PALAVR@ÇÃO on-line 1
Desafiad@s ao protagonismo
PALAVRA
Pastor Olmiro Ribeiro Junior
Juventude no contexto atual
O conceito de juventude varia conforme o contexto econômico, social, histórico e cultural, sendo marcado pela transitoriedade e impulsividade. Não existe uma única juventude, mas há uma multiplicidade delas, tantas quantas são as tribos existentes, as realidades sociais, educacionais, culturais, políticas, econômicas, religiosas e virtuais.
Nessa multiplicidade, com a influência da globalização e da sociedade de consumo, podemos destacar alguns perfis ou características de jovens: inovação, questionamentos, pragmatismo, ansiedade, mentalidade não linear, descontração, ludicidade, irreverência, preferência pela informalidade e por conteúdos de mídia, músicas e vídeos. Jovens têm necessidade de convivência, adrenalina, tempo livre, pluralidade, limites e confiança.
A juventude está inserida na sociedade que a constitui e com ela tem problemas, ansiedades e desejos, necessidade de consumo e aceitação, soluções, mas, principalmente, tem necessidade de acompanhamento e de formação.
Conforme o seu contexto, cada jovem vai desenvolvendo sua visão de mundo, que pode ser crítica, solidária e social, ou apenas a visão do seu próprio “quarto”. Essa visão é fortemente influenciada pelos ambientes em que transita e pelas pessoas com quem se relaciona. Seu comportamento em relação a si mesmo e à sociedade da qual faz parte é uma consequência da sua forma de ver e interpretar a realidade.
Juventude e Igreja
Observando a juventude de nossa Igreja, percebe-se que a pessoa jovem, por si só, é esperançosa, vive o amor intensamente e acredita na vida. Ela tem no seu perfil os alicerces da vida cristã: a fé, a esperança e o amor. No entanto, necessita ser acompanhada e incentivada a viver esses valores cotidianamente. Para isso, o modelo de trabalho com jovens na Igreja precisa superar a mentalidade doutrinal e conceitual, pois é necessário primeiro cativar, gerar convivência para despertar o desejo de participar e aprender.
Lutero destaca a importância da educação cristã das pessoas jovens para que tenham condições de ser protagonistas no mundo e na sociedade em que vivem:
Se queremos pessoas excelentes e hábeis tanto para o governo secular como para o espiritual, cumpre deveras não nos poupemos empenho, dedicação e gastos na tarefa de ensinar e educar os nossos filhos, a fim de que possam prestar serviços a Deus e ao mundo (LUTERO, 2000, p. 362).
Segundo Lutero, a Igreja tem um papel importante na educação juvenil. A Igreja precisa oportunizar espaços de formação e de convivência para que as pessoas jovens desenvolvam afinidades e tenham vontade de encontrar-se para viver, celebrar, conhecer e praticar mais a mensagem evangélica.
Para isso serve-nos de exemplo o protagonismo de um jovem chamado Timóteo, que se tornou um grande líder da Igreja. Conhecemos a sua história através de textos bíblicos do Novo Testamento. As pessoas de sua família foram sua primeira referência para uma vida de fé (2 Timóteo 1.5). Ele se tornou colaborador do apóstolo Paulo, acompanhou-o em suas viagens missionárias (Atos 16.1-5) e também o auxiliou na redação de cartas que serviram de instrução para as comunidades (Filipenses 1.1; Colossenses 1.1). Timóteo se manteve aberto ao aprendizado e conectado com outras pessoas, com as quais dividiu o desejo de servir a Cristo (1 e 2 Timóteo). Pode-se observar que ele encontrou na comunidade cristã um espaço de acolhimento e formação. Isso lhe possibilitou desenvolver uma visão de mundo coerente com sua fé e lhe permitiu assumir uma postura ativa e transformadora em relação à sociedade de seu tempo.
Passando a palavra
A juventude evangélica está inserida em um contexto social específico e é para dentro dessa realidade que ela deve ser desafiada a exercer o protagonismo alicerçado na fé cristã. Cabe-nos, enquanto Igreja, cativar as pessoas jovens e proporcionar-lhes um espaço de acolhida e formação. Capacitar jovens para a transformação social é capacitá-los e capacitá-las para viver a graça de Deus com irreverência, criticidade e alegria.
Bibliografia
Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Um olhar sobre o jovem no Brasil / Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008.
LUTERO, Martim. Educação e Reforma/ Martim Lutero. Ed. Comissão Interluterana de Literatura. São Leopoldo - Porto Alegre: Editoral Sinodal - Concórdia Editora, 2000. (Coleção Lutero para Hoje).
Quer saber mais?
Dicas de Músicas:
TNT – O mundo é maior que o teu quarto;
Engenheiros do Hawaii - 3ª do Plural;
Geraldo Vandré - Pra não dizer que não falei das flores.
Dicas de Filmes:
- Karate Kid (The Karate Kid). Ano: 2010; Gênero: Ação/Drama. Direção: Harald Zwart; O filme é estrelado por Jaden Smith e Jackie Chan.
- Como Treinar o seu Dragão (How to Train Your Dragon). Ano 2010; Gênero: Animação. Direção: Dream Works Studios baseado no livro de mesmo nome How to Train Your Dragon de 2003.
Dicas de vídeos:
- Vamos cuidar um do outro (Let's care about each other no matter)
http://www.youtube.com/watch?v=zzylZGXmzP4.
- Todos queremos ser jovens (We All Want to Be Young)
http://www.youtube.com/watch?v=mPmkfE9SEHQ.
AÇÃO
Teóloga Janaina Hübner
1. Proposta de Encontro: Paulo e Timóteo – Acolhimento e apoio
Leitura de At 16.1-5
As pessoas cristãs da cidade de Listra e Derbe falavam muito bem sobre o jovem Timóteo. Ele era reconhecido e admirado pela sua dedicação à Igreja. Conforme o texto bíblico, o apóstolo Paulo o acolheu como seu colaborador na missão de testemunhar o Evangelho. Timóteo atuou ao lado de Paulo e aprendeu muitas coisas com ele. Certamente, Paulo também aprendeu muito com o jovem missionário. Este é um exemplo de que a partilha da vida de fé, a acolhida e o apoio mútuo possibilitam fortes laços de amizade e confiança.
Impulsos para meditação: Você já se sentiu acolhido/a e apoiado/a por alguém? O que isso significou para você?
Dinâmica:
Material necessário: notas fiscais; contas de água, luz e telefone; calendários, agendas, carteira de trabalho, livros, almofadas; tapete; Bíblia; flores; vela; papel com o nome TIMÓTEO; papel com o nome PAULO.
Preparação:
Organize dois espaços distintos na sala do encontro:
- No primeiro, coloque sobre uma mesa notas fiscais de mercado, contas de água, luz, calendários, agendas, carteira de trabalho, livros, etc. Em algum lugar deste espaço escreva TIMÓTEO. O lugar lembra a necessidade de acolhimento, ânimo e apoio.
- No segundo, crie um espaço muito aconchegante com tapete, almofadas, flores, a Bíblia e uma vela acesa. Coloque o nome PAULO, pois este lugar vai remeter à atitude de acolhimento e apoio.
Desenvolvimento:
Leve o grupo para o primeiro espaço e pergunte: De que estas contas e calendários nos lembram? Deixe o grupo se manifestar e, caso seja necessário, contribua dizendo: Estes objetos significam contas para pagar, compromissos que temos de cumprir, responsabilidades assumidas. Quais são os espaços que oferecemos para que pessoas jovens, assim como nós, possam falar de suas angústias e sofrimentos?
Leve o grupo para o segundo espaço e pergunte: De que estes objetos nos lembram? Deixe o grupo se manifestar e, caso seja necessário, contribua dizendo: Tapete e almofada lembram aconchego. Nós gostamos de lugares onde somos bem recebidos e bem recebidas, onde há aconchego e onde as pessoas nos esperam de braços abertos.
Nós proporcionamos este sentimento às pessoas que desejam se integrar ao grupo?
Peça para que se sentem e escrevam em um papel sobre as seguintes perguntas:
- Quem mais o influenciou ou a influenciou a participar da comunidade e do grupo de jovens?
- Que aspectos fazem com que você queira continuar participando?
- O que faria com que você deixasse de participar?
Reflexão em grupo
Divida as pessoas em grupos de quatro participantes para compartilharem o que escreveram. Após 20 minutos, compartilhem no grande grupo as reflexões que fizeram e tentem responder: Que contribuições estas reflexões trazem para o grupo e para a comunidade? Que ações e compromissos concretos nós podemos firmar a partir destas reflexões?
2. Proposta de atividade: Pesquisa Jovem
O objetivo desta proposta é realizar uma pesquisa que ajude no desenvolvimento das atividades com jovens.
- Desafie o grupo a descobrir, nos registros da comunidade, quantas pessoas jovens existem nela. Pode-se procurar pelo ano de batismo ou pela data da confirmação.
- Elabore junto com o grupo um questionário com perguntas a este público cujas respostas o grupo considere importante conhecer. Veja algumas sugestões abaixo:
• Que lugares você mais gosta de frequentar?
• O que você prefere fazer nos momentos de lazer?
• De quais atividades você participa na comunidade?
• O que você gosta e o que não gosta na sua comunidade? Por quê?
- É importante que no cabeçalho do questionário haja uma explicação sobre o objetivo e a utilização das respostas. Coloquem um telefone e um e-mail de contato para o caso de haver dúvidas.
- Pensem numa estratégia para a aplicação deste questionário, de forma que ele chegue ao maior número possível de membros jovens da comunidade. Para quem está nas redes sociais pode-se enviar o questionário online.
- Após a aplicação do questionário, o grupo deve elaborar uma tabela com os resultados da pesquisa para apresentar ao presbitério. Os resultados podem ajudar a pensar em formas de acolher e envolver as pessoas jovens em atividades concretas dentro e fora da comunidade.
Bibliografia
BRINCKMANN, Edla. Experiências convidativas – A proposta educacional na atuação do profeta Eliseu. In: WITT, Maria Dirlane (Org.). SEMANAS DA CRIATIVIDADE: Espaços de Transformação: Propostas educativas na atuação dos profetas. São Leopoldo: Departamento de Catequese da IECLB, 2005. vol. 9, p. 17-29.
Dicas para entrevistar:
1. Reconheça que todo encontro é emocional. Sempre há emoções envolvidas, em todas as conversas, em todo contato humano
2. Aprenda a formular perguntas. Um adjetivo inadequado pode injetar uma carga emocional negativa numa questão - cuidado com isso.
3. Proteja a outra pessoa. A proteção do amor-próprio do outro deve ser observado - perguntas sinceras e atitudes positivas são o caminho.
4. Não diga ao entrevistado o que deve responder. Ás vezes, o entrevistador pode dar indícios que sugerem o que deseja que se responda - isso mascara os resultados.
5. Aprenda a arte da pergunta em suspenso. Não faça muitas perguntas - deixe a pessoa falar.
6. Torne claro o seu propósito. A não ser que o nosso propósito esteja claro, a pessoa pode ficar relutante em falar o que realmente pensa.
7. Reaja às expressões de sentimento. Em vez de se preocupar em relatar tudo, pode ser mais importante entender a situação e valorizar o momento.
PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB – Secretaria de Formação / Postagem: Portal Luteranos – Março de 2013 / Contato: secretariageral@ieclb.org.br
