O texto de Gênesis, como tantos outros, expressa o desejo de Deus com sua criação: harmonia, paz e convivência fraterna. A figura do jardim do Éden, com toda a harmonia descrita na criação, quer ser o exemplo de construção de sociedade que precisamos buscar. Mesmo sendo uma alegoria, o jardim é o objetivo inicial e final do Criador para o mundo criado. Nós precisamos nos dar conta de que o relato da criação não é uma figura que tenha ficado no passado, como um ideal perdido na história de Deus com o mundo, mas é o símbolo da luta do ser humano por uma nova sociedade. Os profetas relembravam constantemente ao povo a figura do novo tempo, similar à criação, onde a harmonia seria o ponto final do mal e o reinicio do bem. O Senhor criou para nunca deixar de existir, embora durante um tempo a harmonia tenha sido posta de lado por nós, seres humanos, responsáveis por este jardim. Olhando para a história humana percebemos que a razão deste lapso do bem é exatamente colocar Deus de lado. Assim fazendo, colocamos o egoísmo, a ostentação, o luxo, os bens como referências para a sociedade e apoiamos uma sociedade discriminatória e marginalizadora. O povo de Deus, sua Igreja, perdeu a batalha principal para o mundo, para a sociedade. Ao invés de ser a referência para a construção da sociedade, assumiu as referência do mundo na construção da Igreja e do povo de Deus. Na verdade, a referência teria que ser a humildade e esta iria gerar uma sociedade segundo o ideal da criação.
É o que Jesus diz em Mateus 5. O novo tempo virá e a humildade será a referência para construí-lo. O objetivo de Deus com a criação não se apagou, mas está à frente a o Senhor não desistiu dele, embora nós o tenhamos posto de lado. Podemos retomar este caminho e colocar sinais de que somos solidários com o que Cristo nos trouxe: o propósito de novos céus e uma nova terra. Pensemos nisso.