Davi, compositor do salmo 22, expressa suas dores e dificuldades num momento delicado de sua vida. Está sendo perseguido, como tantas vezes foi, e, num primeiro momento, se sente abandonado por Deus, mas expõe sua confiança de que o Senhor não permanecerá distante. Virá em seu socorro e o guardará de males piores. Como de fato aconteceu. Ao mesmo tempo, ele antecipa o sofrimento de Jesus na cruz. Cristo está sofrendo terrivelmente na cruz e, assim como Davi, se sente abandonado por Deus. Como era costume do judeu da época, Jesus, em meio a sua dor, recita salmos para buscar consolo e orar ao Pai. Ele usa partes do salmo de Davi, pois ele reflete a sua própria dor e sensação de abandono. Assim como Davi, Cristo é consolado pelo Pai e termina suas palavras na cruz com uma confissão de confiança plena no Pai (Lc 23.46): Nas tuas mãos entrego o meu espírito. Isso vale para nós também. Dores fazem parte da vida e não somos poupados delas. Porém, também nós somos consolados pelo Pai em meio às dores que se nos acometem tantas vezes.
É o que Paulo diz ao rei Agripa, quando precisou defender-se diante dele, falando da fé que professava. Ele diz quer o Senhor o ajudou e por isso está ali, naquele momento, falando de Jesus e testemunhando que só Ele é Senhor e Salvador. Ele não foi abandonado em meio às dificuldades. Pelo contrário, o Senhor o manteve com vida e mostrou sua misericórdia para com ele. Isso o motiva a continuar falando de Jesus para todas as pessoas que encontra, não importando quem seja. Também nós somos cuidados por Deus e também nós somos desafiados a falar de Jesus onde estivermos, com palavras e ações. Façamos assim.