“É bom ver que muitos atores que já tinham uma relação de cooperação agora estreitam seus vínculos, com o objetivo de coordenar melhor os trabalhos em locais atingidos por desastres e conjugar os esforços na busca de um desenvolvimento mais efetivo”, disse o pastor presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e moderador do Conselho Mundial de Igrejas, Walter Altmann. Ele falou no lançamento nacional da Aliança ACT, realizado em Porto Alegre (RS), no dia 24 de março.
A Aliança ACT é uma organização global de ajuda humanitária e apoio a projetos de desenvolvimento social, que reúne organizações em 125 países, com “escritórios” em 90 deles e uma equipe de 30 mil pessoas.
Seu objetivo é atender, por meio de organizações locais, situações de emergência em regiões que passam por desastres naturais ou situações de subdesenvolvimento em áreas empobrecidas que necessitam de apoio.
“A Fundação Luterana de Diaconia (FLD), criada há 10 anos por decisão da IECLB, tem no seu mandato atuar no fortalecimento da sociedade civil, por meio da promoção de direitos e da democracia e no apoio ao desenvolvimento sustentável”, relatou o secretário executivo da FLD, Carlos Gilberto Bock. “Temos no nosso DNA a vocação para atuar de forma ecumênica, tanto na relação com os projetos e com as organizações sociais como na articulação com outras organizações congêneres no Brasil”, disse ainda o secretário executivo.
Outro ponto da identidade da FLD é a dimensão global da sua atuação – atuar nacionalmente e pensar globalmente. “Desde a sua criação, a FLD mantém relações de parceria com organizações internacionais. Consideramos estratégico integrarmos a Aliança ACT, pela qual trabalhamos alguns anos mesmo antes de ela ser criada e quando ainda se tinha dúvidas a respeito da sua existência”, confirmou Bock.
“A Cese (Coordenadoria Ecumênica de Serviço), que reúne cinco igrejas desde 1973, está muito feliz em participar da Aliança ACT”, disse o seu presidente, Dom Jubal Pereira Neves, da Igreja Episcopal Anglicana no Brasil (IEAB). “Integrar a Cese nesta aliança representa uma oportunidade de somar-se mundialmente a outras organizações ecumênicas e igrejas que trabalham por um desenvolvimento efetivo e transformador.”
Para Mara Luz, da Christian Aid/Brasil, a participação resultou de um longo processo de construção interna, fortalecendo o papel da Christian Aid como um dos grandes atores da Aliança ACT. “Assim como estou hoje aqui, no lançamento brasileiro, vários dos meus colegas estão participando em outros lançamentos ao redor do mundo”, afirmou.
O secretário executivo do Conselho Latino Americano de Igrejas - CLAI/Brasil, Darli Alves, lembrou que o CLAI sempre deu testemunho na mediação de conflitos. “Em muitas áreas atingidas, tivemos o depoimento de pessoas dizendo que os representantes das igrejas ligadas ao CLAI são os primeiros que chegam ao local e os últimos a sair. Isso faz uma grande diferença. Estamos aqui para reafirmar nosso compromisso com os que mais sofrem.”
O secretário geral da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Francisco de Assis da Silva, afirmou que o tempo das decisões verticais – do Norte para o Sul – já passou. “O entendimento agora é de um processo participativo entre todas as organizações e projetos apoiados.” Silva também citou o nome de Dom Oscar Romero, morto nesse mesmo dia 24 de março no ano de 1980, fuzilado em meio aos doentes de câncer e enfermeiros enquanto celebrava uma missa na capela do Hospital da Divina Providência, na capital de El Salvador. “Ele traduziu de forma exemplar o que desejamos com a Aliança ACT – um sonho de amor e de esperança.”
Em Genebra, sede da Aliança ACT, um serviço religioso marcou o seu lançamento.
O trabalho pela formação de um mundo melhor é algo intrinsecamente ligado à adoração de Deus. Quando praticamos atos de justiça, de paz, quando alimentamos os famintos, estamos engrandecendo Deus, uma vez que esses atos engrandecem a dignidade de cada ser humano”, afirmou o secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Olav Fykse Tveit, na cerimônia realizado no Centro Ecumênico, em Genebra/Suíça, no dia 24 de março.
Tveit complementou que a Aliança ACT “é uma expressão genuína do movimento ecumênico, o chamado para sermos um – para que o mundo creia que Deus é um Deus amável e cuidadoso para toda a humanidade.”
Já o secretário geral da Aliança ACT, John Nduna disse que agora será possível ligar melhor a ajuda humanitária para emergências com propostas de desenvolvimento sustentável. “Passada a emergência, quando os fundos diminuem, as igrejas continuam ali. Elas são as organizações que ficam no final de uma rua escondida ou no centro do vilarejo, que permanecem quando todos os outros foram embora”, ressaltou Nduna.
Em termos de ajuda humanitária, a primeira atuação da Aliança ACT aconteceu no Haiti, após o terremoto em janeiro. A proposta é que situações como as que ocorreram em Santa Catarina, no final de 2008, sejam respondidas pela aliança.
No Brasil, atualmente integram a Aliança ACT a Fundação Luterana de Diaconia, com sede em Porto Alegre (www.fld.com.br); a Cese, com sede em Salvador (www.cese.org.br); e Koinonia (www.koinonia.org.br) no Rio de Janeiro. As três organizações atuam em todo o território brasileiro.