Batismo: Abraço de Deus!

10/06/2017

 

Lado AÇÃO – Roteiro de estudo

BATISMO: ABRAÇO DE DEUS!

Pastor Roni Roberto Balz


Dinâmica inicial

Material: Lenço para vendar os olhos.

Desenvolvimento:

a) Pedir que os jovens e as jovens se saúdem com um abraço, desejando a paz de Deus.

b) Em seguida, motivar para formarem um círculo. Motivar alguém para vendar os olhos. Outra pessoa vai até ela e lhe dá um abraço. Depois outra a abraça e mais uma terceira. Feito isto, pede-se à pessoa com os olhos vendados para dizer por quem ela foi abraçada. Pode-se convidar outras integrantes a fazerem o mesmo exercício.

c) Estimular a conversa a partir das seguintes questões:

1. O que sentimos quando recebemos um abraço?

2. Em que momentos costumamos ser abraçados ou abraçadas?

3. O que significa receber um abraço de alguém?

4. Qual foi o momento em que mais foi preciso um abraço?

5. Temos conseguido perceber o abraço de Deus quando estamos tristes? Onde? Como?

6. Temos facilidade em abraçar outras pessoas?

7. Abraço significa acolher alguém junto a nós. Como tem sido a acolhida de jovens em nosso grupo?

8. Como nossa comunidade vem desempenhando a tarefa de acolhida?

d) Em grupo de até 5 pessoas, motivar para que construam e dramatizem uma cena onde o abraço de Deus traga paz, perdão e acolhimento. Depois de um tempo para o preparo, promover a apresentação das cenas na plenária.

Comentário: O abraço de Deus é terapêutico. Ele sara nossas feridas mais profundas e internas. Que possamos levar este abraço de Deus às outras pessoas e, assim, criarmos uma rede de abraços, ligando as pessoas umas às outas com o amor e o perdão de Deus, dimensionando a esperança e a comunhão.

Atividade complementar

Considerando que a acolhida é fundamental para o retorno e o bem estar das pessoas, poderse desafiar o grupo a assumir a tarefa de acolher as pessoas em cultos, eventos comunitários e  nos próprios encontros de jovens. Pode-se confeccionar um cartão de boas vindas, entregar o hinário, mostrar onde se pode sentar, etc.

Texto de apoio

Nas comunidades da IECLB são realizados inúmeros batismos. São principalmente os pais, mães, padrinhos e madrinhas que trazem seus filhos e filhas, ainda pequenos e pequenas, para receberem o sacramento do Batismo. Também, em um grau bem menor, mas que tende a crescer com o despertar missionário da nossa Igreja, vê-se pessoas adultas pedirem o Batismo, após um determinado tempo de preparação, meditação e estudo.

Mas, o que há de especial no Batismo? Não será o Batismo uma mera cerimônia tradicional? As famílias realmente entendem o que acontece à criança ou à pessoa jovem e adulta ao virem até a pia batismal? Qual o papel dos padrinhos e das madrinhas no Batismo e depois? Qual é a tarefa da comunidade em relação ao Batismo? Será que ela está consciente de sua responsabilidade? Como acontece a vivência do Batismo no dia a dia? Será o Batismo um mero rito, que se perde no vazio, realizado simplesmente por costume e tradição?

Estes são apenas alguns dos questionamentos relacionados ao Batismo, e que motivam a rediscutirmos e revalorizarmos a sua prática e sentido. Com vistas à tarefa missionária em nossa Igreja, urge constantemente refletirmos sobre princípios fundamentais de nossa confessionalidade. E um destes é a nossa compreensão de Batismo. Qual é o sentido do Batismo para mim? Como posso vivenciá-lo a cada dia?

Compreensão do Batismo

De onde vem a prática do Batismo? Quem a inventou? Como surgiu? Pouco sabemos sobre sua origem. Segundo informações encontradas na Bíblia, sabemos que sua prática remonta tempos anteriores ao nascimento de Jesus. Em Mateus 3.7 vemos que muitos fariseus e saduceus, que pertenciam ao principal grupo de religiosos judaicos, vinham até João para serem batizados. Em outras religiões, além do judaísmo, também se utiliza água em banhos rituais e lavagens.

No cristianismo, a prática do batismo advém dos banhos do corpo inteiro ou só de partes dele, realizados pelo judaísmo. Na religião judaica há vários rituais de purificação com água, como podemos ver em Levítico 15; 16.26-28; 17.15.

O Batismo aparece na Bíblia ligado mais diretamente à prática de João Batista, o precursor de Jesus Cristo. O Batismo de João simbolizava uma purificação não somente ritual, mas era baseada também numa verdadeira renovação da pessoa (Mateus 3.2). Cabe lembrar que Jesus foi batizado por João Batista (Mateus 3.13ss), mas que, em todo seu ministério, segundo o evangelista João (4.1ss), em nenhum momento praticou o Batismo, somente seus discípulos é que batizavam.

Batismo na Compreensão Bíblica

Segundo a chave bíblica, no Antigo Testamento não encontramos nenhuma vez o termo “Batismo”. Já no Novo Testamento, podemos verificar o termo “Batismo” e sua conjugação verbal pelo menos 46 vezes. O verbo batizar vem de um termo grego que significa submergir, imergir (Mateus 3.13ss) ou, ainda, lavar as mãos (Marcos 7.4; Lucas 11.38).

 A passagem bíblica mais importante que permite às comunidades cristãs batizarem seus novos membros é uma ordem dada pelo próprio Jesus Cristo, conforme Mateus 28.19-20: “Portanto vão a todos os povos do mundo e façam que sejam meus seguidores, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado.” Segundo esta ordem dada por Jesus, após a ressureição, o Batismo é o rito de entrada e pertença ao corpo de Cristo – sua Igreja. Vale lembrar também que esta ordem dada por Jesus Cristo é o fundamento e a motivação da missão cristã.

Neste sentido, das várias passagens sobre o Batismo encontradas na Bíblia, destacamos as seguintes:

 O Batismo é realizado em nome do Trino Deus: Pai, Filho e Espírito Santo (Mateus 28.19);

 Somos batizados e batizadas em nome de Jesus (Atos 8.16);

 Por ocasião do Batismo nos é dada a remissão dos pecados (Atos 2.38);

 No Batismo recebemos também o Espírito Santo (Atos 2.38);

 No Batismo recebemos uma nova identidade, somos revestidos e revestidas de Cristo, tendo íntima comunhão com ele (Gálatas 3.27);

 No Batismo, por graça de Deus, somos renascemos espiritualmente para uma nova vida (João 3.5; Tito 3.5-7);

 O Batismo nos insere no corpo de Cristo, nos tornando membros do corpo de Cristo (1 Coríntios 12.13). Assim, o Batismo é sempre um ato público, realizado, preferencialmente, no culto comunitário;

 O Batismo simboliza a morte da pessoa com Cristo para o pecado e seu renascimento com Cristo para uma nova vida, por meio da fé (Colossenses 2.12, Romanos 6.4ss).

Quando e como deve ser o Batismo

O Novo Testamento não nos fala, explicitamente, quando é o melhor momento para a pessoa ser batizada. Os apóstolos batizavam muitas pessoas, incluindo as pessoas de suas “casas” (Atos 16.15, 1 Coríntios 1.16). Com isso, supõe-se que também crianças eram batizadas.

O argumento que permite o Batismo de crianças reside no caráter inclusivo da salvação de Cristo por nós. Esta concepção parte da compreensão da justificação por fé (Romanos 1.17) e por graça (Efésios 2.8). Assim sendo, não há idade específica para se realizar o Batismo. O que o torna válido é a compreensão de que Deus, em sua infinita misericórdia e amor, oferece gratuitamente a sua graça à pessoa humana por meio do Batismo.

Mas o que é a graça de Deus? A graça de Deus é o perdão dos pecados, vida nova e salvação eterna dada por Deus, sem o merecimento humano, para aquelas pessoas que creem no Evangelho e obedecem ao Senhor (Atos 11.23; 20.32). A Graça de Deus é a possibilidade de reconciliação com nosso Criador.

Como toda pessoa nasce sem temor de Deus, sem confiança em Deus, conforme um dos principais documentos da Reforma Protestante (A Confissão de Augsburgo, 2º artigo), o Batismo exige responsabilidade para que a graça de Deus não seja barateada, mas sim valorizada. E aí é que entram os pais, as mães, os padrinhos e as madrinhas, que assumem no ato do Batismo o compromisso de proporcionarem espaço e condições para que a criança possa crescer e aprenda a viver e confiar no seu Batismo.

Para exercerem essa tarefa de forma adequada, os pais, as mães, os padrinhos e as madrinhas recebem a devida instrução da Palavra de Deus, com estudo da doutrina e com oração em diálogos batismais.

Quanto à forma de realizar o Batismo, destacamos duas: por imersão (realizada num rio ou piscina apropriada, onde a pessoa batizanda é imersa totalmente nas águas) e por aspersão (realizado junto a uma pia batismal, onde com a mão, se coloca três vezes água sobre a cabeça da pessoa, em nome do Trino Deus: Pai, Filho e Espírito Santo). A prática da Igreja primitiva era a de imersão, o que, a partir do 8º século, foi substituído pela pia batismal. Na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) o Batismo é realizado por aspersão de água.

Jesus Cristo diz: Eu sou a água da vida, quem tiver sede e beber desta água nunca mais terá sede. (João 4.14a) A água é o elemento visível da criação de Deus integrante do sacramento do Batismo. O que torna o Batismo um sacramento justamente é isto: um elemento visível (água) unido à ordem (Palavra de Deus) dada por Jesus Cristo. Unida à Palavra de Deus, a água é um sinal visível e sensível da ação de Deus na pessoa.

Conclusão

Em suma, constatamos que o sujeito do Batismo é exclusivamente Deus. Este Deus confirma o Batismo como um sinal de sua graça. O Batismo é recebido através da fé, sem méritos próprios humanos. Por isso, o Batismo é consolo, conforto, orientação e esperança na vivência diária, pois ele não depende da ação individual e pessoal em favor de Deus, mas é Deus quem age a favor da pessoa. No Batismo, Deus desce em sua glória e vem ao nosso encontro. Martim Lutero, quando se sentia desanimado ou amedrontado, dizia pra si mesmo ou escrevia em sua mesa: Sou batizado.

Em tempos de globalização e neoliberalismo, onde é promovido o isolamento das pessoas, o Batismo recebe uma importância muito grande, pois ele é toque, abraço, integração, compreensão, acolhimento, reconciliação perdão e comunhão. Enquanto a sociedade moderna neoliberal promove o afastamento do convívio social, a Igreja como corpo de Cristo, à qual somos inseridos e inseridas pelo Batismo, tem a missão de reafirmar, na vivência diária, o abraço reconciliador e consolador dado por Deus em nós no Batismo.


Bibliografia

SCHERER, Henrique G. Prática e Vivência do Batismo na IECLB – Curso de Aprofundamento Teológico, 1988.

_______ A Comunidade e suas Crianças Batizadas, Editora Sinodal, 1983.

IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL. Nossa Fé, Nossa Vida: Guia da vida comunitária na IECLB. Disponível em: . Acesso em 28 fev. 2017.


Este estudo teve a linguagem revista e atualizada. A proposta integra o volume 3 da Coleção Palavração denominado “Graça e Fé: temperos para a vida”, publicado em 2003 pelo Departamento Nacional para Assuntos da Juventude da IECLB – DNAJ, sob a coordenação de Cláudio Giovani Becker e impresso por Contexto Gráfica e Editora (ISBN 85-89000-14-1).  


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