O profeta Isaías traz uma palavra de forte exortação ao povo, especialmente às autoridades e lideranças de Israel. Esta palavra desmascara a falsa compreensão de que Deus não dá ouvidos ao clamor de seu povo e daqueles que o buscam. Não é Deus que se omite em atender as súplicas e orações do povo, mas é o povo, especialmente seus governantes e classe dominante, que se omite em fazer a vontade de Deus. É como se batêssemos à porta, pedindo para que Deus abra e atenda, mas estamos com a chave pelo nosso lado, pelo lado de fora e impeçamos a ação de Deus. Claro que não há como impedir a ação de Deus, pois o Senhor faz o que bem quer, porém Ele não vai arrombar a porta e obrigar a fazer sua vontade. Quando pedimos pela ação de Deus, precisamos estar vivendo segundo a vontade do Senhor e agindo segundo seus propósitos. Isaías acusa Israel de pedir justiça para si, mas nada faz em favor da justiça para o próximo, pelo contrário, ainda aumenta as injustiças; pede que suas dores sejam curadas, mas nada faz pelas dores de seu próximo e ainda aumenta estas dores; pede que seus anseios sejam ouvidos e atendidos, mas fecha seus ouvidos para os anseios do necessitado, do carente e do fragilizado e ainda aumenta as carências destes necessitados. Israel, suas autoridades e lideranças, precisa olhar seu jeito de viver e assim terá a atenção de Javé, o Senhor.
Jesus nos fala sobre isso ao dizer que o Consolador, o Espírito Santo, vai trazer clareza para a vivência dos seus seguidores e ensiná-los a discernir entre o bem e o mal; vai ajudá-los a entender o que de fato é pecado e como este pecado age na sociedade e no mundo; vai ensinar como viver direito e justiça segundo Deus. O Espírito vai mostrar que pedir a atenção e o cuidado do Pai, através de Jesus, requer dar atenção à vontade do Pai e ser cuidadoso com aquilo que Ele também é: nosso próximo e suas necessidades. O Espírito vai ensinar a abrirmos a porta pelo nosso lado e deixar que a graça e a misericórdia de Deus entrem e cheguem até nós. A salvação está posta em Cristo, mas nos negamos a vivenciá-la em nosso dia a dia, pois ela exige nova atitude em relação ao próximo. O Espírito está mostrando que queremos ser o próximo de Deus mas não queremos ser próximo para as pessoas que nos cercam. Pensemos nisso!