As verdades que compartilhamos - São Paulo - 1996

Comissão Nacional Anglicana-Luterana

15/05/1996

Hermann Wille, Sumio Takatsu e Martin Hiltel
Jaci Maraschin
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1 . A Comissão Nacional Anglicana-Luterana se reúne regularmente desde 19 de dezembro de 1994, em São Paulo. Constatou-se que o diálogo em nível internacional, em diversos documentos, acha-se em fase bastante avançada de diálogo e prática comum. As conversações na Europa, na América do Norte e Austrália resultaram na identificação de áreas consideráveis de concordância em fé e vida. Diversas ações e testemunhos compartilhados na África e na Ásia revelaram igualmente áreas de concordância. Nos Estados Unidos, a maioria das Igrejas Luteranas e a Igreja Episcopal entraram em acordo formal de “ participação eucarística interina mútua”. Essas duas tradições decidiram não se envolver em controvérsias teológicas ou doutrinárias. Não se condenaram mutuamente como igrejas. No Brasil, as duas igrejas sempre estiveram na frente do engajamento ecumênico e público por meio do CONIC. Desejamos especificar aqui as verdades que compartilhamos, baseadas no Relatório da Consulta Internacional Anglicana-Luterana de 1987.

2. Aceitamos a autoridade das Escrituras canônicas do Antigo e do Novo Testamento e a lemos liturgicamente no decorrer do calendário eclesiástico.

3. Aceitamos os Credos da Igreja Antiga - Niceno-Constantinopolitano e o dos Apóstolos - e confessamos as mesmas doutrinas básicas trinitária e cristológica, a respeito das quais estes Credos dão testemunho. Isto é, cremos que Jesus de Nazaré é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e que Deus é autenticamente identificado como o Pai, Filho e Espírito Santo.

4. Os anglicanos e os luteranos adotam semelhantes ordens de liturgia tanto nas celebrações da Santa Eucaristia ou Santa Ceia como nas do Batismo, do Matrimônio, do Sepultamento, da Confissão e da Absolvição. Reconhecemos na liturgia tanto a celebração da salvação por meio de Cristo quanto fator significante na formação da comunhão entre os fiéis. Temos muitos hinos, cânticos e orações em comum.

5 . Cremos que o batismo com água em nome do Deus Triúno relaciona o batizado com a morte e ressurreição de Jesus Cristo, iniciando o batizado na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, ao mesmo tempo em que lhe confere o dom gracioso da vida nova.

6. Cremos que o corpo e sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes e são distribuídos e recebidos sob as formas do pão e do vinho na Ceia do Senhor. Também cremos que a graça do perdão divino oferecida no sacramento é recebida mediante a entrega de nós mesmos em ação de graças para o serviço de Deus.

7. Cremos no Evangelho e o proclamamos. Cremos que em Jesus Cristo, Deus ama e redime o mundo. Compartilhamos a compreensão comum da justificação pela graça, isto é, que somos justos diante de Deus só pela graça por meio da fé em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e não por causa de nossas obras e méritos. Ambas as igrejas afirmam que a justificação leva e deve levar às “ boas obras'', uma vez que “fé autêntica resulta em amor” .

8. Os anglicanos e luteranos crêem que a Igreja não é a criação dos fiéis, mas que é constituída e sustentada pelo Deus Triúno por meio da ação salvadora de Deus na Palavra e nos Sacramentos. Cremos que a Igreja é enviada ao mundo como sinal, instrumento e antecipação (antegozo) do Reino de Deus. Admitimos, porém, que a Igreja se encontra em constante necessidade de reforma e renovação.

9. Cremos que todos os membros da Igreja são chamados a participar na missão apostólica. Receberam para isso diversos ministérios pelo poder do Espírito Santo. No contexto da comunidade da Igreja o ministério ordenado existe para servir o ministério de todo o povo de Deus. Afirmamos que o ministério ordenado da Palavra e Sacramento é o dom e instituição de Deus para a sua Igreja.

10. Cremos que o ministério de supervisão pastoral (episcope) exercido de forma pessoal, colegiada e comunitária é necessário para testemunhar e manter a unidade e apostolicidade da Igreja.

11. Compartilhamos a esperança comum da consumação final o Reino de Deus e cremos que somos compelidos a trabalhar pelo estabelecimento da justiça e paz. As exigências do Reino consistem em orientar a vivência comunitária na Igreja e no mundo. A fé cristã confessa que Deus fez a paz por Jesus Cristo e pelo sangue derramado na cruz (Cl l .20) para estabelecer um centro válido para a unidade de toda a família humana.
Comissão Nacional Anglicana-Luterana

Rev. Dr. Jaci C. Maraschin
Bispo Sumio Takatsu
Pastor Hermann Wille
Pastor Regional Martin Hiltel

Notas:

Os seguintes documentos expressam esse diálogo: Relatório de Niagara (Internacional), Relatório de Porvoo (Grã-Bretanha, Escandinávia e Países Baixos), Meissen (Grã-Bretanha e Alemanha) e o relatório produzido na América do Norte, Por Plena Comunhão.

Diálogo Episcopal/Luterano II, 1980, pp. 30-31; Pulllach, 17-22
Diálogo Episcopal/Luterano II, p. 38; Pullach, 23-25.

Relatório de Helsinki, 22-25.
Diálogo Episcopal/Luterano II, p. 25-29; Helsinki, 26-28.

Helsinki, 20; Diálogo Episcopal/Luterano II, p. 22-23
Helsinki, 44-51.

Helsinki, 32-42

Pullach, 79
Relatório da Comissão Internacional Anglicana-Reformada: Reino de Deus e nossa unidade (1984). Cf. Pullach, 59.


 


Âmbito: IECLB
Área: Ecumene / Organismo: Igreja Episcopal Anglicana do Brasil - IEAB
Natureza do Texto: Manifestação
Perfil do Texto: Ecumene
ID: 13924
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