Explorar como as igrejas podem responder positivamente ao desafio das mudanças climáticas e da destruição ambiental foi o objetivo de uma das oficinas da Convocatória Ecumênica Internacional pela Paz (CEIP), na sexta-feira, 20, em Kingston, Jamaica.
O conteúdo da oficina Preparando igrejas do Norte e do Sul para agir diante das mudanças climáticas e na proteção ambiental foi um dos desdobramentos do quarto dia da Convocatória, que enfocou o tema “Paz com a Terra.
A CEIP, que está sendo realizada entre 17 e 25 de maio pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a Conferência de Igrejas do Caribe (CCC) e o Conselho de Igrejas da Jamaica, reúne cerca de 1 mil ativistas da paz e líderes religiosos de mais de 100 países, a fim de explorar o papel da igreja na pacificação.
A oficina sobre empoderamento foi uma entre outras 40 que enfocaram o cuidado com a Criação. Apresentação de vídeo mostrou como iniciativas tomadas por igrejas-membro da Missão Evangélica Unida (MEU), da Alemanha, têm impactado uma pequena aldeia na Papua Ocidental, Indonésia.
Na época em que a iniciativa foi implementada, a maioria dos habitantes da aldeia não tinha acesso à eletricidade. Através do envio de lâmpadas recarregáveis com energia solar, desenvolvidas na Alemanha, a luz chegou e mudou a vida de muitas pessoas no vilarejo e, posteriormente, na província toda.
O reverendo Jochen Motte, secretário executivo para Justiça, Paz e Integridade da Criação da MEU, disse que um dos objectivos da sociedade missionária é capacitar as igrejas do Norte e do Sul para que possam proteger o meio ambiente através de ações concretas.
Poder acender uma simples lâmpada no meio da casa mudou radicalmente os hábitos da população local na Papua Ocidental, dando-lhe mais tempo para aproveitar o dia, desenvolver outras atividades e interagir mais com a família e amigos.
As lâmpadas de energia solar na Indonésia são apenas um exemplo entre tantos outros de como os esforços concretos podem fazer a diferença dentro de uma comunidade e em prol do meio ambiente.
Falando em nome de uma das igrejas-membro da MEU, a Igreja Evangélica da Vestefália, a pastora Elga Zachau compartilhou um exemplo de medidas sendo adotadas em nível local na Alemanha.
O projeto naquela região da Alemanha não só ajuda a desenvolver a consciência sobre a necessidade de cuidar da criação, mas também define novas normas para o cotidiano das igrejas, disse ela.
Zachau apresentou o rótulo ecológico dado a igrejas e organizações que atingem um certo nível de compromisso e ação concreta com o meio ambiente: o Galo Verde.
Batizado em homenagem ao animal que, tradicionalmente, aparece nos cataventos de torres de igrejas naquele país, o Galo Verde tornou-se o símbolo de um programa de gestão e inspiração. Cada igreja adapta o programa às suas necessidades específicas e metas de poupança de energia e redução da sua pegada ecológica.
O selo do Galo Verde já foi aplicado a mais de 25% das igrejas na Vestfália, incluindo várias igrejas protestantes e dioceses católico-romanas. O rótulo tornou-se uma espécie de certificado oficial da União Europeia para ecogestão e auditoria ambiental.
Motte disse que a MEU é profundamente inspirada pelas perspectivas mais amplas acerca das mudanças climáticas que recolhe através de sua participação no movimento ecumênico, como a chamada da Convenção Mundial sobre Justiça, Paz e Integridade da Criação, em 1990.
Por fazermos parte do grupo de trabalho do CMI sobre mudanças climáticas, acreditamos que esta questão deve ser o foco principal do movimento ecumênico hoje, assim como a questão da violência foi uma prioridade na última década, disse ele.
Em 2008, a MEU, que é uma organização parceira do CMI, promoveu exposição sobre justiça climática que visitou mais de 70 congregações, igrejas e instituições no território alemão.
Para a MEU e as igrejas da Vestfália, tomar ações concretas para a sustentabilidade ambiental é também um passo rumo à paz com a Terra.
Para vídeo ao vivo das plenárias visite o site do CEIP: www.overcomingviolence.org
Marcelo Schneider
ALC