Colocar-se a disposição do próximo

29/10/2007

 Em seu livro “Da Liberdade Cristã”, Martin Lutero afirma que uma coisa só é necessária para a vida, a justiça e a liberdade cristã: o Evangelho de Jesus Cristo. De muitas coisas podemos abrir mão, exceto da Palavra de Deus.  Qual é a Palavra de Deus?  Lutero a identifica na Boa Notícia de Deus a respeito de Jesus Cristo que nasceu, viveu, foi crucificado, morreu, ressuscitou e foi glorificado. E nas palavras de Martin Lutero “essa Palavra de Deus não pode ser recebida ou cultivada por nenhuma obra humana, senão somente pela fé”.

Esta afirmação teológica tem a sua conseqüência prática. Quero partilhar uma pequena parte da reflexão de Lutero em seu livro “Da Liberdade Cristã”.

“Eis que em Cristo meu Deus deu a mim, homúnculo indigno e condenado, sem nenhum mérito, por mera e gratuita misericórdia, todas as riquezas da justiça e da salvação, de sorte que além disso não necessito absolutamente de mais nada a não ser da fé que crê que as coisas são de fato assim. Portanto, como não faria  a este Pai, que me cobriu com suas inestimáveis riquezas, livre e alegremente, de todo  o coração e com dedicação espontânea, tudo que sei ser agradável e grato perante ele? Assim me porei à disposição de meu próximo como um Cristo, do mesmo modo como Cristo se ofereceu a mim, nada me propondo a fazer nesta vida a não ser o que vejo ser necessário, vantajoso e salutar a meu próximo, visto que, pela fé, tenho abundancia de todos os bens em Cristo.

Eis que assim flui da fé o amor e a alegria no Senhor, e do amor, um ânimo alegre, solícito, livre para servir espontaneamente ao próximo, de sorte que não calcule com gratidão e ingratidão, louvor ou vitupério, lucro ou dano. Pois não faz isso para conquistar pessoas para si, nem distingue entre amigos e inimigos, nem suspeita de gratos  e ingratos; mas distribui com total liberdade e solicitude a si mesmo e o que é seu, quer desperdice tudo com os ingratos, quer colha reconhecimento. Assim procede também seu Pai, distribuindo tudo entre todos com abundância e com a máxima liberalidade, fazendo seu sol nascer sobre bons e maus”.

Trata-se de uma palavra provocadora numa realidade em que somos seduzidos e estimulados nas relações a valorizarmos méritos, recompensas e eficiência, com o objetivo de conquistar alguma vantagem e um lugar de destaque.

Fica bem claro o recado bastante atual: “cada qual assuma seu próximo e proceda com ele como se estivesse no lugar dele”.

Pastor Sinodal Renato Küntzer
 

 


Autor(a): Renato Küntzer
Âmbito: IECLB / Sinodo: Noroeste Riograndense
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8213
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Mesmo que não sejamos cristãos tão bons como deveríamos ser, e somos ignorantes e fracos tanto na vida como na fé, Deus ainda assim quer defender a sua Palavra, pela simples razão de ser a sua Palavra.
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