De jornal a boletim, um veículo que soma 52 anos
Asclepiades Pommê
A CRUZ NO SUL, nascida KREUZ IM SÜDEN, tem hoje 52 anos, embora o expediente assinale o ano XL, possivelmente considerando períodos em que a sua circulação teria sido interrompida. Apareceu cm 1936 como Folha paroquial alemã-evangélica da Comunidade Evangélica de São Paulo e Vila Mariana, e sua periodicidade, durante o maior tempo de sua existência até 1974, foi mensal. Hoje — desde 1975 — circula trimestralmente, no formato boletim, como órgão informativo da União Paroquial de São Paulo.
A língua alemã foi exclusiva até 1949, quando surgiu o primeiro cantinho em português. A medida cm que o trabalho no vernáculo crescia dentro das comunidades, KREUZ IM SÜDEN, mesmo com a parte em alemão tendo prioridade, abria mais espaço para a língua nacional. O formato da publicação sempre tendeu á revista, e o tamanho tabloide viria já na esteira das modificações que culminaram em 1971. Pelo que sei, A CRUZ NO SUL sempre foi editada por voluntários, não remunerados, na maioria pastores.
MODERNIZAÇÃO
Desagradável coincidência, minha despedida da editoria assinalou a última edição d'A CRUZ NO SUL como jornal. Era dezembro de 1974 e, após vários anos sua frente, estava cansado e decidi deixa-lo, para não provocar o seu envelhecimento, o que fatalmente aconteceria se permanecesse no cargo. Não imaginava os rumos que A CRUZ NO SUL tomaria, mas a nossa proposta, no meu entender, estava esgotada.
Afinal, dentro dos limites financeiros e operacionais a que estávamos sujeitos, concluímos um processo de modernização do jornal. As próprias condições de efervescência vividas pelas comunidades, com o surgimento de novas lideranças, novos serviços, possibilitavam a concretização de muitos desejos: o fortalecimento da língua nacional, com a distribuição da matéria em dois cadernos — oito páginas em alemão, oito em português; um novo projeto gráfico, mais arejado, no formato tabloide; a introdução de colunas especificas para crianças e jovens; novos colaboradores; uma saudável abertura na discussão de temas que empolgavam os membros e, particularmente, uma ampliação do noticiário nacional, com o esforço de integração na IECLB e na Ecumene
NOVO PROJETO
A publicidade, sempre presente nas suas páginas, avultou naquele período. Procuramos, além do anunciante tradicional, que nos concedia as suas verbas por afinidades confessionais ou de língua, aquele outro que percebia as possibilidades de um veículo com circulação dirigida, tiragem média de 3.500 exemplares e que chegou a tiragens de 5.000 exemplares.
Angariávamos a publicidade através de um corretor comissionada!
Em junho de 1982, houve uma tentativa de viabilizar um novo projeto; em formato de revista e a cores. Trazia duas ousadas novidades: queríamos profissionalizar a redação, com pelo menos um elemento em tempo integral e remunerado, além da publicidade que seria produzida e gerida por uma firma do ramo. Os custos financeiros, difíceis de serem cobertos pela publicidade que se pretendia angariar e a própria ousadia do projeto deixaram-no guardado para, quem sabe, retornar em momento mais oportuno...
Existe uma lacuna muito séria no trato da informação na Igreja e a caminhada dessa publicação, como a de outras da IECLB, é pontilhada de altos e baixos. De toda a forma, nas suas muitas fases, A CRUZ NO SUL tem sido um repositório da vida na Igreja em São Paulo, com o seu registro dos acontecimentos familiares, da história eclesiástica, das reflexões, dos pensamentos e, por que não, dos seus sonhos e das suas esperanças.
Asclepíades Pommê, ex-redator de A Cruz no Sul, é presidente de Conselho de Comunicação da IECLB.
Voltar para índice de Um Século de História de Nossa Imprensa