Diaconia e Oferta - A Viúva Pobre - Marcos 12.41-44

01/03/2018

DIACONIA E OFERTA
A VIÚVA POBRE - MARCOS 12.41-44
 
Jesus estava no pátio do Templo, sentado perto da caixa das ofertas, olhando com atenção as pessoas que punham dinheiro ali. Muitos ricos davam muito dinheiro. Então chegou uma viúva pobre e pôs na caixa duas moedinhas de pouco valor. Aí Jesus chamou os discípulos e disse:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque os outros deram do que estava sobrando. Porém ela, que é tão pobre, deu tudo o que tinha para viver”.
 
Jesus está no templo com os discípulos. Mas ele não está olhando para o teto ou para qualquer outro lugar, fingindo não ver as pessoas. Não! Jesus observa as pessoas que entram no templo, que deixam ali o seu dízimo, ou seja, sua oferta. Observa que ali entram ricos e pobres, homens, mulheres e crianças. Ele vê que também entra uma viúva. As pessoas vão colocando as suas ofertas no gazolfilácio do templo. Não são os poderosos e aqueles que andavam com roupa chique que chamam a atenção de Jesus. É a viúva. Mas, como Jesus sabe que a mulher, citada no texto, era uma viúva? Na época de Jesus as mulheres e as crianças eram excluídas e ficavam numa parte específica do templo. Existiam muitas viúvas naquela época, também porque muitos homens morriam nas guerras e devido às várias doenças. Elas não recebiam benefícios nem aposentadoria. A mulher que entrou no templo e que deu todo o seu dinheiro era uma viúva pobre. Para Jesus o que chama a atenção é a simplicidade, a humildade e a fé.  Quando Jesus diz que aquela viúva deu mais que os outros ele quer dizer que ela, na verdade, entregou sua vida nas mãos de Deus e esperou confiantemente que Deus a ajudasse. Isso se chama esperança! Isso é se colocar nas mãos de Deus. A sociedade a discriminava e lhe apontava os dedos, mas ali no templo, aonde ela dá a sua oferta, era o lugar onde ela poderia ser ela mesma, onde Deus a veria e escutaria, onde ela poderia se inclinar para orar e pedir por socorro. Por gratidão a Deus, ela não dá o resto das moedas, pensando em guardar um pouco para comprar comida para si, mas ela deixa claro, com a sua ação que de fato confia em Deus, que a sua vida depende de Deus.
 
Vamos trazer este texto para nossos dias, vamos refletir sobre as atitudes de Jesus, da viúva e as nossas. Será que nós, muitas vezes, não somos como aqueles que também entram no templo, ou seja, na Igreja, colocam a oferta/contribuição e depois caímos fora? Será que ofertamos de todo o coração? Será que pensamos somente em nós mesmos, em  nossa família ou também pensamos nos outros? Jesus observa, ouve, percebe e fala com as pessoas...a mesma atitude ele espera de nós. Na comunidade somos todos irmãos e irmãs. É ali que nos reunimos em torno da palavra de Deus, dos Sacramentos e vivemos em comunhão, somos um corpo. Por isso, sinto que este texto quer nos dizer uma coisa muito importante: que precisamos aprender a perceber quem entra, quem sai ou quem está na nossa comunidade. Há pessoas na comunidade que entram no culto e saem sem que alguém tenha lhes dito uma palavra, sem que alguém lhes tenha perguntado se está tudo bem ou se precisa de algo. São pessoas como a viúva da história. Jesus nos mostra o exemplo e quer que façamos o mesmo. Outra coisa que nos chama a atenção neste texto: a oferta é dada por gratidão. A viúva sabe que sua maior riqueza é a sua vida, por isso, ao entregar tudo o que possuía, está dizendo: “Ó Deus, estou em tuas mãos, te dou tudo o que tenho, te dou o dinheiro e te entrego também a minha vida”. A oferta é sinal de gratidão e compromisso com a vida.  Não basta pensar “eu vou ajudar” quando, na verdade, isso nunca se concretiza. A nossa fé é ativa no amor (Gl 5.6), por isso, a oferta não está desvinculada da nossa fé. A vida sem gratidão e sem amor é vazia e enfraquece na caminhada diária (e há tanto caminho a percorrer...tantos desafios...tantos sonhos... Que bom saber que não estamos sozinhos. Deus está conosco em cada curva, cada trecho pedregoso ou cheio de vida e de alegria e nos dá o sustento durante essa caminhada).  O que fazemos pela nossa comunidade não é para qualquer grupo de pessoas, mas para o povo de Deus. Este é um cuidado que temos uns pelos outros. Também é diaconia.
Todas as doações de uma comunidade são abençoadas e são destinadas para a pregação do Evangelho, a celebração dos sacramentos (batismo e santa ceia) e ao serviço de amor ao próximo (diaconia) e tudo isso é a missão da Igreja. O templo de Jerusalém destinava grande parte de suas ofertas para ajudar pobres, viúvas, órfãos, enfermos, comunidades. Paulo escreve em Romanos 15.25-26: Nesse momento, todavia, estou rumando para Jerusalém, a serviço dos santos. Porquanto pareceu bem às igrejas da Macedônia e da Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos de Jerusalém. Tiveram grande alegria nessa assistência, e de fato são devedores aos santos de Jerusalém. Pois, se os gentios participaram das bênçãos espirituais dos judeus, devem igualmente servir aos judeus com seus bens materiais.”
Como comunidade cristã nos preocupamos uns com outros, portanto percebemos quem aqui fica de lado, quem não recebe atenção... e para isso todos nós somos instrumentos do Reino de Deus e nos dispomos a contribuir por gratidão, sabendo que Deus já nos dá tudo o que temos e somos e nós lhe devolvemos nem a metade. Deus cuida de nós quando entregamos a nossa vida em suas mãos e depositamos toda a nossa esperança nele. Amém.
 Diác. Angela Lenke
Coordenadora do Departamento de Diaconia e Assistência Social da CEJ-UP

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