Comércio de armas no mundo:
Haverá um ACORDO?
A Organização das Nações Unidas – ONU realizará, em março de 2013, mais uma conferência diplomática para discutir a questão do comércio de armas. Neste sentido, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – CONIC manifesta-se firmemente em favor de um novo tradado realmente eficaz, e que proteja os direitos humanos e as leis internacionais, tendo em vista que, hoje, o que se vê é uma proliferação desenfreada de armamentos.
O comércio de armas envolve cifras astronômicas e sabe-se que muitos interesses econômicos estão colocados em pauta. Temos consciência do lobby do setor armamentista para que este tratado não atenda às expectativas da sociedade civil.
Neste contexto, orientamos àqueles que têm a possibilidade de decidir sobre a questão que reflitam sobre o seu real compromisso com a humanidade. Que o horizonte de uma humanidade pacificada seja colocado acima dos interesses daqueles que lucram com o comércio de armas. Que ninguém seja cúmplice da barbárie.
Dados indicam que a cada ano os gastos militares crescem em torno de 45%. Crescem também o comércio de armamentos. Nos últimos dez anos, o comércio de armas cresceu, aproximadamente, em 50 bilhões de dólares. Os países que mais exportam armas são os EUA, Rússia, Franca, Alemanha e Inglaterra.
Por isso, pedimos que, neste encontro, sejam envidados todos os esforços no sentido de um mundo mais humano e pacífico, um mundo onde o comércio de armas esteja regulamentado pela razão e pela compaixão, não mais pela ganância. Apenas com cláusulas rigorosas e a devida prestação de contas públicas sobre transferências de armas entre países é que se poderá começar a caminhar neste sentido.
Como Conselho de Igrejas do Brasil, acompanhamos atentamente a posição do governo brasileiro nesta questão. Isto porque, este tratado tem consequências diretas para nós, brasileiros. O comércio de armas ilegal é um dos fatores que contribui para o aumento da violência. Dos 640 milhões de armas de fogo licenciadas em todo o mundo, aproximadamente dois terços estão nas mãos de civis. Não queremos mais uma cultura de violência.
Criticamos o envolvimento do Brasil em transferências de armas, como, por exemplo, para Israel. Este Estado tem violado gravemente os direitos humanos básicos do povo palestino. Isto está comprovado e constatado por várias organizações de direitos humanos, como a Amnesty International e Oxfam. Salientamos que é importante que o Brasil deixe de comercializar, também, bombas de fragmentação, já vetadas em convenção por mais de 100 países.
Fazemos apelo a nações como os Estados Unidos e a Rússia, para que, como líderes que são no cenário mundial, sejam a vanguarda deste encontro, surpreendendo o mundo com posições claras e objetivas em relação ao comércio de armas.
Por fim, recuperamos a reflexão do ex-presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower (1952-1960), sobre os custos bélicos realizados durante a Segunda Guerra Mundial: “Cada arma produzida, cada navio de guerra lançado ao mar, cada foguete disparado significa, em última instância, um roubo àqueles que têm fome e não são alimentados, aqueles que estão com frio e não têm o que vestir. O custo de um moderno bombardeiro pesado é este: a construção de uma moderna escola em mais de 30 cidades.”