Abraçando uma causa

Palavr@ção 5

01/07/2013

 

PALAVR@ÇÃO on-line 5

Abraçando uma causa

 

 

 

Expediente
PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB – Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos – Julho de 2013
Colaboração: Conselho Nacional da Juventude Evangélica (CONAJE)
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Revisão Ortográfica: Luís M. Sander
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br


PALAVR@ÇÃO com uma cara nova e agora em formato digital. Este é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo está dividido em duas partes, uma teórica (PALAVRA) e outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a metodologia conecta a reflexão sobre um assunto importante com sugestões para as atividades da juventude.

Palavra

Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio que pode lhe auxiliar a preparar o estudo desta temática.

Ação

Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender à realidade e às necessidades do grupo de jovens.


PALAVRA

Pastor Jaime Jung

Abraçar faz bem

Existe o abraço do reencontro, o abraço de despedida, o abraço carregado de amizade, o abraço que consola, os abraços em grupo. Há quem distribua também abraços virtuais, como aqueles que escrevemos no final de uma mensagem. Quem abraça se envolve e, ao mesmo tempo, deixa-se envolver. Isso acontece também quando se decide abraçar uma causa.

No Brasil, neste momento, estão acontecendo inúmeros protestos, passeatas e mobilizações que exigem mudanças políticas e sociais profundas. Muitas pessoas jovens estão envolvidas nas manifestações, saindo às ruas e reivindicando direitos como transporte, educação, saúde... Mesmo que a reflexão precise ser aprofundada e o debate ampliado se percebe que as pessoas jovens estão assumindo o protagonismo ao exigirem melhorias no país. Em boa medida, esta participação demonstra que a juventude está abraçando a causa de uma sociedade melhor.

No entanto, é preciso ter claro que comprometer-se com uma causa é bem mais do que mostrar um interesse passageiro. É descobrir seu papel no mundo, é colocar-se no lugar de quem necessita de auxílio, perceber o que pode e deve ser mudado em determinada situação e “arregaçar as mangas”, de preferência em conjunto, sem desistir nos primeiros obstáculos que venham a surgir.

Há muitas causas que precisam e podem ser abraçadas pela comunidade jovem. Algumas delas são a de pessoas em situação de pobreza, a defesa de minorias, ações missionárias de nossa Igreja e da comunidade local, a preocupação com o meio ambiente... A IECLB já abraça muitas dessas causas e várias outras. Você pode conferir notícias relacionadas a esses assuntos na página inicial do Portal Luteranos. Todos e todas nós somos a IECLB! Por isso também somos envolvidos e envolvidas nesse abraço.

É Deus quem nos abraça primeiro

As pessoas, ao serem abraçadas, podem sentir que são amadas, protegidas e que não estão sozinhas. Deus também abraça cada pessoa, e o seu “abraço de graça” é o “abraço da graça”. Nós, pessoas evangélicas de confissão luterana, sabemos que a graça de Deus vem ao nosso encontro para nos abraçar muito antes de irmos em direção a Ele. Por meio da vida e obra de Jesus Cristo, de seu nascimento, sua morte e ressurreição, Deus abraça o mundo concretamente. Jesus abraçou a causa das pessoas que estavam à margem da sociedade, das minorias, das pessoas que sofriam e não tinham um ajudador. Os Evangelhos relatam exemplos de curas (Lc 6.6-11; Mt 8.5-13), de aceitação (Lc 6.27-36; Lc 19.1-10), de cuidado com o bem-estar das pessoas (Lc 10.25-37; Mc 6.30-44), de chamado ao serviço (Lc 5.1-11; Mt 5.13-16).

Deus nunca se cansa de vir ao nosso encontro, como exemplifica a história do filho esbanjador e de seu pai amoroso (Lc 15.20): “Vinha ele ainda longe quando o pai o avistou e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou”. O abraço de Deus não nos aprisiona, mas nos envolve e, ao mesmo tempo, nos deixa livres. O reformador Martim Lutero escreveu: “Serei para com meu próximo um cristão, como Cristo se tornou para comigo, e nada mais fazendo do que aquilo que eu veja ser necessário, útil e salutar para ele, já que para mim mesmo tenho o bastante de tudo em Cristo, mediante minha fé.”

Um exemplo marcante é o do teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer, que se opôs ao nazismo durante a 2ª Guerra Mundial. É dele esta frase: “Não falar é falar. Não agir é agir.” Quem fica de braços cruzados não pode abraçar!

Passando a palavra

Deus, em Jesus Cristo, mostra que nos aceita e nos ama infinitamente. O ânimo e a fé que recebemos por meio do Espírito Santo nos encorajam e capacitam para sermos protagonistas, abraçando causas que promovam a justiça, a dignidade, o respeito, a valorização das pessoas e do mundo. A comunidade jovem é desafiada a agir responsavelmente, como resposta ao amor recebido de Deus.

Bibliografia

- HENSE, Denise S. S. O abraço de Deus. In: Subsídios para o tema do Ano 2004 – Testemunhos de Esperança (folha avulsa).

- LUTERO, Martim. Da liberdade cristã. São Leopoldo: Sinodal, 1998. 48 p.

- ABRAÇO. In: Wikipedia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraço.

QUER SABER MAIS?

Dicas de filmes:

- A corrente do bem (Pay it forward). Ano: 2000. Gênero: drama. Direção: Mimi Leder. Duração: 123 min.

- Patch Adams – O amor é contagioso. Ano: 1998. Gênero: drama. Direção: Tom Shadyac. Duração: 115 min.

Dicas de músicas:

- Abraço da paz: Edson Ponick – Cante com a gente – Canções para crianças. Porto Alegre: Departamento de Educação Cristã – Secretaria Geral, 2010.

- Abraço eterno: Padre Fábio de Melo – Álbum Iluminar, 2009.

Dicas na internet:

- Campanha Abraços grátis: http://www.abracosgratis.com.br/
- Voluntariado: http://www.redebrasilvoluntario.org.br/
- Serviço de Paz: http://www.serpaz.org.br/


AÇÃO

Catequista Juliana Ruaro Zachow

Proposta de Estudo: Abraço de Deus

Leitura Bíblica: Lucas 15.11-32

Esta parábola pode ser dramatizada por algumas pessoas do grupo. É importante que na dramatização seja evidenciado o abraço do pai para com o filho como sinal do seu perdão e amor, tema deste encontro.

Impulsos para meditação: Jesus conta esta parábola com o objetivo de nos mostrar como Deus nos ama e nos perdoa. Quando o filho se arrependeu, voltou para casa e foi abraçado, sentiu amor, segurança e perdão. “Deus também abraça cada pessoa e o seu ‘abraço de graça’ é o ‘abraço da graça’. Nós, pessoas evangélicas de confissão luterana, sabemos que a graça de Deus vem ao nosso encontro para nos abraçar muito antes de irmos em direção a Ele” (Jaime Jung).

Perguntas para a reflexão em grupo:

• Você já se sentiu rejeitado ou rejeitada? Em que situação isso ocorreu?

• Você já julgou alguém por algo errado que fez?

• Você já foi perdoado por alguém? Como foi este sentimento?

• Por vezes o amor de Deus é comparado a um abraço. Você já sentiu ou percebeu o “abraço de Deus” em sua vida? Se sim, em que momento isso aconteceu?

Dinâmica: Barco em alto mar

Material necessário: Tiras de TNT (30 x 5 cm) de qualquer cor.

Objetivo: Refletir sobre os tipos de discriminação em nossa sociedade, através da exclusão de jovens do grupo e a sua reintegração na dinâmica a partir do abraço do grupo que primeiramente excluiu.

Preparação: Divida a turma em pequenos grupos com oito pessoas em cada. Cada pessoa será um personagem na história com alguma característica diferente. Sugiro que no grupo haja os seguintes personagens: uma pessoa idosa, uma pessoa que é dependente químico, uma pessoa envolvida na política, uma criança, uma pessoa que já foi presa (ex-presidiária), uma pessoa rica, uma pessoa pobre e uma pessoa famosa. É importante dizer que, quando começar a ser contada a história, cada pessoa encenará conforme o seu personagem, com os valores, crenças, ideias e opiniões que cada participante incorporou em seu personagem.

Desenvolvimento: Conte a história do “Barco em alto mar”; conforme for contada a história, o grupo vai dramatizando as cenas e finalizará o enredo da história. Antes de contar a história, é importante que todas as pessoas já tenham definido o seu personagem. Oriente, então, que cada grupo deve posicionar as cadeiras dos seus participantes no formato de um barco. Feito isso, convide as pessoas para ficarem de pé atrás das cadeiras e inicie a história.

História: Barco em alto mar

“Certo dia, algumas pessoas decidiram viajar de barco (todas as pessoas entram no barco). Para esta viagem todas se prepararam: trouxeram uma bolsa com alimentos, uma pessoa trouxe um violão para cantar com o pessoal, outra trouxe uma máquina fotográfica para registrar os melhores momentos e outra até trouxe um refrescante suco de frutas para beberem (dramatizar a cena). As pessoas estavam muito felizes e contentes. Cantavam, conversavam e se alegravam (dramatizar a cena). Estavam tão animadas e distraídas que, quando perceberam, já estavam em alto mar. De repente, começou a entrar água no barco (dramatizar a cena). Lentamente o barco começou a afundar. Então as pessoas se deram conta de que havia somente sete boias no barco (distribuir para cada grupo sete fitas de TNT). Sendo assim, o grupo precisava escolher alguém que ficaria sem a boia, pois não era possível que duas pessoas usassem a mesma boia.”

Tarefa do grupo: Conforme os personagens da história, o grupo precisa decidir quem ficará sem a boia, e não pode ser uma pessoa voluntária. Precisa haver uma justificativa de por que aquela pessoa ficará sem a boia.

Observação: Visando à participação de todas as pessoas, você pode formar grupos com um número menor ou maior de integrantes. A lógica é que você tenha sempre uma fita a menos do que o número de participantes do grupo.

Reflexão: Convide todas as pessoas que ficaram sem a boia para virem à frente e contarem o que aconteceu em seus grupos. Você pode perguntar:

• Quais foram os critérios (valores atribuídos) para a exclusão?

• Existiu algum tipo de liderança/ influência de uma pessoa ou todas as pessoas opinaram?

• Alguém do grupo foi contra os critérios?

• Quais foram os sentimentos das pessoas do seu grupo?

Formação do novo grupo: Após falarem, as pessoas que ficaram sem boia formam um novo grupo. Cada grupo recebe, então, as seguintes perguntas para a reflexão:

• Olhando para a nossa realidade: existe exclusão em nossa sociedade? Como isso acontece e por quê?

• Como podemos ser pessoas mais solidárias e que buscam vivenciar no dia a dia uma prática inclusiva?

• Na história que vivenciamos, o barco representa a nossa vida e as boias representam as pessoas, grupos ou coisas que dão segurança à nossa vida. Quais são as “boias” da sua vida?

• O grupo gostaria de mudar o final da história do “Barco em alto mar”? Como seria este final?

Partilha: Cada grupo comenta as suas reflexões. Após a partilha, motive os grupos a irem até aquela pessoa que foi excluída e dar-lhe um “abraço em grupo”. Após esse abraço, convide cada grupo a dramatizar outro final para a história.

Oração: DEUS da Vida que nos abraça com amor e carinho. Reunimo-nos aqui para vivenciarmos como teus filhos e filhas um abraço diferente. Um abraço que move montanhas, que derruba os muros do individualismo, que chama para a comunhão. Estamos entrelaçados em muitos abraços, muitos sonhos, alegria e fé. Pedimos, ó Deus, que estejas conosco em meio às tempestades e balanços da vida, nos apoiando, protegendo e guiando para o encontro com outras pessoas e com outros abraços. Pedimos que estejas conosco hoje e para todo o sempre. Amém.

Proposta de atividade complementar

Assim como Deus nos abraça como seus filhos e suas filhas, também nós podemos abraçar as outras pessoas. Podemos ser pessoas que incluem as que estão excluídas, abandonadas ou rejeitadas pela sociedade. Uma atividade legal seria o grupo realizar uma coleta de alimentos não perecíveis, produtos de higiene e limpeza ou outros tipos de materiais (como fraldas, leite, brinquedos, roupas) e os destinar a uma instituição de amparo social da cidade. Para isso, façam um levantamento de quais são essas entidades e quais são as suas necessidades e escolham uma para abraçar. Se for o caso, incluam outros grupos, a comunidade e quem mais vocês conseguirem; sempre cabe mais alguém nesse tipo de abraço. Há uma frase de uma canção que diz assim: “Um sorriso, um abraço, um aperto de mão tornarão mais feliz nosso irmão / nossa irmã”.

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