Olá, a Palavra de Deus fala com você nesse tempo da Campanha da Fraternidade Ecumênica. Eu sou Ramona Weisheimer pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e trabalho na Paróquia de Rolândia, no Paraná. O tema da nossa reflexão de hoje é “Vocação e Diálogo”. O texto bíblico que nos orienta está em Is 9.6: “Já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o nosso rei.”
Este é um texto que comumente ouvimos em tempo de Natal! O profeta Isaías canta, em bela e elaborada poesia, o novo que o Senhor faz: luz que ilumina as trevas, e traz esperança. Por isso se alegrarão como em tempo de colheita, como em tempo de dividir os despojos de guerra, porque a guerra já acabou. Porque o Senhor quebrou o jugo pesado, a vara que feria, o cetro que oprimia. Não mais guerra! E as armaduras e roupas sujas de sangue serão queimadas. Porque uma criança nasceu, um filho nasceu! E a ele foram dados os mais belos nomes: Maravilhoso, Conselheiro, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz!
O texto é um anúncio e é uma oração! Que nem todos quiseram ouvir. Não era tempo de paz, era tempo de guerra, da Guerra Siro-Efraimita (722 a. C.), quando, diante da ameaça da Assíria, o Reino do Norte, Efraim, e a Síria exigiram uma aliança com Jerusalém, que se recusa a ajuda-los, e acaba atacado por eles. Isaías pediu ao rei Acaz que não temesse Israel e a Síria; que não fizesse aliança com a Assíria, pois seria desastroso. Mas Isaías foi visto como traidor. Quando aquilo que ele predisse se concretiza de forma terrível, o profeta, mesmo tendo sido deixado de lado, escreve. Escreve porque a vocação do profeta é não calar, mesmo diante de ouvidos moucos. E escreve de forma poética para ressaltar que o Senhor traz outra vez motivo de grande alegria! A luz brilha! Porque nasceu uma criança. Deus, que quer tudo transformar, assume o risco de concretizar sua vontade numa humilde criança.
Assim, o texto de Isaías, oração proferida por um pequeno grupo de dissidentes, deixa transparecer um panorama de guerra, de opressão, mas também de esperança.
Alegria! Alegria dá o tom, dizem os autores de tantos comentários. E esperança, mesmo em meio à crise que se agiganta. Talvez seja difícil sentir tanta alegria agora, quando os números da perda crescem ao nosso redor, e adquirem rostos e nomes queridos. Talvez nos sintamos muito mais como aqueles que andam nas trevas e que vivem na região da sombra da morte. Dói. Tanta coisa dói. A angústia, a perda, a solidão, a fome. Mas, também para nós canta o profeta: brilhou a luz! E se Quaresma, que já vai findando, é tempo de contrição e preparo do coração, que possamos também abrir nosso coração para esta luz que brilha, e teimosamente nos chama à esperança! Pois um menino nasceu para nós, mas também viveu entre nós, morreu por nós! E ressuscitou! E é este Senhor que nos chama, que vocaciona, que envia como instrumentos da sua paz, do seu amor, do seu perdão, em união, em fé e em esperança.
Oração: Senhor, são difíceis os nossos dias. Temos medo por tantos e por tantas coisas. Mas Tu és Deus bondoso que nos permites falar das nossas dores, que ouves nossas angústias, que nos fortaleces e envias. E, se Tu nos chamas, vocacionas, que nunca nos falte diálogo, esperança e fé. Amém.
A Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 foi organizada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC com o tema Fraternidade e diálogo: compromisso de amor e o lema Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade.