A graça é de graça

31/10/2011

Foi o século de muitas invenções como a pólvora e a imprensa e da descoberta do Brasil. Mas também houve uma revolução no pensamento. O indivíduo ficou mais importante, surgiu o humanismo com os seus ideais educacionais. Mas a grande viravolta no pensamento religioso veio de Lutero quando ele foi chamado para ser professor na nova universidade de Wittenberg. Lecionava na faculdade e pregava nos cultos da igreja de Wittenberg. Aí ele entrou em crise. Como filho da sua época ele acreditava que Deus era um Deus juiz, que – julgando a pessoa pelas suas obras – a mandava seja para o céu seja para o inferno. Nesse cenário apocalíptico assustador também Lutero cresceu. E ele fez o que todo mundo fazia nesta época: ia às romarias, adorava relíquias, confessava os pecados, entrava em jejum, se castigava, ... Em cima disso ele entrou na ordem dos monges agostinianos e continuou a se humilhar - esfregando o chão no monastério e correndo para a confissão de pecados a cada hora. Mesmo assim ele não conseguia a felicidade e nem a salvação. Ficou cada vez mais desesperado. Acabou achando que Deus lhe tinha previsto para condenação, para o inferno.

No desespero ele correu para a Bíblia. E lá, lendo as cartas de Paulo, achou uma frase bem interessante: “Nós cremos em Cristo. Assim percebemos que a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer o que a lei manda.” (carta aos Romanos 3:28). Lendo outras passagens da Bíblia também, ele descobriu que não são as obras feitas para ganhar méritos diante de Deus que nos salvam. A salvação não se ganha. A salvação é nos dada de graça pela morte de Jesus Cristo. Na cruz ele nos perdoou todos os pecados e nos deu de presente a justiça dele. Somos justificados diante de Deus. Nós aceitamos essa dádiva pela fé, que para Lutero sempre significava confiança. A salvação não se ganha pelas obras. Essa descoberta foi - como ele diz - a “entrada no paraíso” – ele se sentiu muito feliz.

Sendo assim, Lutero sempre enfatizou que as obras são também importante num outro sentido: como frutas da justificação. Isto ele explica no seu livro sobre a liberdade cristã. Quem experimenta o amor de Deus no coração quer passar esse amor e essa gratidão para os outros. Nós não vivemos soltos no céu, mas na terra. Temos um corpo para cuidar e os próximos para nos importar. E é responsabilidade do cristão, que vive nesse mundo, seguir os dez mandamentos e ajudar os que têm necessidade.

Essa mensagem de Lutero para mim tem uma grande atualidade hoje. A sociedade brasileira é marcada por uma grande busca de salvação. Mas o que as igrejas oferecem é, de novo, uma salvação de condições, uma justificação pelas obras: Primeiro você tem que se arrepender, primeiro você tem que crer e não pode ter dúvidas, primeiro você tem que trabalhar na igreja, celebrar a missa, primeiro você tem que dar todo o seu dinheiro – e só depois você vai ser salvo , curado, ajudado ... A nossa fé é diferente, oferece uma proposta que se destaca: Nós ganhamos a salvação sem condições. E felizes e gratos para isto vamos para esse mundo ...

Nesse sentido - uma boa Festa da Reforma!

Pa. Christine Drini, Pastora da EKD na Paróquia Martin Luther, Rio de Janeiro - Centro
 


Autor(a): Christine Drini
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Organismo: Capela Luterana
Natureza do Domingo: Dia da Reforma

Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 10321
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