Estudo Bíblico - João 4.1-41

Dia Mundial de Oração - 2014

28/01/2014

DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO - 2014
Preparado pelas mulheres do DMO do Egito

 

ESTUDO BÍBLICO
A MULHER SAMARITANA: João 4:1-41

O encontro da mulher samaritana com o Senhor Jesus revela como Ele derrubou três barreiras: racial, social e religiosa.

1. Fundo Histórico:

A Palestina, nos tempos do Senhor Jesus, estava dividida em três províncias: Galiléia, ao norte, Judéia, ao sul, e Samaria, entre as duas. Uma viagem, da Judéia à Galiléia, poderia durar três dias (se o viajante passasse pela Samaria) ou seis dias se, evitando a passagem pela Samaria, cruzasse o rio Jordão, seguindo pela margem oriental, cruzando novamente o rio ao norte da Samaria, chegando, assim à Galiléia. Devido à inimizade entre os judeus e os samaritanos, muitos judeus usavam a rota mais longa para evitar a passagem pela Samaria.

a) Inimizade entre judeus samaritanos

Essa inimizade tem suas raízes nos anos 720 a.C., quando o rei da Assíria derrotou Samaria, deportou os israelitas para a Assíria (II Reis 17.6) e trouxe pessoas da Babilônia e de outros países pagãos, estabelecendo-os nas cidades da Samaria, para desalojar os israelitas, de acordo com II Reis 17.24. O casamento entre esses estrangeiros e os israelitas que haviam escapado do exílio, contribuiu para as tensões entre samaritanos e israelitas.

Mais tarde, sob a liderança de Esdras e Neemias, quando os israelitas regressaram do exílio, os samaritanos quiseram participar da reedificação do templo de Jerusalém; porém, como eram odiados, sua oferta foi veementemente rechaçada. Essa inimizade aumentou quando, em 450 a.C, o filho de Eliasibe, o sumo sacerdote, se casou com a filha de Sambalat, o heronita (Neemias 13.28) e, ao negar divorciar-se de sua esposa estrangeira, foi proibido aproximar-se do templo do Senhor em Jerusalém. Além disso, foi induzido por Sambalat a construir um templo especial para os samaritanos sobre o Monte Gerizim. Desde então, adoraram em seu próprio monte, e isso levou a mais desprezo da parte dos judeus. A religião samaritana se assemelhava ao judaísmo, mas nos pontos chaves haviam tomado seu próprio caminho. Aceitavam somente os primeiros cinco livros da Torá, e insistiam que o Monte Gerizim, não Jerusalém, era o lugar apropriado para adorar a Deus. Afirmavam, também, que Deus havia pedido a Abraão que sacrificasse seu filho Isaque no Monte Gerizim e não no monte na terra de Moriá, como está escrito em Genesis 22.2.

Os samaritanos insistiram que poderiam adorar ao Deus único em Samaria; os judeus mantiveram que isso somente poderia realizar-se no templo de Jerusalém. Por tanto, Jesus, como judeu, está em uma região em conflito com judeus e isolada deles. Por causa das leis acerca da pureza ritual e da comida kosher (limpa) os samaritanos e os judeus não estavam comendo juntos. Tudo isso desempenhou um papel no diálogo entre Jesus e a mulher samaritana.

b) Uma mulher vem tirar água

Sim, esta situação pode acontecer diariamente em milhões de lugares em todo o mundo. A água é o elemento de que se necessita para sobreviver, em mais de uma maneira. A água é mais importante que a comida. A água limpa é chave para a sobrevivência e para a boa saúde. Onde a água está contaminada, as enfermidades e a pureza estão intimamente ligadas. A boa saúde está diretamente relacionada à importância de se ter água limpa. Nos dias atuais, cerca de 884 milhões de pessoas no mundo não têm fácil acesso à água limpa. O transporte de água é um trabalho duro, leva tempo e é feito principalmente pelas mulheres. A UNICEF afirma: “O acesso à água local aumenta as oportunidades para as mulheres e aumenta os direitos das mulheres no mundo em desenvolvimento”. Nos lugares onde a água potável não é proporcionada pela comunidade, as mulheres têm de caminhar longas distâncias para encontrá-la. Esse era também o caso nos tempos de Jesus. A mulher veio tirar água.

2. A Ocasião

Jesus estava viajando com seus discípulos desde a Judéia, no sul, até a Galiléia, no norte. Em vez de evitar passar pela Samaria (como fazia a maioria dos judeus), escolheu a rota mais curta, que passava pela Samaria. Eles chegaram a um lugar da Samaria chamado Sicar, localizado próximo ao deserto, onde estava o poço de Jacó (com uma profundidade de 100 metros), próximo da terra que Jacó havia dado a seu filho José (João 4.5-6; Gênesis 28.22). Esgotado, Jesus sentou-se próximo ao poço, enquanto seus discípulos entraram na cidade para comprar alimentos. O poço foi o mesmo onde Isaque se encontrou com Rebeca, e onde Jacó reconheceu Raquel (Gênesis 24.11; 29.10) Era a hora sexta (meio dia), uma hora quando usualmente o lugar estava vazio por causa do calor. A referencia à hora sexta está vinculada a Jesus (João 19).
(Nota da tradutora: No texto, a hora sexta era a hora da condenação de Jesus perante Pilatos. As costas foram traspassadas no v. 34, porque se aproximava o por do sol). A hora poderia ser uma referencia de como Jesus morreu e o que fez por nós, dando-se a si mesmo como a água viva.

3. Os Fatos

  • Jesus, um homem sedento em um lugar deserto, lugar de muito calor, mostra sua própria necessidade à mulher samaritana, pedindo-lhe de beber.
  • A mulher, atônita, questiona porque ele a escolheu: ele é judeu, enquanto ela é samaritana: ele é homem, e ela é mulher. Jesus inicia uma conversação com um pedido e ela segue com suas próprias perguntas. Um diálogo se inicia. Ela tem conhecimento de sua tradição e pode falar claramente acerca das distinções entre os judeus e os samaritanos.
  • “Mas Jesus, deixando de lado as barreiras raciais, religiosas e sociais, responde: “Se conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias e ele te daria água viva.”
  • “Senhor”, objeta a mulher, “não tens com que tirá-la e o poço é fundo. Donde, pois, tens a água viva? Acaso tu és maior que nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele bebeu”?
  • Jesus, ignorando a pergunta, procura dirigir sua atenção para o sentido espiritual de suas palavras: “Qualquer que beber desta água voltará a ter sede; mas quem beber da água que eu lhe der, jamais terá sede.” Muito emocionada, a mulher responde, “Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede, nem venha aqui para tirá-la.”
  • Embora a mulher samaritana não pudesse entender a dimensão espiritual, ficou profundamente comovida pela maneira respeitosa que Jesus havia se dirigido a ela.
  • Jesus lhe pede que vá e chame seu marido e ela responde com a verdade, que não tem marido.
  • A mulher samaritana frequentemente é mostrada como uma pecadora de má fama. Mas esta imagem deve ser examinada. Sabemos de outras passagens do Antigo Testamento, e do relato de Rute, que quando um homem casado morria sem filhos, era dever de seu parente mais próximo casar-se com a viúva. Seria provável que esta mulher tivesse sido forçada a aceitar seus esposos sucessivamente, ao morrer um em seguida ao outro. O homem com quem ela vivia na ocasião podia ter sido um parente próximo aproveitando dela, negando-se a legalizar o vínculo matrimonial. Mais que isso, ela poderia estar na situação de ser vítima de pecado em vez de pecadora. Houve pecado contra ela, em vez de ela haver pecado.
  • Dando conta de que Jesus sabia de sua situação, ela o reconhece como um homem de Deus. “Parece que tu és profeta,” comenta.
  • Havendo descoberto que Jesus não é um homem comum, busca sua opinião sobre a problemática judeu /samaritano sobre a adoração: “Nossos país adoraram neste monte” (em seu próprio templo, destruído em 129 a.C.), “e vós dizeis que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.”
  • Alguns comentaristas contrastam o relato de Nicodemos, o fariseu visitando Jesus à noite, com a mulher samaritana. Jesus começa sua missão com a comunidade judaica, mas abre a missão aos gentios, passando por Samaria.
  • Quando a mulher expressa a Jesus sua fé no Messias esperado, sua resposta é: “EU SOU (quem fala contigo)”, chamando-se a si mesmo pelo mesmo nome que Jesus utilizou para referir-se quando falou com Moisés: EU SOU (Êxodo 3.14).
  • Quando os discípulos regressaram ao poço, surpreenderam-se ao encontrar Jesus conversando com a mulher samaritana; mas não disseram nada.
  • Havendo conhecido o Messias por si mesma, e havendo bebido da água viva que Ele deu, a mulher esqueceu seu cântaro e correu para a cidade para compartilhar as boas novas com seus concidadão.

4. A Água viva oferecida por Jesus

Esta “água viva também está mencionada no Antigo Testamento: “Tirareis com gozo águas das fontes de salvação” (Isaías 12.3);” … Meu povo: deixou-me a mim, fonte de água viva…” (Jeremias 2.13).

O significado disso é que o chamado de Jesus à mulher samaritana foi o mesmo chamado que Deus fez a seu povo no Antigo Testamento. É o mesmo chamado que nos faz hoje:

“Não vos lembreis das coisas passadas,
nem considereis as antigas.
Eis que faço coisa nova,
que está saindo à luz; porventura, não o percebeis?
Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo.” (Isaías 43:18-19)

Depois de conhecer Jesus, a mulher samaritana deixa seu passado e, bebendo de sua Água Viva, faz-se missionária aos demais, produzindo muito fruto. Como essa mulher, somos chamadas a beber da Água Viva, e a viver uma vida frutífera no presente.

Considerem algumas das seguintes perguntas para discutir em grupo:

5. Perguntas

1. Que mudanças estão sendo levadas a cabo paulatinamente na mulher samaritana durante seu encontro com Jesus? Você poderia pensar em uma situação em que tivesse de mudar seu modo de pensar e chegar a uma forma diferente de entender?
2. Como descrever a mulher samaritana no final da narrativa? Quem você conhece que se parece com a mulher samaritana?
3. Os outros samaritanos e samaritanas, atraídos ao Senhor Jesus Cristo por testemunho da mulher, pedem a Jesus que permaneça com eles. Jesus aceita o convite? Com que resultado? (João 4.39-41). Compartilhem testemunhos das mulheres que estão trazendo mudanças em sua comunidade.
4. A afirmação que “verdadeiramente este é o Salvador do mundo” (João 4.42) também se encontra em I João 4.14): “Nós temos visto e testemunhamos que o pai enviou o Filho, o Salvador do mundo”. Qual é a implicação desta afirmação em nossos dias?

 

ESTUDO BÍBLICO
MATERIAL COMPLEMENTAR: REFÚGIO NO EGITO
Gênesis 42:1-7, 46:1-7, Mateus 1:18-21, 2:13-20

Nos últimos anos temos desfrutado da adoração com diferentes sabores culturais, a partir de Papua Nova Guiné, Camarões, Malásia e França. Mas, diferentemente de todos esses países, o Egito tem desempenhado um papel ao longo da Bíblia e possui uma história que se iniciou muito antes dos tempos bíblicos.

Gostaríamos de oferecer aqui duas histórias bíblicas que se ligam à história do Egito. No Velho Testamento, o Egito foi um lugar de abrigo da seca e fome, para Jacó e sua família, durante a administração de José. No Novo Testamento, o país proveu refúgio para o Senhor Jesus e sua família do infanticídio, durante o reinado de Herodes.

De acordo com a Agência de Refugiados da Organização das Nações Unidas, o Egito ainda recebe refugiados. Atualmente oferece refúgio da guerra e da violência para pessoas do Sudão, da Somália e de muitos outros países. A situação da população refugiada é muito crítica, porque muitas vezes carecem de proteção social. A partir desta perspectiva, do Egito histórico na Bíblia, queremos refletir sobre nosso papel cristão de ser “um manancial no deserto” a essa população que verdadeiramente experimenta a “seca”.

Os cristãos e cristãs (principalmente da Igreja Ortodoxa Copta, mas também das Igrejas Católico-Romana e Evangélicas) constituem mais de doze por cento da população do Egito, de um total aproximado de 80 milhões de habitantes. Estamos orgulhosas de sermos egípcias, mas apesar do rico legado de nosso país ou da abertura atual, e de nossa boa vontade de servir os necessitados, é o Senhor nosso Deus que buscamos para receber refúgio e proteção.

Parte 1

Leia Gênesis 42.1-7 e 46.1-7

José, que foi vendido por seus irmãos a uns comerciantes que iam em direção ao Egito (Gênesis 37.25-28), havia amadurecido (ele que queria tornar-se o senhor de sua família) para assumir a posição de governador do Egito – a mão direita do Faraó. Agora estava em uma posição de poder ajudar sua família, justamente quando mais necessitava: um refúgio para o povo de Deus.

Para conversar:

1. Que parte tinha Deus nesse processo? Quais foram os planos de Deus para seu povo?
2. Qual é a atitude de seu país para com as pessoas que pedem asilo?
3. Você conhece um refugiado ou uma refugiada?
4. Por que motivos buscam refúgio: guerra, violência, perseguição religiosa, abuso, violência doméstica, abuso sexual?

Parte 2

Leia Mateus 1.18-21 e 2.13-20

Quando o zeloso rei Herodes sentiu que sua glória real estava sob ameaça de um bebê, tomou medidas extremas. Ordenou o assassinato de todos os meninos de dois anos para baixo.

Para conversar:

1. Como Deus falou com José? Como Deus fala conosco hoje?
2. As instruções para seguir seu caminho quando havia passado o perigo foram tão claras como as instruções de Deus para buscarem refúgio. Alguma vez você já necessitou de refúgio ou já o procurou? Encontrou-o? Você conseguiu seguir seu caminho depois disso?
3. É sua igreja ou grupo um lugar de refúgio? A quem pode oferecer refúgio? Que tipo de refúgio?

Uma Oração:

Senhor Deus, nosso refúgio, nós te louvamos porque és forte, não mudas e és confiável. Ajuda-nos a olhar para ti em busca de proteção em tempos difíceis e a fixar nosso olhar na segurança primordial, que é a vida eterna contigo. Mantém-nos alertas para ver como podemos oferecer refúgio às pessoas necessitadas ao nosso redor, oferecendo-lhes amizade e ajuda prática, guiando-as a Ti, confiável Rocha de proteção. Em nome de Jesus. Amém.
 


Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Mulheres / Organismo: Dia Mundial de Oração - DMO
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 4 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 41
Natureza do Texto: Educação
Perfil do Texto: Estudo Bíblico
ID: 26632
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