Diversidade

Palavr@ção 11

06/03/2014

PALAVR@ÇÃO on-line 11

DIVERSIDADE

Expediente

PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB – Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos – Março de 2014
Colaboração: Secretaria de Ação Comunitária e Conselho Nacional da Juventude Evangélica - CONAJE
Elaborador: Diác. Nádia Mara Dal Castel de Oliveira
Equipe de revisão: P. Jaime Jung, Diac. Simone Engel Voigt e Prof. Katilene Willms Labes
Revisão Ortográfica: Martha Regina Maas
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br


PALAVR@ÇÃO é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo possui duas partes: uma teórica (PALAVRA) e outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a reflexão sobre um assunto importante vem conectada a sugestões de atividades práticas para a juventude.

Palavra
Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio de auxílio para a preparação de estudos sobre determinada temática.

Ação
Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender à realidade e às necessidades do grupo de jovens.


Palavra - parte teórica

O que é diversidade, afinal?

Do latim diversĭtas, diversidade é uma noção que se refere à diferença, à variedade, à abundância de coisas distintas ou à divergência. Por exemplo: “O Jardim Zoológico de Lisboa apresenta uma ampla diversidade de espécies animais”. Ou “A diversidade de pratos oferecidos neste restaurante é impressionante”. Ou ainda “Quem me dera ter uma diversidade mais ampla de camisas para poder escolher a mais apropriada para cada ocasião”.

A diversidade humana é bela, enriquece a vida e afirma cada pessoa na sua singularidade. No entanto, ao longo da história, equivocamos o conceito de diversidade. Convertemos as diferenças de gênero, raça/etnia, deficiência, orientação sexual, entre outras, em desigualdades. Passamos a olhar para as outras pessoas como desiguais e não apenas como diferentes.

Nos últimos séculos, as ciências têm pensado e falado em torno de um modelo de ser humano – homem, adulto, branco, heterossexual e cristão. Esse modelo passou a ser o centro de todos os discursos filosóficos, religiosos, médicos, jurídicos e científicos.

Nossa forma de pensar e de falar, ou seja, nossa linguagem e nosso imaginário, foram aos poucos construídos em torno desse modelo ocidental. Assim, o que não corresponde a ele é desqualificado. Quando um ser humano é desqualificado, as margens para a discriminação e o preconceito ganham proporções ainda maiores.

Além deste quadro, quando falamos em diversidade para um público de pessoas jovens, nos deparamos com um dilema: a fase da pré-adolescência até o início da fase adulta é marcada pela busca e afirmação da identidade. Para isso, as pessoas jovens buscam modelos, grupos de identificação, ideologias e tendências. Falar de diversidade, nesse caso, parece complicado e até contraditório.

O que a Bíblia nos diz a respeito da diversidade?

Em Gênesis 1, temos o relato da criação do mundo. Cada elemento do universo, cada ser vivo contêm uma diversidade infinita. Em Gênesis 2, no relato da criação do ser humano, está escrito: “então, do pó da terra, o Senhor formou o ser humano”(Gn 2.7a). A marca da criação do mundo e do próprio ser humano é a diversidade. Diversas cores, diversas plantas, diversos animais e seres humanos diferentes: homem e mulher. Todos criados e colocados para conviverem nesta diversidade. A frase “E viu Deus que tudo era bom...” pode ser interpretada como uma afirmação de que viver nesta diversidade é muito bom, saudável e agradável a Deus.

Ainda em Gênesis 2.15 temos uma ordem de Deus: “Então o Senhor Deus pôs o ser humano no Jardim do Éden para cuidar dele...” Cuidar do Jardim é cuidar da diversidade, é valorizar cada elemento e cada pessoa na sua singularidade. Ninguém é melhor que ninguém. Todas as pessoas são diferentes. Todas são especiais.

Deus cuida e preserva as diferenças mesmo quando os Seus planos de depositar esta confiança no ser humano são frustrados. Ao ficar zangado com os seres humanos por causa da maldade deles, Deus escolhe Noé para construir uma arca. Orienta-o a entrar na arca com sua família, mulher e filhos e a separar sete de cada espécie de animal (Gn 7.1-2). Mulheres e crianças fazem parte do plano salvífico de Deus desde o início e animais são igualmente cuidados por Deus, pois o mundo sem a diversidade não é bom!

Mas é possível convivermos juntos como pessoas e com tanta diversidade?

Sim, pois ao se fazer ser humano e visitar a humanidade em Cristo, Deus vive comunhão, ensina e envia as pessoas para a comunhão fraterna. Em todo lugar que andava, Jesus convivia com uma diversidade de pessoas: fariseus, publicanos, pessoas doentes, mulheres e crianças, cobradores de impostos, soldados, discípulos e discípulas. E, ao estar entre eles, ensinava a comunhão.

Ao sentar com Marta e Maria à mesa, Jesus desafia a convivência com o diferente (Lc 10.32-48): as duas mulheres são diferentes e têm ideias, valores e interesses também diferentes. Ao motivar o diálogo entre as duas e ao insistir em sentar-se à mesa, Jesus valoriza a diversidade.

Passando a palavra
Então, é possível estar em busca de um grupo de convivência com pessoas que gostem de coisas que nós também gostamos e, ao mesmo tempo, arriscar conviver com outros grupos, com outras pessoas que sejam diferentes de nós. Podemos pensar diferente, vestir diferente; podemos gostar de cores diferentes, de músicas diferentes; podemos vir de lugares diferentes e comer alimentos diferentes; podemos gostar de sites diferentes e fazer programas diferentes; podemos gostar de filmes de ação e podemos gostar de romances... Mesmo assim, podemos conviver e compartilhar, sentar juntos, experimentarmos um pouco da outra pessoa sem medo de perdermos o que somos ou o que gostamos.

SAIBA MAIS

Dica de Filme:

- A Era do Gelo (Ice Age): Ano: 2002; Gênero: Animação, Aventura; Direção: Carlos Saldanha, Chris Wedge. Roteiro: Michael Berg. Classificação: Livre. O filme mostra a formação de um grupo bem diferente. Os personagens aprendem a conviver apesar de suas diferenças.

Dica de PDF:
- Não faz mal ser diferente: Acesse: http://www.m igual.org/UserFiles/File/Cidadania%20e%20Div%20Cultural/Nao_Faz_Mal_Ser_Diferente.pdf f

Dicas de Vídeos:

- Convivência - For the Birds: Pixar, duração: 3min24seg. Acesse: www.youtube.com/watch?v=Bn3wZcDTLlg
- Tudo bem ser diferente: Daniela F. Costa, março de 2011. Duração: 2min47seg. Acesse: http://infoeducativaemei.blogspot.com.br/2011/03/livro-virtual-tudo-bem-ser-diferente.html

Dicas de Música:

- Ciranda da Bailarina – Adriana Calcanhoto. Álbum: Adriana Partimpim; Gênero: Pop, MPB; Gravadora: BMG/Ariola; Ano de lançamento: 2004.

Dicas de Livros:

- TOURANE, Alain. Poderemos viver juntos? Iguais e Diferentes. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
- WERNECK, Cláudia. Sociedade Inclusiva. Quem cabe no seu todos? Rio de Janeiro: WVA Editora, 1999.


AÇÃO - parte prática

Como podemos pensar a diversidade?

Leitura de Colossenses 3.12-16

A leitura da carta do apóstolo Paulo aos Colossenses fala da vida a partir de Jesus Cristo. Da nova vida possível a partir do amor e de valores que edificam e valorizam a vida. O texto não fala diretamente da diversidade. Mas os diversos valores citados dizem respeito a uma diversidade de ações e atitudes que promovem paz, comunhão e respeito. “Não fiquem irritados uns com os outros”- quando não olhamos as pessoas como naturalmente diferentes de nós e como sendo também natural pensar e fazer diferente, facilmente nos irritamos. Buscar a tolerância e a consciência da diversidade ajuda a não nos irritarmos com o que é natural e próprio da outra pessoa. Isso ajuda a nos mobilizarmos para o que realmente deve nos incomodar: a injustiça, o preconceito e a discriminação.

Impulsos para meditação:

- “E a paz que Cristo dá dirija vocês e suas decisões, pois foi para esta paz que Deus os chamou a fim de formarem um só corpo...” (Cl 3.15). O que se pode compreender deste versículo?

Dinâmica: Livro Virtual – Tudo bem ser diferente
Material necessário: computador, data show, maquina fotográfica digital, papel e canetas.

Sequência:

- Como introdução, converse com a turma sobre as diferentes características que existem entre as pessoas do grupo. Por exemplo, características físicas (altura, cor do cabelo...), comportamentais (timidez, bom humor...), habilidades (música, esporte...), preferências (comidas, filmes...), etc.

- Forme pequenos grupos de até cinco pessoas. Peça que encontrem entre as pessoas do seu grupo sete diferenças. Por exemplo: 1) a cor dos olhos do Paulo é azul e a cor dos olhos da Luiza é marrom; 2) Eloá sabe tocar violão, Eduarda sabe tocar teclado e Larissa sabe tocar flauta; ... Cada grupo anota numa folha as diferenças que encontrou.

- Fotografe uma cena para cada uma das sete diferenças. Para isso, peça que cada pessoa pose para a foto ressaltando a característica que lhe foi atribuída. Vale usar a criatividade e improvisar.

- No grande grupo, usando o computador e o data show, passe as fotos e o que foi anotado sobre cada uma delas.

Observação: se não for possível usar o equipamento recomendado, o grupo pode apresentar as sete diferenças chamando as pessoas e citando as características mencionadas.

Reflexão: Convide o grupo a refletir sobre a dinâmica, sobre o que perceberam e o que puderam entender. Se for o caso, compartilhe algo do que foi apresentado na parte teórica (Palavra) deste estudo. Alguns dos materiais citados - parte de dicas (Saiba Mais) - também podem ajudar. Você pode motivar o diálogo no grupo com a seguinte pergunta:

- Que atitudes podemos ter para que cada pessoa possa ser ela mesma sem medo ou preconceito e para que tenha espaço em nosso grupo e em nossa comunidade?

Que tal? Desafie a turma a produzir um pequeno vídeo ou apresentação de slides com fotos contendo as diferenças levantadas, conforme o vídeo da professora Daniela F. Costa (na parte Saiba Mais). Não esqueça de compartilhar com a gente!

Atividade Complementar: Abraço Grátis

A comunhão vai além de um convite de Deus. Ela é fundamental para o bem viver do ser humano. Por isso, Deus insiste na comunhão. E comunhão sem vivência com o diferente é impossível. As pessoas, principalmente em nossas cidades, estão carentes de vida e comunhão, de abraços e proximidade. Desafie seu grupo a dar ‘abraços grátis’ pelas ruas da sua cidade. É muito simples... 1) Escrevam em faixas, cartolinas, camisetas a frase “Abraço Grátis”. 2) Andem com os cartazes à mostra e concentrem-se numa rua ou em uma praça e, sem dizer nada, aguardem a reação das pessoas. Sorriam e, se alguém pedir, abracem com respeito e carinho. Será uma experiência legal e irá despertar a comunhão e o abraço desprovido de qualquer interesse. Espalhará a paz do abraço em meio à cidade! 3) Depois o grupo pode compartilhar com a comunidade a experiência e as reações que vivenciaram.

Você sabe a diferença entre discriminação e preconceito?

A discriminação é ação concreta que implica em tratamento que desconsidera as necessidades e especificidades das pessoas. Para ações de discriminação, a Lei prevê sanções, punições, obrigatoriedades. Eu não posso discriminar negros, mulheres, crianças, homossexuais ou pessoas com deficiência porque são diferentes do ‘ser humano’ construído historicamente – “homem, branco, adulto, heterossexual, sem deficiência”. A lei proíbe qualquer tipo de discriminação. Portanto, planejar o combate às discriminações exige ações concretas com amparo legal.

Já o preconceito é abstrato, invisível, composto de valores e culturas. São valores que necessitam de ações específicas e coletivas para que se rompa com a visão de mundo excludente. É preciso que se construa uma cultura da convivência e de respeito às diferenças.

Assim, para alcançar eficiência na busca por igualdade de direitos e valorização da diversidade humana, devemos considerar a necessidade de ações distintas e estratégias diferenciadas:
- O combate à discriminação exige medida legal.
- O combate ao preconceito exige ações no campo da educação, da cultura, da mudança de mentalidades e valores.

Informações sobre o autor

Nádia Mara Dal Castel de Oliveira é formada em Psicologia e Teologia. Atualmente trabalha como diácona na Paróquia dos Apóstolos em Joinville/SC.
 

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ARQUIVOS PARA DOWNLOAD
Palavr@ção on-line 11.pdf


Autor(a): Nádia Mara Dal Castel de Oliveira
Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Jovens
Área: Missão / Nível: Missão - Formação / Subnível: Missão - Formação - Educação Cristã / Organismo: Juventude Evangélica - JE
Testamento: Novo / Livro: Colossenses / Capitulo: 3 / Versículo Inicial: 12 / Versículo Final: 16
Natureza do Texto: Educação
ID: 27211
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