Estudo Bíblico 23 - Sola Scriptura

Mulheres em Tempos de Coronavírus

29/10/2020

Estudo Bíblico 23
Mariéli Saft – Estudante de Teologia
Programa de Gênero e Religião – Faculdades EST
Teóloga: Ketlin Lais Schuchardt
Núcleo de Pesquisa de Gênero – Faculdades EST
Texto: (Marcos 10.7-8); (Efésios 5. 22-24); – Sola Scriptura – Elisabeth Herzogin von Rochlitz

Sola Scriptura

Esposa, obedeça ao seu marido, como você obedece ao Senhor; Pois o marido tem autoridade sobre a esposa, assim como Cristo tem autoridade sobre a Igreja. E o próprio Cristo é o Salvador da Igreja, que é o seu corpo; Portanto, assim como a Igreja é obediente a Cristo, assim também a esposa deve obedecer em tudo ao seu marido. ”– (Ef 5. 22-24)

Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher; e os dois se tornam uma só pessoa. ” Assim, já não são duas pessoas, mas uma só. ” – (Mc 10.7-8)

No dia 31 de outubro, as igrejas herdeiras da Reforma Protestante do XVI celebram o dia da Reforma, que tem quatro pilares: Solus Christus (somente Cristo), Sola fide (somente a Fé), Sola Scriptura (somente a Escritura) e Sola Gratia (somente a Graça). Neste estudo, relacionaremos a história de Elisabeth Herzogin von Rochlitz com o princípio somente Escritura.

Na compreensão luterana, a Bíblia é o registro mais importante da Palavra de Deus, pois é através da palavra que Cristo se torna vivo de novo, proclama o Reino de Deus e orienta nossas vidas. No Evangelho está a revelação de Deus em Cristo, portanto, revelação da graça, amor e misericórdia de Deus. Por isso toda base confessional da Igreja luterana, toda doutrina, toda pregação e prática sacramental tem por critério o próprio Evangelho.

A Escritura é, portanto, portadora da palavra de Deus. Entretanto, nem tudo que está na Bíblia pode ser interpretado como Palavra de Deus. Há um critério fundamental: a Escritura só é palavra de Deus quando interpretada à luz de Cristo e quando a ele promove. Isso quer dizer que para nós, Jesus Cristo é o centro, o critério de toda a Palavra. Toda palavra que não corresponde a esse critério é entendida como lei, cuja função não é outra senão apontar e denunciar o pecado.

Por causa dessa consciência, Lutero e seus colaboradores e colaboradoras, empenharam-se para tornar a Escritura acessível para as pessoas em seu tempo. Traduzir a Bíblia para a língua do povo e possibilitar que ela chegasse aos seus lares e mãos, significou também a necessidade de ocupar-se com outro grave problema em sua época, a educação.

A diferença que faz o conhecimento bíblico na vida de uma pessoa podemos ver na história da reformadora Elisabeth Herzogin von Rochlitz (1502-1557). Durante o casamento com o conde Johann, ela morou na corte católica de Dresden. Como adepta do movimento da Reforma, escreveu mais de mil cartas tentando manter a paz entre cortes reais católicas e luteranas. Seu sogro Duque George, que comandava a corte de Dresden, onde Elisabeth morava, lhe acusou de atuar como espiã em sua corte. Devido aos conflitos, ela negou-se a participar da Santa Ceia. Seu sogro exigiu que seu marido lhe obrigasse a participar, usando como argumento a palavra bíblica de que mulher deveria ser submissa ao marido. Elisabeth, no entanto, contestou seu marido argumentando que a palavra bíblica também diz que o marido deveria deixar pai e mãe e se unir à sua mulher. Mas ele permanecia sob o comando do seu pai, ao invés de agir com autonomia.

Esse foi o modo como Elisabeth descobriu na Bíblia a palavra de libertação, de salvação. Assim como no passado, ainda hoje textos bíblicos são usados para argumentar e impor a existência de uma superioridade dos homens em relação às mulheres, da dominação do masculino sobre o feminino. Pelas mãos humanas, a Bíblia tem sido usada tanto para libertação, como para opressão de grupos de pessoas em diferentes tempos e lugares. Mas relações desiguais promovem a Cristo? Dividir as pessoas entre as submissas e subjugadores remete ao testemunho de Jesus? Qual o critério usado para interpretar textos que, na prática, resultem em relações de injustiça, submissão e violência? Lei ou Evangelho?

No contexto latino-americano e caribenho, a leitura popular da bíblia e a hermenêutica feminista ajudam mulheres e homens a compreender a Bíblia, como palavra viva. Ambas partem do cotidiano da vida das mulheres, suas experiências, realidade e o contexto em que estão inseridas. Essas leituras e interpretações dos textos bíblicos permitem um novo olhar, um olhar renovado e esperançoso, um olhar de dignidade, acolhimento, um olhar que aproxima a Palavra de Deus com a necessidade de cada momento da vida, olhar consolador, olhar de força, olhar de coragem, olhar de fé, olhar de amor.

1. Como você sente a palavra de Deus no teu dia-a-dia? Ela tem te ajudado a superar dificuldades?

2. Em quais textos da Bíblia você reconhece semelhanças com a tua própria experiência de vida? Com qual personagem você se identifica?

Oração: Ruah divina nós te agradecemos, pois tu nos presenteias a cada novo dia com a chance de viver novos saberes, de arriscar novos caminhos, conhecer novas pessoas e jeitos de seguir. Também nos permite errar e nos arrepender daquilo que por vezes fazemos e que não promove a ti e nem corresponde ao que esperas de nós. Ajuda-nos sempre de novo a buscar o exemplo de Jesus para conduzir nossas escolhas e viver nossas experiências. Permita que saibamos que tu nos acompanhas sempre e nos ama incondicionalmente. E que cada uma de nossas experiências são válidas e importantes para ti. Faze-nos, sempre de novo, buscar a tua palavra e deixar que ela nos molde e, através de nós, espalhe teus sinais de amor, justiça e dignidade para todas as pessoas.

Por teu Filho Jesus Cristo é que oramos em conjunto: Pai-Nosso...

Bênção:

A bênção de Deus,
a bênção do Filho, nascido de Maria;
a bênção da Ruah de amor,
que cuida com carinho, qual mãe, amiga, irmã cuida da gente,
esteja sobre cada um e cada uma de nós. Amém

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Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.
João 8.31-32
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