Estudo Bíblico 2 - Mateus 20.1-16

Mulheres em Tempos de Coronavírus

30/04/2020

Rede de Mulheres
Pastora Ofelia Dávila Llimpe
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ESTUDO BÍBLICO 2
Pastora Ofelia Dávila Llimpe
Igreja Luterana do Peru

Leia o texto de Mateus 20.1-16

A parábola das pessoas trabalhadoras da vinha nos oferece uma imagem diferente sobre o reino dos céus, onde algumas pessoas trabalhadoras da vinha discordam do pagamento que receberam. O dono da vinha responde argumentando que fez um pagamento justo, porque esse foi o combinado inicial. Quando diz: Eu não estou fazendo nenhuma injustiça, foi com isso que concordamos.” As pessoas não reclamaram porque o salário é injusto, mas por causa do tempo de serviço diferente. Na parábola, o pagamento acordado de um denário era normal para um dia de trabalho.

No Antigo Testamento, a vinha é um símbolo para Israel, o povo de Deus (ver Isaías 5. 1-7; Jeremias 12.10). A analogia na parábola sugere que Deus precisa que as pessoas trabalhem em sua vinha.

Qual é a injustiça neste texto?

Se abordarmos o texto do ponto de vista de quem reclama um tratamento justo em relação ao pagamento, é claro que diremos que uma injustiça está sendo cometida. Não é justo que alguém que trabalhe o dia inteiro receba o mesmo pagamento que alguém que trabalhe menos horas. Diremos que isso é injusto.

Podemos discutir o texto lembrando exemplos de nossa vida e de mulheres em nossas comunidades. Muitas mulheres trabalham fora de suas casas e quando voltam para casa, continuam trabalhando. Agora em tempos de pandemia e quarentena, muitas delas continuam trabalhando em casa para outras pessoas e fazendo coisas para suas próprias famílias.

Como mulheres, muitas de nós fomos educadas e formadas pela sociedade patriarcal. Nos ensinaram que devemos cumprir com o papel de esposa, mãe, irmã, tia ou avó e dar atenção para qualquer necessidade que surgir para as outras pessoas sem considerar nossas próprias necessidades. Isso continua a ser assim até hoje para muitas mulheres em nossos países. Podemos inclusive pensar como as coisas estão indo em nossa casa nesse tempo.

Entre nós, na Rede de Mulheres, surgem vozes que chamam atenção para as injustiças que experimentamos. Se formos um pouco mais longe em nossa reflexão sobre a parábola, nos perguntaremos sobre, o que é o reino dos céus e como entendemos o reino de Deus em nossa vida? Como cada pessoa chega em momentos diferentes da vida e o dono da vinha oferece o mesmo pagamento?

O que a parábola nos ensina sobre Deus?

A Parábola nos ensina que o reino dos céus está ocorrendo há muito tempo e continua ocorrendo agora, onde Deus mostra sua bondade. Mas lembra também, que o reino dos céus precisa ser compartilhado como uma boa notícia para cada pessoa e que os sinais do reino são visíveis através do tratamento digno, justo e saudável. Em conjunto, buscamos vida plena e abundante, como lemos no evangelho de João 10.10. Para isso, somos chamadas a conhecer e caminhar com outras pessoas.

O pagamento realizado pela pessoa proprietária da vinha às pessoas trabalhadoras revela a infinita bondade de Deus. Quando entendermos os ensinamentos de Jesus sobre o que é o reino dos céus, vamos perceber que Deus nos chama a viver em liberdade cristã, com igualdade de direitos, respeitando os direitos das outras pessoas. O tratamento digno que eu recebo precisa ser revelado no tratamento digno, no respeito e na tolerância com que me relaciono com as outras pessoas. Através da parábola, percebemos que há um convite real e somos livres para aceitar ou não.

Qual é o nosso chamado e o que a parábola nos ensina?

Em todo tempo Deus nos chama, mulher e homem, e nos oferece a sua graça. Portanto, quando abraçamos a fé em Jesus Cristo libertador, nos comprometemos com uma caminhada constante seguindo os ensinamentos de Jesus. Esse compromisso nos faz sentir e entender que muitas mulheres e meninas continuam vivendo em situações violentas, especialmente dentro de casa. Há muito a ser feito em nós mesmas e em nossas comunidades. Devemos mudar nosso “chip”, e claro, também mudar o chip em toda a sociedade. Que enorme tarefa, certo?

Há muito a ser feito em relação aos direitos das mulheres, aos direitos de meninos e meninas, aos direitos trabalhistas das mulheres. Enquanto houver situações de injustiça nas relações humanas, o chamado para trabalhar na vinha continuará sendo constante. Enquanto houver relações desiguais na vinha em termos econômicos, sociais, raciais e de gênero, afetando os seres humanos e sua integridade, Deus continuará a nos chamar.

Deus continua a nos chamar para trabalhar na vinha. É importante anunciar e compartilhar a mensagem do Reino de Deus no meio de nossa sociedade. Vamos começar as reflexões em casa, na igreja ou onde quer que estejamos. Vamos nos comprometer com ações conjuntas pela vida digna, e que mulheres vivendo em situações injustas sintam que estamos aqui para acompanhá-las.

Nos comprometemos a caminhar juntas, anunciando que é importante vivermos de maneira digna e num ambiente saudável. Juntas olhamos para todos os segmentos da sociedade e construiremos uma sociedade com justiça e tratamento igual entre homens e mulheres, entre meninos, meninas e pessoas idosas.

Que a Sabedoria Divina, que inspirou mulheres a abraçarem o chamado para mudar situações injustas, dentro de casa e na sociedade, seja também a inspiração para nós. Que participemos dessa jornada pela igualdade dos direitos das mulheres em todas as áreas da sociedade, hoje e amanhã. Confiemos que a Sabedoria divina nos moverá e nos motivará a refletir e responder ao chamado de Deus para trabalhar em sua vinha.
 


Autor(a): Ofelia Dávila Llimpe
Âmbito: IECLB
Área: Ecumene
Área: Missão / Nível: Missão - Mulheres
Área: Missão / Nível: Missão - Coronavírus
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Bíblia
Área: Missão / Nível: Missão - Formação / Subnível: Missão - Formação - Educação Cristã / Organismo: Federação Luterana Mundial - FLM
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 20 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 16
Natureza do Texto: Educação
Perfil do Texto: Estudo Bíblico
ID: 56350
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Quisera não ter outro pensamento que este: a ressurreição aconteceu para mim!
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