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Participar da Festa de Deus - Lucas 14.16-24

Prédica proferida no Domingo Fraterno em Santos 9 de Junho de 2013

09/06/2013

Lucas 14,16-24:
16 Então Jesus lhe disse: - Certo homem convidou muita gente para uma festa que ia dar.
17 Quando chegou a hora, mandou o seu empregado dizer aos convidados: Venham, que tudo já está pronto!
18 - Mas eles, um por um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse ao empregado: Comprei um sítio e tenho de dar uma olhada nele. Peço que me desculpe.
19 - Outro disse: Comprei cinco juntas de bois e preciso ver se trabalham bem. Peço que me desculpe.
20 - E outro disse: Acabei de casar e por isso não posso ir.
21 - O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Ele ficou com muita raiva e disse: Vá depressa pelas ruas e pelos becos da cidade e traga os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
22 - Mais tarde o empregado disse: Patrão, já fiz o que o senhor mandou, mas ainda está sobrando lugar.
23 - Aí o patrão respondeu: Então vá pelas estradas e pelos caminhos e obrigue os que você encontrar ali a virem, a fim de que a minha casa fique cheia.
24 Pois eu afirmo a vocês que nenhum dos que foram convidados provará o meu jantar!
 
I. Falar da festa na festa:
Quando Jesus conta esta história ele não só fala de uma festa ele está numa festa. Ele foi convidado por um fariseu para a ceia do sábado: Um jantar festivo de grande significado. Mas não era o que estava acontecendo. Diz o texto bíblico mais a frente que eles estavam de olho nele. Não estavam aí para a festa, mas sim para pegar Jesus. Estamos em boa companhia então porque também estamos em festa aqui em neste domingo fraterno e estamos falando de festa a partir das palavras de Jesus. Num ponto acho que é diferente: Acredito que estamos mesmo aqui para celebrar e confraternizar. Ninguém está aqui com outras intenções.
 
II. Regras de festa:
Mas é nesta ótica da festa travada que Jesus conta a sua parábola. E ele a conta bem apimentada porque enxerga na postura dos fariseus um problema mais profundo que na visão dele os coloca em risco. É belíssimo como ele parte no meio da vivência daquele momento para chegar nas coisas de Deus e da vida!

Falemos do meio da vida: É verdade, quando nos envolvemos numa festa ficamos sensíveis. Toda festa tem algo do nosso sonho embutido. Sempre queremos ir além do nosso dia a dia cinzento. Quem organiza e convida para uma festa sempre expõe algo de si aos convidados. É de bom tom prestigiar o convite para uma festa. E acontece do mesmo jeito que convites e festas desandam.

Não esqueço daquele casamento na Igreja da Paz onde a noiva se negou a entrar na igreja quando percebeu que vários convidados não haviam aparecido. Lá estava a comunidade, o noivo coitado, o pastor etc, a nada da noiva aparecer. Numa certa altura percebi que ela estava lá fora, mas nada de começar. Fui chamado para conversar com ela e após muita lábia finalmente ela aceitou entrar na igreja. Já pensou como teria sido se ela não tivesse entrado?

Percebemos que festas têm algumas regras: Quando a festa é importante é feio não aceitar o convite, é preciso fazer a festa, cara feia na festa não presta. E o mais importante: a festa, uma vez planejada e organizada precisa acontecer. A pior festa é aquela que não aconteceu.

É esta ameaça de fracasso que ronda a festa onde Jesu está, e ronda a festa da qual ele fala na parábola e ronda a festa da vida para a qual Deus nos convida.

III. Festa da vida:
E é isto mesmo que Jesus quer nos dizer. Toda parábola quer nos ensinar algo sobre a vida com Deus. Chama atenção que Jesus não compara a vida a um emprego, uma empresa, ou até uma fábrica. Ele escolhe a metáfora da festa para dizer como é a ideia que Deus tem da vida. Mas é isto que experimentamos e vivemos? A vida não é muitas vezes um fardo, uma enorme tarefa e muito menos uma festa? É o que acontece com os convidados que não vão. Estão ocupados com os fardos e complicações. Não tem tempo para ir a festa de vida. Talvez pensam que lá na frente terão tempo para isto, mas que agora não há espaço para festa. Enfim têm que cuidar da vida. E Jesus não facilita: As razões que as pessoas dão são fortes: aquisições grandes e um casamento.

Mas é em meio destes afazeres que irrompe o convite para a festa. Há quem pensa que o dono da festa é intransigente ao não aceitar as desculpas dos convidados, mas pode ser que Jesus quer passar exatamente esta mensagens: Se esquecemos do convite de Deus para sua festa, todos nossos afazeres tão importantes podem ser em vão. A vida que não se vive como festa, não é vida. Há estas palavras duras no fim do texto. Não acho que Jesus está a fim de ameaçar. Ele só aponta para as consequências dos nossos atos. Perde a vida que esquece da vida de Deus. É uma ilusão achar que ignorando a festa pode-se viver numa boa.

Viver a festa da vida isto é por em primeiro lugar Deus e a sua vontade. É uma desafio ? é.... mas é a vida. Para mim o escopo da parábola está na reação do dono da festa. Que os convidados dão desculpas e não vão, isto não surpreende, acontece mesmo. Mas que o anfitrião não cancela a festa isto, isto surpreende. Talvez Jesus quer passar que Deus faz a festa da vida de todos os jeitos. Ninguém pode pará-lo. Há pessoas que postergam as coisas fundamentais da vida e da fé para um momento longe lá no futuro, após a aposentadoria. É uma estratégia arriscada porque não sabemos se chegamos até esta data e porque já perdemos boa parte da festa até lá. Será que é possível mesmo dar a virada assim de forma calculada? Deus chama hoje....

IV. E a igreja?
Quem é ativo na comunidade conhece isto bem demais: Chamar, convidar e ouvir desculpas, as vezes das mais esfarrapadas. Há colaboradores um pouco amargos com isto. Parece que a mínima coisa é suficiente para jogar tudo pro ar. Frustrante é as vezes o trabalho voluntário na comunidade.

É importante sublinha e que a igreja não é o reino de Deus e os colaboradores não são Deus. Mas ela é sim uma antecipação daquilo que há de vir. Espelho de Deus neste mundo. Engana-se a pessoa que acha poder viver a festa da vida no reino de Deus longe da sua igreja, sua comunidade. Não tem credibilidade ter um discurso religioso e rejeitar ao mesmo tempo a comunidade. Não há direito acumulado na comunidade. Alguém pode ter sido uma liderança a vida toda, isto não garante nada. É preciso aceitar o convite para a festa da vida todo dia novamente para poder viver a vida plenamente.

Ao mesmo tempo é bom saber que nos na igreja participamos da festa de Deus. Ninguém pode parar ele e com ele que estamos. Então não precisamos ter medo que a caminhada não há de parar.

Mas em tudo isto não dá para negar que a vida em comunidade muitas vezes é como aquela festa malsucedida na qual Jesus conta a parábola. As pessoas de olho uma nas outras, muito mais prontas para criticar do que para colaborar e ajudar. Precisa ter muita fé para trabalhar nesta nossa igreja.

Por fim fica esta interrogação: Quando é passeio o povo vai... Quando é domingo normal, só a metade... Será que nosso convite não chega, não comunica, não fala as pessoas? Porque quando tem algo com mais brilho como este dia de hoje, todo mundo via. Que nos ilumine para refletimos a alegria e a tranquilidade dos filhos e das filhas de Deus que o reino dele chegará com certeza, que já está entre nós e que é um privilégio participar tão perto desta festa da vida. Que Deus nos ajude!

Amém.

P. Guilherme Nordmann


Autor(a): P. Guilherme Nordmann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Vila Campo Grande - São Paulo-SP
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 14 / Versículo Inicial: 16 / Versículo Final: 24
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 22553

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