Emprestar?!

Senhas diárias

16/09/2020

SENHAS DIÁRIAS - 16.09.2020
Na época em que o livro de Provérbios foi redigido, em princípio por Salomão, a grande maioria da população vivia do que sua terra produzia: pecuária e agricultura. Também havia uma grande parcela da população que trabalhava na terra de outros. Quase tudo estava ligado à terra. Por isso, o autor de Provérbios exorta a que as pessoas oferecessem a Deus, como forma de gratidão e adoração, o que sua terra produzia de melhor. Desta prática e desta compreensão vem o costume do Culto de Ação de Graças, que é uma forma religiosa de homenagear ao Senhor Deus. É importante perceber que a exortação é para que se ofereça o que a terra dá de melhor. Muito cedo, pessoas passavam a oferecer a Deus, no sacrifício, o que não era muito bom para comercializar ou comer. Isso era uma maneira, por sinal suja, de aliviar a consciência no que diz respeito às ofertas em culto e de não perder com animais ou colheita que não daria para comercializar. Logo foi instituída a lei de que o novilho, o cordeiro ou a ovelha oferecidos em sacrifício deveriam ser sem defeito e sadios. As pessoa queriam ludibriar e não perder até nas ofertas em culto. Provérbios diz para oferecer o que de melhor se colheu ou se criou, pois Deus era quem dava condições para produzir e fazia crescer o que a terra dava. Era a maneira, sincera, de reconhecer e ser grato pelas graças que Deus derramava sobre a terra. Isso vale para nós também. Devemos entender que a razão da vida é o Senhor e Ele merece o que temos de melhor, mesmo que não trabalhemos na terra.
Jesus tem esta mesma compreensão e vai mais longe. Quando Ele exorta a que se empreste sem esperar devolução, está chamando a atenção para a importância de que as pessoas tenham vida digna. Isso é inédito e completamente contrário ao espírito econômico que sempre pautou as relações que envolvem dinheiro ou bens. Uma vez porque há pessoas mal intencionadas que não honram suas dívidas. Outra vez porque também há pessoas que têm a intenção de levar vantagem com juros, e até multas, sobre valores emprestados. São raras as pessoas que fazem o que Jesus diz. E quem faz, segundo Jesus diz, normalmente é tido por otário ou idiota. Mas, na verdade, esses são filhos de Deus. A concepção de Jesus é a de mostrar a possibilidade de um mundo solidário com as necessidades e dificuldades alheias e que quem pode emprestar, naquele momento, tem além do necessário. Continua havendo quem quer se aproveitar maldosamente da situação e também quem não está preocupado com a desgraça alheia, da família em necessidade, mas quer apenas garantir o seu lado. E depois afirma-se que os bens ou o dinheiro garantidos com a desgraça alheia são bênção de Deus. Jesus tem palavras que são extremamente desafiadoras para nossa sociedade e se chega a pensar que elas sejam impraticáveis. Mas não são. As palavras, exortações e mandamentos de Jesus são coerentes com sua visão de mundo e de relações fraternais que são possíveis e praticáveis. Nossa sociedade, dita cristã, na verdade é uma sociedade que vive apenas um arremedo de Evangelho e uma cultura cristã desfigurada. Pensemos nisso. O Senhor é conosco e nos desafia.


Autor(a): P. Luiz Carlos
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio Claro (SP)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 58894
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A Deus, aos pais e aos mestres, nunca se poderá agradecer e recompensar de modo suficiente.
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