A voz do Senhor, nossa força e nossa paz Sl 29

Prédica no Salmo 29 autoria P. Me. Alexander Busch

03/08/2022


Estimados irmãos e irmãs em Cristo,

Não sei quantas pessoas entre nós verificaram a previsão do tempo. Temos previsão de chuva para amanhã, um bom alívio para a saúde de quem sofre com o tempo seco e uma boa notícia para a agricultura de nossa região, ansiosa em preparar a terra para o plantio. A previsão de chuva para a região é modesta, mas certamente é muita chuva, chuva abundante, chuva farta quando comparada à cidade de Jerusalém na região de Israel. Pois na terra onde originalmente o povo orava o Salmo 29 – a terra de Israel – as chuvas não são tão abundantes quanto em nossa região.

Ouçam esta informação, vocês sabem qual o mês mais chuvoso em Israel? É o mês de janeiro quando, em média, chove 6 dias por mês. Isso mesmo! No mês mais chuvoso, janeiro, a média de precipitações é 6 dias com chuva dentro do mês. Menciono esta informação porque ela nos ajuda a entender o salmo 29. Neste salmo, nesta oração, o povo se maravilha com a tempestade que rega a terra e dá nova forma à paisagem. A água faz brotar sementes, transformando a paisagem seca num campo verde.

O salmo compara a força da chuva, o som dos trovões, a ferocidade da tempestade com a voz do Senhor. O salmo convida o povo a povo a admirar a grandiosidade e majestade de Deus se revelando em meio a uma forte tempestade. A expressão “a voz do SENHOR” é justamente esta comparação. Interessante que o salmo até mesmo descreve o caminho tradicional de uma forte chuva de verão na terra de Israel. Geralmente a chuva se forma no Mar Mediterrâneo, onde existem ¬“muitas águas” (v. 3). Do mar a chuva atravessa primeiro a região do Líbano – um país poderoso que fica ao norte de Israel. E a chuva é tão intensa que os majestosos cedros do Líbano – uma árvore forte e firme – são despedaçadas pela força dos ventos e das águas (v. 5 e 6). A chuva continua seu caminho em direção ao Sul, gerando precipitações nos desertos próximos de Jerusalém. E como o terreno do deserto é cheio de fendas, a chuva faz tremer a terra gerando pequenos tremores no solo (v. 8).

Além desta descrição geográfica do caminho da tempestade, o salmo também usa a sua própria poesia para dar a impressão do som de trovões ecoando do alto céu. A expressão “voz do Senhor” aparece sete vezes no salmo, mas sempre em intervalos irregulares, assim como os trovões de uma tempestade. O trovão ecoa aqui, ecoa ali, ecoa aqui e ali, sem seguir um ritmo igual. O salmo 29 evoca uma tempestade com muitas águas e som de trovões abraçando a cidade de Jerusalém e seu entorno, saciando a sede da terra e gerando vida, fazendo brotar as sementes, molhando as raízes das plantas.

E assim como as muitas águas da chuva geram vida, assim é a voz do Senhor na vida de seu povo. A voz do Senhor, sua palavra, gera vida, cria a fé, alimenta a esperança, produz mudanças, edifica o caráter das pessoas, capacita as pessoas com poder e coragem para enfrentar medos e desafios, cura feridas, reconcilia e aproxima pessoas, consola na tristeza, derrota a tentação, limpa nossos pensamentos, motiva à gratidão. Mesmo que haja forças tão poderosas e majestosas quanto o Líbano e seus cedros, a voz do Senhor lhes é maior. Deus continua sendo Deus. Mesmo que haja muitos sons de trovões a nos assustar, Deus continua sendo Deus. Por isso, no templo de Deus, o salmo convida o povo a dizer “Glória” (v. 9).

Caminhado em direção ao final deste salmo, nos deparamos com o verso 11, “O Senhor dá força ao seu povo, o Senhor abençoa o seu povo com paz”. A ênfase do verso 11 está na palavra força. Um colega meu, professor de Hebraico, a língua do povo de Israel, explica que esta palavra “força” na língua hebraica tem a ver com fortaleza, abrigo, refúgio. Ou seja, a força do Senhor é a proteção, a firmeza, o vigor que Deus concede ao povo para enfrentar os dilúvios da vida. A força de Deus nos carrega em dias turbulentos de tempestade.

O verso 11 continua dizendo que o Senhor abençoa o seu povo com a sua paz. Paz no hebraico se diz “shalom”. Esta palavra shalom, traduzimos no português pela palavra ‘paz’, mas no hebraico ‘shalom’ tem um sentido muito mais amplo. Shalom significa, ao mesmo tempo, harmonia, integridade, prosperidade, bem-estar espiritual e físico. E shalom não se refere apenas ao indivíduo, mas também à comunidade, à sociedade maior da qual a pessoa faz parte. Shalom, portanto , inclui também uma dimensão de bem estar social, econômico e político. Ou, se assim podemos dizer, shalom é conviver bem, conviver bem na família e sociedade. Portanto, a voz do Senhor e sua benção de paz querem transformar a vida das pessoas, a realidade de nosso mundo.

Cabe aqui destacar Jesus Cristo, sinal maior da voz de Deus. Sua palavra quer se fazer presente nas nossas vidas e na vida desta comunidade para nos fortalecer, nos abençoar e nos ensina a viver em paz com Deus e com as pessoas ao nosso redor. Queira Deus abrir nossos ouvidos e corações para sempre de novo ouvir sua voz e acolher sua Palavra. Amém.
 


Autor(a): P. Me. Alexander Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações / Organismo: Capela Luterana
Testamento: Antigo / Livro: Salmos / Capitulo: 29
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 67694
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Assim, outros carregam o meu fardo, a força deles é a minha. A fé da minha Igreja socorre-me na perturbação. A oração alheia preocupa-se comigo.
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