Isaías relata a visão que recebeu do novo tempo criado pelo próprio Senhor. Serão os novos céus e a nova terra, criados para que a paz seja plena e a criação de Deus retorne ao paraíso, para assim viver na graça eterna do Senhor. Isaías aponta para o único Deus existente e que pode fazer algo pela humanidade, sua criação. Ele será o juiz de tudo e de todos, pois julgará com exatidão, justiça e extrema misericórdia para com o ser humano. Mas algo mais, e muito importante, é apontado nesta visão de Isaías. Algo que não observamos numa primeira leitura e que só aparece quando nos damos conta da condição pecadora do ser humano. Será necessário que alguém fora do ser humano, e além de sua índole, faça o julgamento entre as nações. As nações, os seres humanos, são incapazes, apesar de ter a palavra de Deus ao seu dispor, de produzir esta paz. Deus não será juiz porque é todo poderoso ou quer impor sua vontade a nós, mas será juiz porque nós não conseguimos criar um mundo de paz. Já provamos isso ao longo de mais de 5 mil anos de civilizações. O que vemos hoje, nas relações entre pessoas dentro dos países e entre os países, é um acirramento de imposições dos mais fortes sobre os mais fracos; um aumento da miséria e da fome no mundo; um aumento da concentração de renda em poucos. O versículo aponta para o principal problema da humanidade: a disposição em manter as espadas e as lanças em prontidão para matar, conquistar e impor sua própria verdade. E Deus quer que o aço sanguinário sangre apenas o chão e retire dele o alimento necessário para que a humanidade viva em paz. Deus não quer se impor por força, mas deve sofrer ao ver sua criação, em especial o ser humano, ser incapaz de viver em paz. Por isso intervém e por isso deixou que seu Filho amado viesse mudar os rumos da humanidade.
Os anjos anunciam aos pastores qual é a vontade de Deus o Pai: Glória a Deus e paz na terra para todas as pessoas. Dar glórias a Deus significa reconhecer sua majestade e autoridade em relacionamentos pessoais e procurar fazer como Ele diz. Ele tem todo o poder mas não quer impô-lo arbitrariamente. Ele ainda espera que os seres humanos, guiados pelo Evangelho, façam diferente. Ele deseja paz para todas as pessoas, porque a todas Ele quer bem. Ele não quer bem apenas às que fazem o bem. Ele se alegra, é verdade, com as que fazem o bem, mas seu amor está sobre todo e qualquer ser humano. Por isso Jesus morreu por todos. Nós somos desafiados a querer o bem e, espontaneamente ou motivados pelo Evangelho, procurar transformar nossas espadas e lanças em arados e foices que produzam o bem e promovam a paz. Por isso é verdade: não basta saber, é preciso fazer, pois falar é muito fácil. Façamos assim.