Quando olhamos para os primórdios da história da IECLB geralmente focamos nos dados objetivos e datas. Sabemos o ano e o mês que os primeiros migrantes chegaram ao Brasil, conhecemos as dificuldades econômicas e sociais que eles experimentaram, compreendemos os problemas gerados pela censura religiosa imposta pelo império as primeiras comunidades.
Mas o que a história conta em relação as emoções vivenciadas pelos migrantes em meio a tudo isso? O que sabemos sobre o medo, as alegrias, os sonhos, as utopias, a saudade, a indignação, a esperança que habitavam em nossas comunidades? Sobre isso as pesquisas em relação aos primórdios da imigração protestante no Brasil dizem muito pouco. É uma pena, pois elas são determinantes para que possamos compreender o sentido dos fatos históricos.
Um dos poucos relatos a respeito das emoções que estão presentes nos bastidores do surgimento das primeiras comunidades protestantes no Brasil foi trazido pelo historiador Hans Jürgen Prien. Em relação aos motivos emocionais para o surgimento das primeiras comunidades que mais tarde formariam a IECLB ele afirma: “A motivação dos colonos terá sido um anseio mais ou menos consciente. Psicologicamente, a ‘lembrança do domingo no povoado pátrio’ deve ter desempenhado ‘um papel importante’. ‘Há anseio pelo som do órgão e o dobrar dos sinos, por canto comunitário e pregação’” . O cantor Roberto Carlos, se fosse luterano, certamente diria: “São tantas emoções presentes em nossa história como IECLB”. Brincadeiras à parte, tais dados afirmam algo bastante importante: as emoções são fatores essenciais na construção da história e por isso não podem ser negligenciadas.
Da mesma forma, na atualidade, as comunidades só podem continuar cumprindo sua missão de ser sal e luz no mundo levando se atentando para os sentimentos e emoções de seus membros. A Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Novo Xingu observando o passado, com os pés no presente e com o olhar no horizonte dos próximos 200 anos trabalhou em seu Encontro Paroquial de Famílias a temática das emoções: “Eu e minhas emoções” foi o tema do evento.
Como lidar com esse turbilhão de sentimentos e emoções que nos habitam? O que fazer quando a ansiedade e a depressão batem a nossa porta? Como podemos nos cuidar e cuidar das pessoas? Essas foram algumas das perguntas que nortearam o evento. Enquanto as pessoas adultas refletiam sobre as emoções as crianças se reuniram para fazer acontecer o 1° Encontro Paroquial de Crianças, onde conheceram as emoções envolvidas na parábola do Filho Pródigo. Afinal, sem crianças não há presente e nem futuro.
Que Deus permita que vivamos os próximos 200 anos sendo uma Igreja que chora, que ri, que sonha, que se emociona, enfim, que viva intensamente o Evangelho de Jesus Cristo.
P. Dr. João Henrique Stumpf – Pastor da Paróquia de Novo Xingu.