Enfermeiras da Terra

Comida Boa na Rádio

23/11/2018

 

ENFERMEIRAS DA TERRA

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O programa Comida boa na mesa traz dicas técnicas e o faça você mesmo, promovendo a agroecologia e um mundo melhor e sustentável. É produzido pelo Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia, o CAPA, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

As plantas que costumamos chamar de “invasoras”, “inços”, “ervas daninhas”, na agroecologia são chamadas de plantas espontâneas. Elas não aparecem por acaso na nossa lavoura. Elas aparecem sobre determinadas condições de solo, indicando carências ou excessos de nutrientes, compactação, acidez. Podemos chamar essas plantas de enfermeiras ou indicadoras da natureza. Elas aparecem para mostrar o estado de saúde do solo e nos dizer o que está faltando para manter a terra saudável e equilibrada.

Alguns exemplos de plantas enfermeiras e o que elas indicam na nossa terra:

Amendoim Bravo: Também chamado de “leiteira”. Indica que está havendo desequilíbrio entre Nitrogênio e micronutrientes.

Barba de Bode: Comum em potreiros e pastagens, ou terras desgastadas e lavadas. Aparece em grande quantidade quando se usa o fogo (queimadas). Indica falta de fósforo, cálcio e potássio.

Maria-Mole ou Berneira: Indica solos ou pastagens com uma camada compactada entre 40 e 120 cm de profundidade e deficiência de potássio. Serve de abrigo para as larvas do berne. Regride com o uso de plantas de subsoladoras (guandu, mucunas, feijão de porco).

Capim Marmelada ou Papuã: Só aparece em terra revolvida, gradeada ou arada. Boa forrageira. Indica solos em decadência e mal trabalhados. Quanto pior o solo para as culturas, melhor para o papuã. Diminui com o plantio de aveia preta, centeio ou ervilhaca em cobertura.

Capim Rabo de Burro: Invasora de terras abandonadas e pastagens. Indica solos muito ácidos, com baixo teor de cálcio e uma camada impermeável entre 60 e 120 cm de profundidade.

Caraguatá ou Gravatá: Típica de potreiros e pastagens com húmus ácido. Desaparece com calagem e pastoreio rotativo.

Carquejas: Aparecem em terrenos que retêm água no subsolo, próximo à superfície, em épocas de chuvas e que são muito secos nas épocas de  estiagem.

Cravo Branco, Picão Branco ou Erva Fedorenta: Aparecem em solos infestados por nematóides. Em solos de boa estrutura, crescem melhor e em solos desestruturados, ficam pequenas.

Dente de Leão, Radiche do Mato ou Serralha: Indicam presença excessiva de boro no solo.

Fazendeiro ou Picão Branco: Aparece em solos com excesso de nitrogênio, mas deficientes em micronutrientes. É tóxico e não deve ser arrancado com as mãos.

Guanxuma: Invade terrenos de subsolo compactado ou de solo superficial lavado pela erosão. Pode indicar presença de laje subterrânea, que restringe o crescimento das raízes, mas que a guanxuma consegue vencer. Em solo fértil, cresce a guanxuma “viçosa” e em solo pobre, guanxuma pequena. O fato de arar o solo em muita profundidade, o pisoteio de gado e movimentação excessiva de máquinas podem provocar seu aparecimento.

Leguminosas em geral: Indicam presença de fósforo no solo, nutriente que elas aumentam. Quando aparecem em maior escala, indicam melhoramento do terreno ou solo em recuperação de fertilidade. Quando falta potássio, são dominadas por capins. Quando falta cálcio, são atacadas por cochonilhas e suas sementes são parasitadas por brocas (guandu). O tremoço tem capacidade de enriquecer o solo com cálcio.

Nabisco ou Nabo Crioulo: Indica carência de boro e manganês. Ocorre geralmente em áreas de monocultura de soja. Corrigindo as deficiências destes nutrientes, ele praticamente desaparece.

Samambaia: Indica sempre níveis elevados de alumínio (acidez), mas nem por isso os solos onde aparece são pobres. Em terras férteis e com bom teor de matéria orgânica, cresce alta. Em terras pobres, fica raquítica. Nunca deve ser queimada, pois o alumínio retorna ao solo e a samambaia reaparece. A calagem em doses altas, de acordo com uma análise de solo, faz ela desaparecer.

Tiririca: Invasora de grande persistência em algumas culturas. Indica solos ácidos, compactados, temporariamente encharcados ou deficientes em oxigênio pela perda dos macroporos, pelo excesso de arações e gradagens. Pode denunciar também a falta de magnésio. A planta feijão de porco é um bom controlador da tiririca.

Para outras informações acesse: www.capa.org.br
Bom trabalho!


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