É simplesmente inaceitável que o governo dos EUA, através de mecanismos de seu sistema bancário, crie obstáculos que impeçam o encontro de um organismo cristão significativo como o CLAI, afirmou o Rev. Dr. Olav Fykse Tveit, secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), nesta quinta-feira, em Genebra, Suíça, reagindo à decisão da junta diretiva do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) de adiar sua VI Assembleia por conta do bloqueio, nos EUA, de fundos destinados ao evento que deveria ocorrer em fevereiro de 2013, em Havana, Cuba.
A decisão foi divulgada em 11 de dezembro, através de um comunicado do seu secretário geral do CLAI, Rev. Nilton Giese, às igrejas-membro e demais organizações parceiras anunciando formalmente a decisão da junta diretiva de adiar o evento para maio do próximo ano e manter Havana como cidade sede.
Isto mostra que o bloqueio econômico contra Cuba está fora de contato com as realidades do mundo de hoje, especialmente no que se refere à dinâmica das comunidades religiosas, e deve ser suspenso em nome da justiça e da paz, disse Tveit.
Os Estados Unidos tem, repetidamente, manifestado o compromisso de defender a liberdade religiosa. Este é um caso em que o governo dos EUA poderia facilmente ter ajudado a evitar esta situação embaraçosa, mas falhou, acrescentou o pastor norueguês.
O CMI é uma comunhão de 349 igrejas-membro de 120 países ao redor do mundo, representando cerca de 550 milhões de cristãos, e conta com muitas igrejas-membro do CLAI entre os seus próprios membros.
Desde que a filial americana do banco equatoriano Pichincha, em Miami, congelou um depósito de 101.000 dólares feito pela sede do CLAI, em Quito, Equador, com a finalidade de cobrir custos de alimentação e hospedagem para cerca de 400 delegados e outros participantes da Assembleia, muitas reações em defesa do CLAI tem sido emitidas por organismos ecumênicos e igrejas.
Em comunicado oficial, emitido em 3 de Dezembro, a diretoria da Federação Argentina de Igrejas Evangélicas (FAIE) declarou que o bloqueio dos fundos para a Assembleia está tomando das igrejas na América Latina e no Caribe a possibilidade de decidir livremente e ecumenicamente onde e quando suas atividades podem ter acontecer.
O congelamento dos recursos foi anunciado, em 27 de novembro, pelo presidente do CLAI, o bispo anglicano Julio Murray, do Panamá durante conferência de imprensa, realizada em Havana. Na ocasião, Murray destacou que a medida viola a lei federal dos EUA e as regras do Tesouro dos daquele país, que permitem a entrega e transferência de fundos para fins religiosos.
Marcelo Schneider/WCC