As reflexões deste dia foram preparadas pelo Centro da Juventude católica da Arquidiocese de Riga, e resultam da sua experiência de preparação do
Caminho da Cruz ecumênica – um evento ecumênico anual de grande importância na Letônia. Esta experiência convida a refletir aquilo que significa a Paixão e a Ressurreição no contexto letão, e os altos feitos que os cristãos batizados são chamados a proclamar.
Textos bíblicos:
Gn 37,5-8 | Ouvi o sonho que tive. |
Sl 126 | Pensávamos estar sonhando. |
Rm 12,9-13 | Que o amor fraterno vos una com mútua afeição; rivalizai na mútua estima. |
Jo 13,34-35 | O mundo inteiro não poderia conter os livros que se escreveriam. |
Comentários:
A desunião dos cristãos faz mal. As Igrejas sofrem pela sua incapacidade de se reunirem ao redor da Mesa do Senhor como uma só família; elas sofrem pelas suas rivalidades e suas hostilidades históricas. Em 2005, como resposta à desunião dos cristãos, surgiu a a iniciativa da criação de uma revista ecumênica: Kas Mus Vieno? (“O que nos une?”). A experiência da realização desta revista inspirou a seguinte reflexão.
José teve um sonho, e este sonho é uma mensagem de Deus. Mas quando ele contou o seu sonho aos seus irmãos, estes reagiram com cólera e violência, pois o sonho implicava que eles se inclinassem diante dele. Finalmente, a fome conduz os irmãos ao Egito, e eles se inclinam de fato diante de José, mas em vez da humilhação e da desonra que eles temiam, vivem um momento de reconciliação e de graça.
Jesus, como José, nos desvenda uma visão, uma mensagem sobre a vida do Reino do seu Pai. É uma visão de unidade. Mas, como os irmãos de José, isto muitas vezes nos irrita, nos aborrece e nos faz temer ao mesmo tempo a visão como tal e o que ela parece implicar. Ela requer que nos submetamos à vontade de Deus e que nos inclinemos diante dela. Nós a rejeitamos, pois temos medo só em pensar o que poderíamos perder. Mas a visão não diz respeito a alguma coisa a perder. Ela trata, ao contrário, do reencontro dos irmãos e das irmãs que tínhamos perdidos e do retorno à unidade da família.
Nós redigimos muitos textos ecumênicos, mas não podemos limitar nossa visão da unidade cristã às declarações de acordo, qualquer que seja o seu alcance. A unidade que Deus deseja para nós, a visão que ele nos apresenta dela, ultrapassa muito tudo o que podemos expressar em palavras ou que podem conter os livros. Ela expressa aquilo que se deve encarnar em nossas vidas, assim como na oração e na missão que partilhamos com nossos irmãos. Ela se realiza principalmente no amor que manifestamos uns aos outros.