto pensavam em como consertar o crucifixo de madeira, alguém colocou um bilhete escrito com a seguinte frase: “Vocês são as mãos de Cristo!”. As pessoas entenderam a mensagem e deixaram o crucifixo como estava, sem os braços e as mãos. Pois, nós, comunidade cristã, somos pessoas privilegiadas para servir como mãos de Cristo, anunciando sua Paz entre nós e no mundo. Amém.

 


Autor(a): Pa. Adriana Kuhn Busch e P. Me. Alexander Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações / Organismo: Capela Luterana
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 10 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 11
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 67490
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