Campanha Em comunhão com as viDas das mulheres


História de vida de Arlete Maiberg

17/04/2017

 

Nome: Arlete Maiberg

Participação na IECLB: Desde o Batismo

Comunidade: São Lucas – Porto Mendes – Marechal Cândido Rondon - PR

Sínodo: Rio Paraná

Meu nome é Arlete Maiberg, filha de Arno e Gerda Lindner (em memória). Nasci dia vinte nove de junho de mil novecentos e cinquenta e oito, em Presidente Getulio, Santa Catarina. Aos quatro anos de idade, juntamente com meus pais e meu irmão viemos fixar residência em Porto Mendes, na linha Cunhaporã, município de Marechal C. Rondon. Desde o meu nascimento faço parte da IECLB da qual me orgulho muito. 

A nossa vinda ao Paraná foi na época do desmatamento. Tempo difícil, inicio de uma nova etapa. Lembro-me muito bem da casinha de madeira no meio dos tocos da mata derrubada, era preciso muita fé pra superar todos os obstáculos. Realmente meus pais tiveram muitas dificuldades. No lugar onde morávamos, todo o mês chegavam novos moradores, vindos de Santa Catarina. Eram de origem alemã e italiana, havia uma união muito bonita entre as pessoas. Quando um caminhão chegava com a mudança, soltava-se um foguete para avisar as pessoas, que iam todas ao encontro, para ajudar. Assim fui crescendo rodeada de muitas coisas boas. Os dias mais felizes eram os dias em que meu pai colocava os cavalos na carroça para irmos ao culto. Dificilmente faltávamos. Frequentei o culto infantil e para a doutrina eu ia de bicicleta, andava sete quilômetros, mas adorava ir. Minha paixão por ser luterana não é de hoje, vem de berço. Eu teria muitas outras coisas pra relatar da minha infância, mas vamos adiante. 

Estudei até o quarto ano, pois sou da época onde as meninas aprendiam a costurar e ser uma boa dona de casa e os meninos a estudar. Posso dizer que fui feliz na infância, adolescência e juventude. Casei-me em vinte um de Abril de mil novecentos e setenta e oito, com Ottomar Maiberg. Tivemos uma filha e um filho de nosso casamento, a Sandra e o Marcelo. Levamos uma vida normal, tentando fazer o melhor para que o filho e a filha crescessem com fé e felizes. E assim os anos foram passando.

Às vezes somos pegos de surpresa. Como se encontrássemos armadilhas na vida. Eu, uma mulher cheia de fé, lutando para que nossas vidas fossem perfeitas me encontrei no fundo do poço. Isso não pode ser... Mas foi isso mesmo. Deparei-me com um dos piores vícios que conheço - ALCOOLISMO. Sim meus queridos eu, uma mulher alcoólatra! Já imaginaram? Quando me dei conta que eu era dependente, eu já estava “super” viciada. Não dá pra descrever o tamanho do sofrimento que esta doença me causou e a todos que conviviam comigo. Até então, eu achava que bebia quem não prestava ou quem realmente queria. Mas hoje eu só quero pedir: não julguem e nem apontem com o dedo, pois alcoolismo é uma doença muito cruel. Não é de um dia pro outro que nos tornamos dependentes, mas no decorrer de vários anos. Precisamos ficar atentos ao modo como consumimos bebida. 

Então começou a minha luta de querer sair desse pesadelo e, no desespero de sair afundava cada dia mais. Lembro-me que conversava com Deus implorando pra me tirar dessa situação. Você consegue sair sozinha... não! Isso eu posso afirmar. Mas quando você assume o seu problema e aceita ajuda, aí sim, é possível. Deus coloca anjos em forma de pessoas no nosso caminho. E Ele colocou no meu caminho a Sra. Dagma van Den Bylaardt Lutz e a ministra Cler Regina Schoulten. Mesmo assim foi difícil. Eu não queria tratamento. Agarrei-me na fé em Deus e por fim, comecei até duvidar de sua existência. Muitas vezes o desafiei. Lembro-me de todas as palavras que dizia a Ele: “Deus, se realmente existe e se sou merecedora de alguma coisa, então me mostra uma saída. Ou então, me tira deste mundo pra eu não fazer mais ninguém sofrer. Mas me prova que você existe”! Sim, tive a audácia de desafiar Deus. E na virada de 2001 pra 2002 Ele me mostrou o Seu imenso poder e a minha fragilidade. Fui atropelada! Lá estava eu toda quebrada e com vergonha de Deus. Ele me provou que pode tudo e me deu uma nova chance! Eu achava que tinha muita fé. Daquele dia em diante entendi o quanto dependo de Deus, e o quanto Ele deve ter triplicado a minha fé. 

Todos os dias sou imensamente agradecida pela vida. Por causa do acidente, precisei fazer um tratamento que me ajudou a sair do pesadelo do Alcoolismo. Estou há 13 anos, 2 meses e 11 dias sem por uma gota de álcool na minha boca. Deus me salvou desse vício que machuca e destrói tantas famílias.

Um dia a ministra Nádia Cristiane Engler Becker me perguntou: o que te fez sair desta vida? Respondi que era sofrimento demais. Sim era muito sofrimento. Mas me deu um nó na garganta e não consegui falar a ela que o motivo principal motivo foi minha mãe que estava adoentada. Eu não queria que Deus a levasse sem ver a filha, que ela tanto amava, de “volta”. E obviamente pelos meus filhos amados, que não tem como descrever o amor que temos uns pelos outros.

Como não falar dos filhos, Deus foi tão generoso comigo. Eles tinham tudo pra estar num caminho tortuoso, no entanto, são duas pessoas maravilhosas. Sandra, hoje com 35 anos, me deu o melhor presente que uma avó pode sonhar: netas gêmeas, Lara e Alice de um ano e sete meses. Meu genro Diógenes é um ser humano maravilhoso. Meu filho Marcelo, com 33 anos, está no segundo ano fazendo Teologia, em S. Bento, S. C. Às vezes parece que não cabe tanta gratidão a Deus no meu coração. 

A partir da minha recuperação, minha vida de fé e participação na igreja ficou muito mais forte. O primeiro desafio foi assumir a presidência da minha querida comunidade São Lucas de Porto Mendes. Após, foram surgindo outros cargos na Comunidade, Paróquia e Sínodo. O desafio mais recente que assumi foi a Coordenação da OASE do Núcleo Girassol. Assim, encontrei uma forma de agradecer a Deus por tudo que Ele tem feito por mim. Sinto que Deus tem muito mais para mim e não quero desapontá-lo, muito menos duvidar do seu Amor por nós.

DIZEM QUE A FÉ MOVE MONTANHAS. Sim meus queridos! Quando temos Fé conseguimos sair dos piores buracos. Quando fecho meus olhos e me coloco em oração, sinto a mão de Deus segurando a minha e me protegendo e isto me fortalece cada dia mais e mais. Esta é um pouco da minha historia! Que Deus, na sua infinita bondade, abençoe a todos. AMÉM


(Relato de Arlete Maiberg, em 27 de outubro de 2015)


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