Início da colonização alemã
Em 1828/29, o Governo Imperial do Brasil fundou, com imigrantes alemães, as Colônias de São Pedro de Alcântara - proximidades de Florianópolis - em Santa Catarina e Rio Negro no Paraná. Entre esses imigrantes havia evangélicos luteranos, que por muitos anos ficaram sem atendimento espiritual e não constituíram comunidades. Na historia dessas colônias verificamos que foi dito aos evangélicos: Vocês, os velhos imigrantes, ainda podem permanecer o que são (evangélicos), mas os vossos filhos terão que tornar-se católicos. E, quando os velhos imigrantes morreram, eles foram sepultados de costas para a igreja no cemitério católico. Só na segunda metade do século 19, formaram-se as primeiras comunidades evangélicas, que buscaram seus pastores na Alemanha e na Suíça.
Conferência pastoral
Em 16 de julho de 1890, aconteceu em Blumenau o primeiro encontro de pastores que atuavam em Santa Catarina. Nesse encontro foi decidido que os pastores só celebrariam bênçãos matrimoniais quando a união estivesse legalizada perante o Estado - o casamento civil foi uma das inovações da República. A partir dessa data, os pastores reuniam-se anualmente para tratar assuntos de interesse comum de suas comunidades.
Primeiros jornais
Em 1893, foi lançado em Blumenau, pelo pastor Hermann Faulhaber, o primeiro jornal de cunho evangélico no Estado com o titulo: Der Urwaldsbote (O Mensageiro da Selva). Em 1895, o pastor Wilhelm Lange lançou em Brusque um jornal de cunho mais pietista: Sonntagsblatt fuer die ev. Gemeinden in Santa Catharina (Folha Dominical para as Comunidades Evangélicas de Santa Catarina). Este último foi adotado em 1898 como órgão oficial da Conferência Pastoral de Santa Catarina.
Em 1905, foi lançado em Joinville o jornal Evangelisch-lutherisches Gemeindeblatt (Folha Evangélica Luterana). No mesmo ano, foi fundado na área de Joinville o Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados da América. A partir dessa data iniciou um período de conflitos confessionais entre comunidades nascidas a partir da imigração alemã em Santa Catarina.
Em 1908, a Conferência Pastoral de Santa Catarina, que era pessoa jurídica desde 1898, fundou novo jornal, que veio a substituir o Sonntagsblatt, com nome Der Christenbote fuer die deutschen evangelischen Gemeinden in Santa Catarina (Mensageiro Cristão para as Comunidades Evangélica Alemãs de Santa Catarina).
Associação de comunidades
No dia 6 de agosto de 1911, aconteceu em Blumenau a Assembleia Constituinte que fundou a Associação de Comunidades Evangélicas Alemãs de Santa Catarina, que mais tarde adotou o nome Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná.
Dessa Assembleia Constituinte participaram 17 leigos e nove pastores (dois pastores justificaram sua ausência), que representavam 11 comunidades.
Foram as seguintes:
• Comunidade Ev. de Blumenau – sede pastoral desde 1857
• Santa Isabel — Theresópolis - sede desde 1861
• Brusque - sede desde 1864
• Badenfurt - sede desde 1883
• São Bento do Sul - sede desde 1888
• Timbó - sede desde 1897
• Hansa Hammonia (lbirama)- sede desde 1900
• Florianópolis - sede desde 1902
• Pomerode - sede desde 1909
• Santa Thereza (Alfredo Wagner) sede desde 1911
As comunidades e os pastores que fundaram essa associação estavam todos vinculados à Igreja Evangélica Unida da Alemanha através do Oberkirchenrat (Conselheiro Mor) de Berlim.
Como primeiro Praeses (Presidente) dessa associação foi eleito o pastor Walter Mummelthey, de Blumenau.
Objetivos da associação
Como objetivos da associação foram colocados, entre outros, a criação de um Hospital Evangélico e Asilo para Idosos, Inválidos, Epilépticos e Crianças Abandonadas. O Hospital Santa Catarina em Blumenau e o Asilo de Velhos em Braço do Trombudo têm suas raízes nessa assembléia.
No decorrer dos anos, também as comunidades evangélicas de Curitiba e Rio Negro, no Paraná, Corupá e as antigas comunidades do Sul de Santa Catarina se filiaram a esta associação, bem como outras que se formaram em Santa Catarina: Rio do Sul, Ituporanga, Trombudo Central, Taió, Benedito Novo, Presidente Getúlio, Lontras e Vila Itoupava.
Além de cuidar do aprofundamento teológico dos pastores, através de conferências, a Associação também participou da criação e manutenção de escolas comunitárias, que tinham um significado muito grande para nossas comunidades até 1938, quando o Interventor Nereu Ramos mandou fechar 589 das 661 escolas comunitárias então existentes em Santa Catarina.
O difícil recomeço em 1947
Com o fechamento das escolas comunitárias de Santa Catarina, das quais pelo menos 50% eram evangélicas, não só ruiu uma boa base educacional, mas também espiritual, pois nas escolas comunitárias as crianças aprendiam os elementos básicos da fé cristã.
De 1938 ate 1946 não aconteceram assembléias da Associação de Comunidades. Em 1947, a Associação adotou o nome Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná, ao realizar a sua primeira Assembleia Sinodal após a 2a Guerra Mundial, em Blumenau. Num relatório dessa Assembleia consta: Nossas Comunidades vivem de reservas espirituais. Pai e mãe, avô e avó eram pessoas piedosas. As crianças não podem ocultá-lo. Mas as reservas devem ser renovadas, senão perecerão.
Federação Sinodal
Em 1949, o Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná foi um dos fundadores da Federação Sinodal. Esta federação abrangeu o Sínodo Riograndense, o Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados, o Sínodo Brasil Central e o Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná. Em 1950, essa Federação começou a denominar-se Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.
Sínodo Evangélico Luterano Unido
Em Santa Catarina e em parte do Paraná coexistiram durante mais de 50 anos dois sínodos, cujas comunidades viviam em paz lado a lado em certos períodos e em outras épocas experimentavam grandes conflitos. Eram conflitos que vieram, dum lado, com os pastores enviados pelo Oberkirchenrat de Berlim e, do outro lado, com os pastores enviados pelo Lutherischer Gotteskasten, da Baviera.
Na década de 1950, jovens de ambos os sínodos estudavam na Escola de Teologia em São Leopoldo e, quando ingressavam no pastorado do respectivo Sínodo, notavam que eles tinham uma base de fé comum. No mesmo período, jovens da Juventude Evangélica de ambos os Sínodos começaram a se encontrar. Pela direção dos dois Sínodos foi nomeada uma comissão para estudar e planejar uma unificação. Nos dias 19 a 21 de outubro de 1962 aconteceu então, em Curitiba, a Assembleia Constituinte do Sínodo Evangélico Unido.
Recontamos tópicos de nossa história. Precisamos nos aprofundar muito mais nela, pois certamente ainda vale hoje: Quem não conhece seu passado - suas raízes - não está qualificado para viver bem o presente e muito menos para moldar um futuro promissor.
P. em. Nelso Weingärtner